Qual era o principal interesse do Reino da Prússia na unificação territorial?

No final do século XIX, a Europa assistiu à luta por unificação territorial de regiões fragmentadas politicamente, particularmente a Alemanha e a Itália. O Congresso de Viena, reacionário e conservador, procurou manter a descentralização política nessas regiões, visando a evitar o nascimento de novas potências capitalistas. Contudo, as ideias liberais, muito difundidas em 1848, geraram em italianos e alemães – especialmente nos habitantes de Piemonte-Sardenha e Prússia, regiões capitalistas prósperas – um sentimento nacionalista que não mais poderia mais ser solapado.

Em 1848, ocorreram nos Estados italianos e alemães, rebeliões de cunho nacionalista e unificador. Contudo, tais rebeliões não foram bem-sucedidas. A unificação de Itália e Alemanha só ocorreria anos mais tarde.

O significado mais profundo dos processos de unificação da Itália e da Alemanha foi, sem dúvida, o rompimento de obstáculos feudais, que impediam o desenvolvimento das forças capitalistas nessas regiões. O sucesso da luta nacionalista fez emergir, no final do século XIX e início do século XX, novas potências industriais-capitalistas. Entre elas, a que mais se destacou foi a Alemanha. A rápida ascensão da indústria alemã, que, em certos setores, superou a tradicional indústria inglesa, desequilibrou as relações econômicas internacionais, acirrando as tensões entre os países europeus e gerando atritos que levaram à Primeira Guerra Mundial.

A UNIFICAÇÃO ITALIANA

Em 1848, a Itália era um conjunto de Estados independentes – como ratificara o Congresso de Viena –, dominados por governos absolutistas, destacando-se o nítido predomínio austríaco, que controlava grande parte do território.

A Itália era dividida nos seguintes Estados: Reino das Duas Sícilias – monarquia absolutista controlada pela dinastia Bourbon; Reino da Lombardia e Veneza – dominado pela Coroa austríaca; Parma, Toscana e Módena – principiados governados por príncipes austríacos; os Estados Pontifícios – territórios que desde a Idade Média se encontravam sob o domínio da Santa Sé Romana; e o Reino de Piemonte-Sardenha – região próspera e detentora de uma burguesia capitalista ativa.

Alguns grupos dentro da Itália almejavam a unificação política. Eram eles:

  • os carbonários: sociedade secreta que reunia monarquistas e republicanos, mas que não possuía linha de ação definida;
  • os republicanos: liderados por Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, também conhecidos como os “camisas vermelhas”. Agregavam segmentos mais populares e propunham uma linha política mais democrática;


    Giuseppe Mazzini

  • os monarquistas (Risorgimento): liderados pelo conde Camillo Cavour, almejavam implantar na Itália unificada os ideais liberais franceses, instaurando uma monarquia parlamentar, liderada pelo rei de Piemonte-Sardenha, Vítor Emanuel II.


    Camillo di Cavour

A liderança no processo de unificação política coube ao reino de Piemonte-Sardenha, que apresentava uma economia centrada na indústria e uma burguesia progressista. Esta tinha interesse em promover uma integração do mercado consumidor interno, a fim de fortalecer ainda mais a produção industrial e, consequentemente, o seu poderio.

Em 1848, ocorreram revoltas de caráter nacionalista em várias regiões da Itália. Foram reprimidas. Entretanto, no Reino de Piemonte, instituiu-se uma monarquia constitucional, tendo Vítor Emanuel II como rei e o conde Cavour como primeiro-ministro. Cavour foi o artífice da unificação italiana.

Em 1858, o governo de Piemonte, percebendo que a centralização política dependia da expulsão dos austríacos da Itália, aliou-se a Napoleão III, imperador da França, que se comprometeu a apoiar Piemonte em caso de conflito com a Áustria. Selada a aliança, forças piemontesas enfrentaram a Áustria, em 1859. Algumas batalhas, como as de Magenta e Solferino, foram vencidas pelo exército franco-piemontês, mas os austríacos conseguiram impedir a vitória das forças unificadoras, especialmente após a França se retirar da guerra. A perda do apoio francês resultou no enfraquecimento de Piemonte, que teve de assinar um acordo de paz com a Áustria. O acordo determinava que a região da Lombardia passaria para o domínio piemontês, mas que Veneza permaneceria sob o jugo austríaco.

