Exibindo 3 resultados para a palavra sagrado
(sa.gra.do)
adj. (adjetivo)
- 1. Relativo às coisas divinas; santo, sacro.
- 1. Que
se sagrou ou foi consagrado.
- 2.
Que não se deve infringir
ou que não se pode
deixar de cumprir; inviolável, intocável.
Veja também o significado de outras palavras:
religioso
1. Que segue ou
professa uma religião.
+1 significado de religiososanto
1. Que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina.
+7 significados de santodivino
1. Próprio
de Deus.
+1 significado de divinodevoto
1. Que tem devoção; religioso, beato.
veja mais sobre devoto
+expressões de sagrado
Dicionário de Citações
Só há um templo no
mundo e é o corpo humano. Nada
é mais sagrado que esta
forma sublime. Inclinar-se diante
de um homem é fazer
homenagem a esta revelação na
carne. Toca-se o céu quando
se toca um corpo humano.
Novalis
Amemos, porque o amor é um
santo escudo.
Castro Alves
+citações de sagrado
Como ser escritor: 4 hábitos e rotinas para se tornar escritor
17 livros para escritores: comece um deles ainda hoje!
Como começar a escrever um livro: o planejamento
Significado de Sagrado
adj.
1. que se deve respeitar: um local sagrado
2. relativo a Deus ou � religi�o: um ritual sagrado
subst. m.
1. o sagrado e o profano
Defini��o de Sagrado
Classifica��o gramatical: adjectivo e nome masculino
Divis�o sil�bica de sagrado: sa·gra·do
Frases com a palavra
Sagrado
Quando eu era jovem, de manh� alegrava-me, / de noite chorava; hoje que sou mais velho, / come�o duvidoso o meu dia, mas / sagrado e sereno � o seu fim.
S� h� um templo no mundo e � o corpo humano. Nada � mais sagrado que esta forma sublime. Inclinar-se diante de um homem � fazer homenagem a esta revela��o na carne. Toca-se o c�u quando se toca um corpo humano.— Friedrich Novalis
Exemplos com a palavra
Sagrado
N�o deveria ser exagero dizer que, numa sociedade democr�tica, o princ�pio da presun��o de inoc�ncia � sagrado. Assim determinam os c�nones do direito e assim mandam as regras da �tica, al�m das normas deontol�gicas.Jornal de Not�cias, 04.04.2010
O defesa central brasileiro David Luiz, cobi�ado por v�rios clubes europeus, garantiu hoje que vai ficar no Benfica na pr�xima temporada, minutos depois de os ''encarnados'' se terem
sagrado campe�es nacionais de futebol.Futebol 365, 10.05.2010
De Dicion�rio de Po�tica e Pensamento
1
O
sagrado é o mistério que constitui e possibilita a manifestação da
realidade. O
sagrado é a energia que, iluminando, dá vida e sentido a
tudo. Iluminar é fazer vigorar a claridade e a
escuridão. O
sagrado, energia de sentido que é e
não é, vigora: tempo, memória, linguagem,
sentido, ser.
Sagrado é a energia da verdade e do
sentido. - Manuel Antônio de Castro
Ver também * Deus *
Religião * Mito * Divino
2
"O que é o
sagrado para
Hölderlin? É a palavra com que ele nomeia a natureza. Esta, contudo, não deve ser tomada como a
natura dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos
fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o mundo natural.
Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos –
phýsis –, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam" (1). "Obscuro" se emprega aí no
sentido do misterioso e velado. Manuel
Antônio de Castro Referência: (1) MICHELAZZO, José Carlos.
Do um como princípio ao dois como unidade. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.
Ver também: *Festa
3
"Quando os índios norte-americanos e certas tribos de esquimós mandam
mensagens convidando os outros para um festival religioso, os mensageiros carregam bastões com penas e estas conferem ao portador a qualidade
sacrossanta" (1). Referência: (1) FRANZ, Marie Louise von.
