Em três diferentes edições dos Jogos Olímpicos, os brasileiros torceram e quase viram um atleta do país chegar ao pódio. A primeira grande esperança de medalha foi Daiane dos Santos, em Atenas 2004. Campeã mundial de solo um ano antes, a ginasta foi à final, mas acabou com a quinta colocação. Já em Pequim 2008 foi a vez de Diego Hypolito chegar como favorito após o bicampeonato mundial. Uma queda no último movimento, contudo, tirou as chances do atleta. Em Londres 2012, novamente Diego caiu e ficou de fora do pódio.
Apesar disso, os Jogos Olímpicos de Londres-2012 representaram um marco para a ginástica artística brasileira. Embalado por uma sequência de títulos nas argolas, o estreante nos Jogos Arthur Zanetti precisava controlar a ansiedade e superar o maior rival das últimas competições, o chinês Yibing Chen. Último a se apresentar na final, o paulista superou todas as expectativas. Cravou 15.900 pontos, ultrapassou o concorrente e faturou o ouro. Ali, Arthur Zanetti entrou para a história como o primeiro medalhista da ginástica do Brasil em todos os tempos nos Jogos, um feito ressaltado pela cor da medalha que o paulista conquistou.
Quatro anos depois, em casa, o Brasil fez história mais uma vez. O ouro de Zanetti virou prata na final das argolas, mas ele ganhou a companhia de Diego Hypolito e Arthur Nory no quadro de medalhas. Diego conquistou a medalha que havia deixado escapar em edições anteriores, ficando com a prata no solo. Na mesma prova, Arthur Nory foi bronze, protagonizando o primeiro pódio duplo do país na ginástica artística.
1 de 12 Rebeca Andrade fez duas boas apresentações e levou o ouro na final do salto 2 de 12 Com 6.000 pontos de dificuldade, 9.266 de execução e apenas 0,1 de desconto, primeiro salto de Rebeca foi o segundo melhor da final 3 de 12 Com dificuldade um pouco menor, segundo salto rendeu nota 15.000 para Rebeca, com média de 15.083 4 de 12 Rebeca foi a única atleta a conseguir nota acima de 15.000 nos dois saltos da final 5 de 12 Rebeca Andrade conclui apresentação na final do salto na ginástica artística 6 de 12 Aos 22 anos, ela passou por uma série de lesões antes de garantir sua classificação para Tóquio 7 de 12 Após dois saltos bem executados, Rebeca Andrade cumprimenta seu treinador 8 de 12 Rebeca se emociona após salto de atleta russa que encerrou competição e garantiu seu ouro 9 de 12
Depois de conquistar a prata na final individual geral, Rebeca fez história e levou o ouro no salto
Crédito: Natacha Pisarenko - 1.ago.2021/AP10 de 12
Salto da vitória: Rebeca pula de alegria com a confirmação de que venceu final individual em Tóquio
Crédito: Gregory Bull - 1.ago2021/AP11 de 12
Rebeca Andrade fez duas boas apresentações e levou o ouro na final do salto
Crédito: Natacha Pisarenko - 1.ago.2021/AP12 de 12
Além de Rebeca, pódio do salto teve atleta sul-coreana e norte-americana (D)
Crédito: Miriam Jeske - 1.ago.2021/COBRebeca Andrade conseguiu neste domingo (1º) a primeira medalha de ouro da história da ginástica artística feminina do Brasil. Ela venceu a disputa do salto das Olimpíadas 2020, com média de 15.083 em suas duas tentativas.
Medalha de prata na última quinta-feira (29) na prova do individual geral, Rebeca chegou à final do salto como uma das favoritas ao ouro após a desistência de Simone Biles, campeã no Rio. E ela confirmou as expectativas após assistir a um erro grave daquela que aparentava ser sua principal adversária na luta pelo ouro, a norte-americana Jade Carey.
Suas maiores rivais na decisão foram Mykayla Skinner, justamente a substituta de Biles, que ficou com a prata, e a sul-coreana Yeo Seo-jeong, medalha de bronze.
O ouro de Rebeca é a décima medalha conquistada pelo Brasil nos Jogos – há outras duas garantidas no boxe. Veja o quadro de medalhas.
Candidatas erram, e brasileira crava melhor média
Sem a presença de Biles, a prova ensaiou um duelo entre Rebeca e Carey, que conseguiram as melhores médias na classificatória entre as outras finalistas — 15.166 para a norte-americana e 15.100 para a brasileira na disputa do domingo passado (25).
Outra ginasta que figurava entre as candidatas ao pódio, Mykayla Skinner foi a primeira atleta a saltar na final. Ela tirou 15.033 e 14.800 nas duas tentativas, ficando com média de 14.916.
Terceira na lista de candidatas, Rebeca executou seu salto mais difícil, com nota de partida de 6.000, em sua primeira tentativa. A execução não foi perfeita – ela cometeu um erro na aterrissagem, pisando fora da linha, e perdeu um décimo em sua pontuação. Ainda assim, conseguiu cravar 15.166. No segundo salto, de dificuldade 5.800, a brasileira obteve a nota de 15.000 e ficou com a média de 15.083, ultrapassando Skinner.