Durante a guerra, porém, Giuseppe Garibaldi havia incitado insurreições populares no sul da Itália. Estas resultaram na conquista dos ducados de Toscana, Parma e Módena e de boa parte dos territórios pertencentes ao papa. Nascia, assim, o Reino da Alta Itália.


Giuseppe Garibaldi

O projeto unificador de Garibaldi prosseguiu com sucesso: em 1860, nova onda de rebeliões populares derrubou o governo absolutista dos Bourbon nas Duas Sicílias, cujo território passou a pertencer ao Reino da Alta Itália.

Animados com, mas também temerosos das vitórias no centro e sul do país, os piemonteses decidiram assumir o controle da situação e conquistar o restante dos Estados Pontifícios. Assim surgiu o Reino da Itália.

A unificação, entretanto, não estava completa. Piemonte não havia incorporado a região de Veneza – ainda sob domínio austríaco – e a cidade de Roma –   sede da Igreja Católica e protegida pelas forças militares de Napoleão III, que foi de aliado da causa unificadora a antagonista.

A conclusão do processo de unificação italiana ocorreu após dois conflitos, que não envolveram diretamente a Itália, mas dos quais ela se beneficiou. O primeiro foi a guerra Austro-Prussiana (1866). O rei da Itália declarou seu apoio à Prússia na guerra contra a Áustria. Em pouco tempo, a Prússia venceu o conflito e, para enfraquecer a Áustria, obrigou-a a entregar à Itália a região de Veneza.

Em 1870, a guerra Franco-Prussiana também favoreceu a unificação da Itália. Durante o conflito, as tropas francesas que guarneciam Roma tiveram que se deslocar para a frente de combate, deixando o papa sem proteção contra as forças nacionalistas. Em 1871, Roma foi ocupada pelas forças unificadoras e proclamada capital da Itália, que se tornou, finalmente uma nação politicamente centralizada. Liderada pelo rei Vítor Emanuel II, adotou o regime monárquico constitucional,

A UNIFICAÇÃO ALEMÃ

Em 1815, o Congresso de Viena instituiu, para substituir a Confederação do Reno, a Confederação Germânica – um conjunto de 38 Estados independentes. O mais poderoso era a Áustria, absolutista e cuja economia era agrária. Mas a Áustria enfrentava o crescimento econômico da Prússia, cuja economia era comercial e industrial. A Prússia desejava unificar politicamente a Alemanha, objetivando integrar e fortalecer o mercado consumidor interno de gêneros manufaturados, o que a beneficiaria, econômica e politicamente. Para a Áustria, a união política significaria o inverso, isto é, o enfraquecimento de seu poder.

Um primeiro passo em direção à unificação foi dado em 1834, com a instituição do Zollverein – união aduaneira de estados alemães, que propiciou à Prússia um considerável desenvolvimento comercial e industrial. A Áustria, que não havia aderido ao Zollverein, ameaçou entrar em guerra com a Prússia.

A supremacia austríaca sobre a Confederação entrou em declínio quando Otto von Bismarck se tornou, em 1862, primeiro-ministro da Prússia. A Bismarck se deve atribuir o sucesso da luta unificadora alemã.


Oto von Bismarck

O novo primeiro-ministro prussiano investiu na reorganização e modernização do exército de seu país, constatando que somente a vitória militar poderia neutralizar a resistência austríaca à centralização política. Em pouco tempo, o exército da Prússia se tornou um dos mais poderosos da Europa.

A primeira oportunidade que Bismarck teve para testar seu poderio militar ocorreu em 1864, na Guerra dos Ducados, contra a Dinamarca. Esse país havia recebido, por decisão do Congresso de Viena, duas regiões de população majoritariamente alemã - Schleswig e Holstein - que a Prússia decidiu incorporar. Bismarck invadiu os ducados, obteve o apoio da Áustria, e, em pouco tempo, venceu a guerra.