A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981, p. 78 (Cf. Idem, p. 88, quando fala dos motivos
religiosos dos tapetes).
4
"Em que consiste o
sagrado? Este, se formos à etimologia, mostrará uma outra realidade
diferente daquela apreendida pelo religioso. O sintoma maior desta outra realidade está na não separação, no âmbito do
sagrado, entre
mal e bem. O
sagrado diz do lugar de abertura da realidade, onde tal
separação e divisão não existe. O criminoso, por exemplo, que entrasse num templo, passava a fazer parte de um lugar onde não mais poderia ser perseguido nem punido. O âmbito do
sagrado não comporta as
dicotomias metafísicas" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ---.
Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 71.
5
"O
canto
sagrado não é outra coisa que a própria divindade se manifestando na música das
palavras" (1). Referência: (1) BRAGA, Diego. "A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade". In: Revista
Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 57.
6
"Todos sabem que do
mar se originou a vida porque é no mar que o
sagrado faz vigorar a sua
presença constante. A água não nos liberta de nossos limites porque representa algo
externo a ela, que ela simboliza. Não. A água não simboliza. Ela liberta, purificando porque é água do
mar, é energia irradiante. Purificar diz iluminar. O
sagrado é a
energia que dá vida iluminando. Iluminar é fazer
vigorar o claro e escuro. O
sagrado
não é, vigora: tempo, memória, mar,
linguagem, sentido, ser " (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d'água e o mar". In: ---.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 2011, p. 252.
7
"Deuses não são entidades, mas as diferentes modalidades manifestativas do vigorar do
sagrado.
Deuses são forças misteriosas que constituem a realidade e o ser humano em sua
realidade. Por isso, todas as culturas sempre tiveram deuses" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser
humano". In: ---.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, 222.
8
No poético, as línguas são o rito da
Linguagem. O mito narrado não é o mito, mas o rito e a
língua da Linguagem. Por isso o poético, toda arte, tem
origem mítica. E tanto o mito como a arte radicam no
sagrado. Martin Heidegger afirma: "O
pensador diz o ser, o poeta nomeia o
sagrado" (1) (2). (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica? - Posfácio (1943)". In:
Heidegger - Os Pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1979, p. 51. (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
9
"Porque na narrativa da Escritura,
três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a
quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o
sagrado" (1). O
autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra. -
Manuel Antônio de Castro Referência: (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In:
Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28.
10
"O
Sagrado, o "intacto", escapa a qualquer definição conceitual, é mais incapturável que o próprio ser, é uma derrota para a lógica, paradoxal, ao mesmo tempo arquiantigo e sempre novo, próximo e inabordável, familiar e desorientador;
é o que permanece em si e o que atravessa tudo. Na medida em que o
Sagrado que a poesia celebra situa-se radicalmente fora de toda espécie de utilidade e de
relação instrumental, o
Sagrado tende a desaparecer nesta nossa época, dominada pela técnica" (1). Referência: (1) HAAR,
Michel. "A 'elaboração' da verdade". In: -----.
A obra de arte. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Difel, 2.000, p. 95.
11
O que é o
sagrado? Não podemos confundir o
sagrado com o religioso. Ele é mais. Ele é um
mistério. Ele é o próprio Ser-tão. O homem ocidental experienciou de sete modos diferentes o
sagrado: na
arte, no mito, no religioso, na poesia, no
místico, no pensamento, na metafísica. Essas seis facetas do
sagrado percorrem profundamente
Grande sertão: veredas, a
obra-prima do escritor e pensador João Guimarães
Rosa. - Manuel Antônio de Castro.
12
"O
sagrado não gira apenas nas
religiões: talvez, nelas já nem possa girar, uma vez tornado objeto dos sujeitos, fechado em um
sistema " (1). Referência: (1) FAGUNDES, Igor. "Globalização como poética e incorporação". Revista
Tempo Brasileiro - Globalização pensamento e arte. Rio de Janeiro: 201-202, abr-set., 2013, p. 30.