-
1 de 21
Italo Ferreira conquistou o primeiro ouro do Brasil nas Olimpíadas 2020 na disputa do surfe. Veja os outros medalhistas do país
Crédito: Lisi Niesner/Reuters -
2 de 21
Rebeca Andrade fez duas boas apresentações e levou o ouro na final do salto
Crédito: Laurence Griffiths/Getty Images -
3 de 21
Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram a medalha de ouro na classe 49erFX da vela
Crédito: Carlos Barria/Reuters -
4 de 21
Ana Marcela Cunha conquistou o ouro para o Brasil na maratona aquática feminina
-
5 de 21
Isaquias Queiroz venceu a prova da canoagem C1 1.000 m
Crédito: Adam Pretty/Getty Images -
6 de 21
Hebert Conceição exibe orgulhoso a medalha de ouro conquistada no boxe
Crédito: Wander Roberto/COB -
7 de 21
Jogadores do Brasil comemoram conquista do ouro olímpico no futebol masculino
Crédito: Clive Mason/Getty Images -
8 de 21
Kelvin Hoefler conquistou a primeira medalha do Brasil nas Olimpíadas 2020, ganhando a prata no skate street
Crédito: Toby Melville/Reuters -
9 de 21
O skate brasileiro levou outra prata com Rayssa Leal, de apenas 13 anos, também na categoria street
Crédito: Wander Roberto/COB -
10 de 21
Pedro Barros conquistou mais uma prata para o skate brasileiro, desta vez na categoria park
Crédito: Gaspar Nóbrega/COB -
11 de 21
Rebeca Andrade também conquistou a prata na ginástica artística individual geral - a primeira medalha do Brasil na prova
Crédito: Laurence Griffiths/Getty Images -
12 de 21
Na categoria peso-leve do boxe feminino, brasileira Bia Ferreira acabou derrotada pela irlandesa Kellie Harrington e ficou com a medalha de prata
Crédito: Jonne Roriz/COB -
13 de 21
Brasil ficou com a medalha de prata no vôlei feminino, após a derrota para os Estados Unidos
Crédito: Gaspar Nóbrega/COB -
14 de 21
Daniel Cargnin comemora a medalha de bronze na categoria até 66kg, 1ª do judô brasileiro em Tóquio
Crédito: Gaspar Nóbrega/COB -
15 de 21
Mayra Aguiar, do judô, conquistou seu terceiro bronze em Olimpíadas ao ficar em terceiro na categoria até 78 kg
Crédito: Sergio Perez/Reuters -
16 de 21
Fernando Scheffer ganhou um bronze para a natação brasileira, na prova dos 200 m livre das Olimpíadas 2020
Crédito: CBDA/Divulgação -
17 de 21
Laura Pigossi (E) e Luisa Stefani durante cerimônia de premiação do tênis por duplas
Crédito: Wander Roberto/COB -
18 de 21
Nos 50 metros livre da natação masculina, brasileiro Brumo Fratus conseguiu a medalha de bronze
Crédito: Jonne Roriz/COB -
19 de 21
No pódio, Alison dos Santos mostra o bronze conquistado nos 400m com barreiras
Crédito: Gaspar Nóbrega/COB -
20 de 21
Abner Teixeira ficou com bronze nos peso-pesado (91kg) no boxe
Crédito: Jonne Roriz/COB -
21 de 21
Thiago Braz saltou 5,87m – sua melhor marca do ano – e garantiu medalha de bronze
Crédito: Júlio César Guimarães/COB
Próxima a saltar, Carey errou a sua primeira tentativa e obteve uma nota muito baixa (11.933). Fora da disputa por medalha, ela conseguiu 12.000 no segundo salto, com média de 12.416, e terminou a final na oitava e última posição.
Na sequência, Yeo Seo-jeong ameaçou tirar o ouro da brasileira ao cravar o melhor salto da final em sua primeira tentativa (15.333). Na segunda, no entanto, a execução não foi boa e rendeu uma nota de 14.133 para a sul-coreana. A média de 14.733 garantiu o bronze.
A quebra de marcas históricas
Na última quinta-feira (29), Rebeca havia se tornado a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística dos Jogos Olímpicos. Foi, também, o primeiro pódio de um atleta do país, entre homens e mulheres, na prova do individual geral, que premia o ginasta mais completo em quatro aparelhos.
O ouro deste domingo hoje derruba outras marcas da ginástica artística do país. Além de ser o primeiro título entre as mulheres, a vitória no salto também é inédita para o Brasil, que nunca havia subido ao pódio nesta prova.
Rebeca ainda se tornou a primeira brasileira da ginástica – e a primeira mulher, entre todas as modalidades – a ganhar mais de uma medalha em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos.
Agora, ela ainda tem chances de quebrar mais recordes na final do solo, onde se apresentará, novamente, ao som de “Baile de Favela”. A decisão está marcada para começar às 5h57 (de Brasília) desta segunda-feira (2).