A disputa pelos territórios dos ducados de Schleswig e Holstein, que Prússia e Áustria haviam conquistado da Dinamarca durante a Guerra dos Ducados, levou a um conflito militar em 1866: a Guerra Austro-Prussiana, também denominada Guerra das Sete Semanas. O conflito foi vencido com facilidade pelo bem preparado e equipado exército prussiano, que impôs uma derrota humilhante aos austríacos. Vale lembrar que, após o conflito, a Áustria teve de entregar o território de Veneza para a Itália.

Após esse conflito, nasceu a Confederação Germânica (Confederação da Alemanha do Norte) – conjunto de Estados que se uniram sob a liderança da Prússia. Foi o embrião do futuro Estado alemão.

Além de enfrentar a oposição austríaca à unificação, o desejo centralizador da Prússia esbarrava também na resistência de Napoleão III da França, que temia que a unificação política da Alemanha garantiria as condições necessárias para que esse país emergisse como potência europeia, rompendo o equilíbrio de poder no continente. Assim, vencer militarmente a França era condição essencial para a unificação alemã.

Bismarck, em uma demonstração de extrema habilidade diplomática, forjou uma situação que levou Napoleão III a declarar guerra contra a Prússia. Em 1869, o trono espanhol ficou vago, cabendo a coroa a um primo do kaiser Guilherme I, rei da Prússia. Napoleão vetou a indicação do nome de Leopoldo Hohenzollern para a sucessão espanhola, acusando a Prússia de estar tentando cercar a França. Para precipitar um conflito entre França e Prússia, Bismarck alterou o texto de um despacho de Guilherme I ao embaixador francês. Tomado como insulto à França, foi a causa imediata da declaração de guerra de Napoleão III.

A Prússia venceu facilmente o conflito, e tal como fizera com a Áustria, impôs à França uma derrota humilhante. Além de ter de pagar uma enorme indenização e entregar os ricos territórios da Alsácia e da Lorena aos alemães, os franceses foram obrigados a assistir à conclusão da unificação da Alemanha, com a coroação do kaiser Guilherme I, em seu próprio país. Guilherme foi coroado imperador da Alemanha na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, fundando assim o Segundo Reich Alemão.

As principais consequências da unificação política alemã foram o rompimento do equilíbrio europeu – a Alemanha se tornou uma potência econômica e política – e a emergência de um forte sentimento revanchista entre os franceses, devido à humilhante derrota na guerra Franco-Prussiana. Tal sentimento foi um dos elementos que, em 1914, fez eclodir a Primeira Guerra Mundial.

Qual o interesse da Prússia na unificação da Alemanha?

Por outro lado, a Prússia, outra integrante da confederação, almejava interromper a hegemonia da Áustria por meio da unificação definitiva dos territórios alemães. Para que isso fosse possível, o governo prussiano realizou inicialmente um amplo acordo de cooperação econômica entre os vários Estados Germânicos.

Quais eram os interesses do Reino da Prússia na unificação dos estados germânicos?

Os prussianos defendiam ainda que, nessa ação, deveria haver a exclusão de qualquer influência da Áustria. Economicamente, a Prússia já buscava garantir seus interesses em relação aos outros reinos germânicos por meio de uma união aduaneira, conhecida como Zollverein.

Qual foi o papel da Prússia?

O Reino da Prússia era um dos mais fortes estados da Confederação Alemã, e liderou o processo de unificação, sob o comando do chanceler Otto Von Bismarck. Ao unificar-se, o Império Alemão teve como imperador um integrante da casa real da Prússia, que se tornou a casa imperial da Alemanha.

O que foi a guerra das sete semanas quais os interesses da Prússia nesse conflito por que a Itália apoiou a Prússia contra a Áustria?

A Guerra Austro-Prussiana – também conhecida como Guerra das Sete Semanas – ocorreu em 1866 e opôs o fortalecido reino prussiano contra o império austríaco pela disputa dos territórios dos ducados de Schleswig e Hosltein, que ambos os países haviam conquistado da Dinamarca, em 1864, durante a Guerra dos Ducados.

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