13
"A
dessacralização que domina hoje é devida a quê? Certamente muitos são os fatores. É no âmago dessa questão que a arte como
questão se faz presente. Pode-se falar em arte sem levar em consideração a questão do
sagrado? Difícil. Porém, ela se faz presente de um modo muito
simples e especial que se perdeu com o próprio distanciamento do
sagrado acontecido na dinâmica dessas transformações históricas. Transformações essas que dizem
respeito à própria dinâmica de o próprio
sagrado se destinar. Mas ele, por mais que esteja esquecido, nunca se distancia e torna ausente como tal. Pelo contrário, sem sua
presença, sem sua proximidade, tudo perderia o sentido e o próprio vigor de
realização do real. E ele é próximo, tão próximo que até para sermos o que somos só podemos ser sendo essa
proximidade. Porém, em tudo que fazemos temos a tendência, hoje e há muito tempo, de considerá-lo distante e inalcançável, como se ele fosse outro que não o vigor do que nos é próprio"
(1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In:
//travessiapoetica.blogspot.com.br/, postado em 23 de fevereiro de 2017.
14
"Palavra, canto, música, dança e, rodando, rodando, o jovem sem religião, cansado de
ciência, se atreve a chamar o desconhecido em cultivo, em culto, em cultura, de: poesia – o
milagre do imenso imediatamente em corpo, a saber-se quando ainda não, já não mais. Sem um lugar segundo, na
verdade primeiro, que o fundamente abstratamente, se toda localidade é que primeiramente por ele, pelo aberto, imenso, vazio – chamemos:
sagrado – se funda como possível pátria" (1). Referência: (1) FAGUNDES, Igor. "Globalização como poética e
incorporação". Revista
Tempo Brasileiro - Globalização pensamento e arte. Rio de Janeiro: 201-202, abr-set., 2013, p. 31.
15
"Para e no
sagrado é estranha e inadmissível a distinção de superior e inferior. E é então que ele se distancia cada vez mais, um distanciamento que consiste, em verdade, no seu esquecimento e
perda de sentido. O esquecimento do ser, do sentido do que somos, é o
esquecimento do
sagrado. Que é a arte hoje senão o testemunho pungente desse esquecimento? Assim se pensa. Mas não seria a
verdadeira arte o testemunho vigoroso da presença constante do
sagrado, pois não é a essência da arte o
sagrado? Quanta obra de arte vazia, tentando, inutilmente, preencher esse esquecimento pelo
jogo fútil e mirabolante das formas técnicas. Mas ainda serão essas obras obras de arte? Não
serão meros jogos formais que fazem a alegria e fortuna dos donos de galerias?" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In:
//travessiapoetica.blogspot.com.br/, postado em
23 de fevereiro de 2017.
16
" ... no Egito, todas as ações das forças que governam e atuam nos céus foram transferidas para a
terra... mas deve-se dizer que todo o Cosmos habita no [Egito] como em seu santuário" . Todas as ações, não importa quão mundanas, de alguma forma correspondiam a um
ato cósmico: a aragem, o plantio, a colheita, a fabricação da cerveja, o tamanho de um copo de cerveja, o formato de uma pirâmide, a construção de navios, os combates, os jogos - todas eram vistas como
símbolos terrenos das atividades divinas" (1). Referência: (1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ------.
Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 21.
17
"No Egito, o que hoje chamamos de religião, era tão amplamente reconhecido que nem mesmo necessitava de um nome. Para eles, não havia diferenças palpáveis entre o
sagrado e o
mundano. Todo o seu conhecimento, baseado na consciência cósmica, estava implantado em suas
práticas diárias, que se tornaram tradições" (1). Referência: (1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". -----.
Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São
Paulo: Madras Editora, 2003, p. 22.
18
Hoje as ciências cognitivas, antigas ciências do espírito, já se dão conta de que é essencial
trazer para a questão não só a vida do homem, mas também sua vida experienciada no cotidiano. Porém, do
cotidiano enquanto ordinário sempre falaram as artes, não para reproduzi-lo, mas para surpreendê-lo e apreendê-lo na dimensão do
extraordinário. Porque entre um e outro é que se dá o vigor do poético, o ditar do
sagrado enquanto
energia de sentido e linguagem que a tudo realiza. -
Manuel Antônio de Castro.
19
"Dioniso foi educado por Hermes, a
palavra-medida do sentido da vida e da
morte. Só há sabedoria onde houver medida. Hermes é o
mensageiro da medida não é a medida. Esta é o
vigorar do
sagrado, por isso Hermes é o mensageiro dos deuses, da
divindade, isto é, do
sagrado" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190.
20
Não há
clareira sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na medida em que se retira e se deixa ver,
perceber, manifestar, isto é, vir à luz, iluminar-se, na clareira. Eis a
verdade como aletheia: revelação, desvelamento,
manifestação do ser. Nisso consiste e acontece a sua verdade. Toda
revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o aparecer, o
manifestar-se do divino, do ser. Daí o caráter
sagrado da verdade em grego,
ou seja, aletheia. - Manuel Antônio de Castro.
21
- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um
Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e
olhar vigilante?" - "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas
as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a
santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os
poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto
pensar na santidade humana" (1). Referência: (1) Ingmar Bergman. No filme
A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo,
tio Jakob, personagem do filme
Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
22
Não há clareira sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na medida em que se retira e se deixa ver, perceber, manifestar, isto é, vir à luz,
iluminar-se, na clareira. Eis a verdade como aletheia: revelação,
desvelamento, manifestação do ser. Nisso consiste e acontece a sua
verdade. Toda revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o
aparecer, o manifestar-se do divino, do ser. Daí o caráter
sagrado da
verdade em grego, ou seja, aletheia. - Manuel Antônio de Castro.
23
"... o
sagrado é energia de sentido, sem a qual nada pode-se realizar" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do
sagrado". In: //travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017.
24
"A ação do entre
do interlúdio que destina o homem a ser livre pode e deve ser considerada divina, sagrada, como
sagrado
é o que não tem origem no homem, mas que a ele foi doado para que cuide: o existir" (1). Referência: (1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da
escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.).
O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.
25
"O que é o Ser para a experiência
grega, mítica, arcaica? O Ser se “manifesta como
numinoso e na qual [experiência grega arcaica] o universo não é senão um conjunto não-enumerável de teofanias” (Torrano, 1992: 74) (1).
Tudo sendo teofania numinosa é importante entender que tanto “‘faculdades mentais’” de
Zeus como os atributos constitutivos da natureza mesma de Zeus [...] são
Divindades com esfera de existência e de atribuições própria” (Torrano: 1992, 76). A experiência filosófica de Ser, sobretudo a partir de Platão e
Aristóteles, e mais tarde com o platonismo e aristotelismo, empobrece
a riqueza do pensamento mítico. "Na verdade, o pensamento mítico, servindo-se de
figuras não-conceituais, de imagens concretas e ideações plásticas, servindo-se de relatos e de fábulas (i.é, disto em que se constituem propriamente os
mythoi e os hieroi lógoi, os
“mitos” e os “relatos sagrados”), coloca em seus próprios termos [...] o problema da relação
entre a Alteridade e a Ipseidade. Zeus é ele-Mesmo e o
Outro; o Outro é tanto o Outro quanto é o Mesmo [...] A
Alteridade coincide com a Ipseidade tanto quanto dela difere: o Outro é o Mesmo (coincide com
o Mesmo) tanto quanto é – na referência ao Mesmo – o Outro (difere de si
Mesmo) (Torrano: 1992, 77)" (2) "(3). Referências: (1) TORRANO, Jaa.
O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996. (2) TORRANO, Jaa.
O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996.
26
Geralmente emprega-se a
palavra numinoso quando se quer nomear algo referente ao
sagrado.
Numinoso origina-se da palavra latina: Numen, numinis. Tem diversos significados. Exemplos:
ordem, vontade, permissão, vontade divina, onipotência
divina, divindade, estátua de uma
divindade, poder divino, inspiração divina,
oráculo, majestade (1). Num ditado famoso fica bem evidente o
poder da vontade divina: "Nihil sine Dei numine geritur: Nada se faz sem a
vontade divina". Vontade implica poder. Porém, não podemos confundir o poder
e a vontade das forças divinas com o poder e a vontade da
razão humana, da consciência humana. Essa
diferença é essencial para compreender todo o poder do
Destino e a impotência humana diante dele. Este jamais significa uma força cega e do acaso.
Acontece que o alcance do poder da vontade humana fundada na razão é
impotente para alcançar o âmbito do poder e da
vontade divinos. Na literatura, um exemplo clássico é o
personagem Édipo, da tragédia de Sófocles: Rei Édipo. Estas
observações são importantes para compreendermos o alcance e limites da psicanálise, sobretudo a freudiana, que se
fundamenta no poder da razão humana somente. Por isso
Jung, mais aberto ao mistério da alma humana ou
psique, criará o conceito de arquétipo. Diante disso tudo, só podemos afirmar o poder das
obras de arte e o seu mistério. Qualquer teoria racional que as queira
abarcar, classificando-as, se torna limitada e insuficiente. Por isso, é essencial se pensar uma Poética, no lugar de uma mera
Estética racional e conceitual, que se mova somente nas questões e não nos
conceitos racionais. - Manuel Antônio de Castro. Referência: (1) KOEHLER, Pe. H., S.J.
Dicionário Escolar Latino - Português. Porto Alegre, Editora Globo, 1957, p. 543.
27
"O Qi é o vigorar da vida omnipresente que, no seu fluxo, anima todos os
seres vivos e permeia o Universo, ligando todas as coisas como um
todo. Essa energia é apreendida universalmente e, evidente, recebe outros
nomes. Por exemplo, os índios Iroqueses americanos chamam-lhe Orenda; na Índia, Prana; nos países islâmicos, Baraka; o cristianismo, Espírito
Santo etc. Sem o fluxo de Qi não existiria vida no planeta" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In:
Desdobramentos
do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 22.
28
"A importância fundamental disto está em nos descobrirmos no futuro como a
vigência permanente do passado, que, por ser memória, não passa. Vigora.
É o vigorar do
sagrado. O culto da memória foi o núcleo central de
toda atividade em torno do
sagrado. E nesse núcleo a família, entendida como
genos, sempre congregou toda a casa. É nesse sentido que
a casa é a morada, pois nela se fazem presentes
todos os que constituem a família. Isso é o genos. Justamente por isso, a casa, a
morada, está ligada à linguagem, porque, enfim, a morada não são as quatro paredes, mas o vazio que
acolhe no vazio, delimitado pelas quatro paredes, a todos, na delimitação das quatro paredes e de quantos cômodos compõem cada casa. É nesse
sentido que nosso corpo é nossa casa, porque nela habita o que somos" (1). Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 249.
29
"Ser está ligado, sem dúvida nenhuma, ao poder do
sagrado, de onde provém o
ius. O
sagrado é a lei, que a sedes outorga ao juiz
proferir, aplicar, exercitar com poder de realização. Quem tinha o
poder de realizar pela palavra senão o
sagrado? Mostrando esse contraste, ainda hoje, quando o réu vai
receber a sentença ele se aproxima do juiz e fica em pé, mas o juiz fica sentado" (1).
Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In:------.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 52.
30
"Um ritual acaba quando o que o dirige se levanta e sai. O rei sempre exercia
publicamente seu poder sentado em uma cadeira / trono. É também sentado que o
áugure recebe os oráculos e os dita. Mas não é ele, áugure, que os dita, os doa, é o
sagrado que os manifesta na
figura do áugure. O ser humano se torna a habitação do
sagrado. É o caso do sacerdote católico e do pai de santo, a
título de exemplos" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In:---.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 52.
31
"No poético, as
línguas são o rito da Linguagem. O mito narrado não é o
mito, mas o rito e a língua da Linguagem. Por isso, o
poético, toda arte, tem origem mítica. E tanto o
mito como a arte radicam no
sagrado. Martin Heidegger afirma: “O pensador diz o
ser, o poeta nomeia o
sagrado” (1). Nomear o
sagrado eis o vigorar da
palavra cantada" (2). Referência: (1) HEIDEGGER, Martin. "Qu'est-ce que la metaphysique". In: Questions I. Paris: Gallimard, 1968, p. 83. (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---.
Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
32
"A emergência do homem e o âmbito de sua atuação e de seu lugar dentro do real – e o
enigma do seu destino – são as questões que perpassam todas as culturas em todos os
tempos e suas obras de arte. Note-se que a arte, na maioria das culturas, sempre esteve
ligada ao
sagrado e que seria, por isso mesmo, estranha aos respectivos contextos qualquer ligação com processos
econômico-comerciais. E do enigma que é o
sagrado lhe advêm todas as
grandes questões" (1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.).
Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 13.
33
"Aquém de todo
antropomorfismo e de todo antropocentrismo, aquém de todo
politeísmo e de todo monoteísmo, aquém de todo materialismo e de todo
ateísmo, o que se impõe e importa pensar hoje é a referência originária
do homem à divindade. É o sentido cairológico das diferentes
figuras históricas de que ela se cobriu tanto nas religiões da Natureza
como nas religiões do Espírito, tanto nas religiões da
Substância como nas religiões do Sujeito, tanto nas religiões do
Absoluto como nas religiões do Absurdo. E dentro desta
perspectiva é possível perguntar se a precipitação do Divino na
representação metafísica de um só Deus não afundou ainda mais o mundo no
esquecimento do Ser e do
Sagrado" (1). Referência: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.
Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216.
34
"A passagem que conduz do
Deus impessoal dos filósofos ao Deus pessoal do
cristianismo, esta passagem considerada à luz da verdade esquecida do
Sagrado é tão
ilusória como a passagem que leva do humanismo da substância ao
humanismo do sujeito. Heidegger lembra que a
categoria de pessoa não é menos carregada das potências metafísicas de
dessacralização e desumanização do que as categorias de
objeto e de coisa" (1). Referência: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.
Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.
35
"Tanto o
pensamento como a arte têm sua origem sempre no
sagrado. Este é o mais profundo dos
mistérios. A mais antiga manifestação do
sagrado que conhecemos são os
mitos como imagens-questões e as obras vivas dos ritos. Mas eles têm muitas
dimensões de manifestação, por isso, dos mitos originaram-se as
manifestações religiosas, poéticas e de pensamento"
(1). Referência: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.).
Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 35.
36
sua beleza é inegável mas o que
você tem de ancestral e
sagrado é ainda mais incrível (1) Referência: (1) KAUR, rupi.
meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 184.
37
"Segundo a tradição celta, as formas mais sagradas de
sabedoria provêm do reino dos ancestrais - o mundo dos mortos. Isso explica por que até o
Sol brilhante faz seu trajeto descendente, à noite, até o reino sombrio de Donn. O
Sol é a fonte de toda a vida, e seu movimento
entre o mundo dos vivos, durante o dia , e o
mundo dos mortos, durante a noite, determina o ritmo do tempo" (1).
Referência: (1) HOOD, Juliette.
O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 19.
38
Mistério vem do verbo
grego myestai e significa: o que se retrai no e como silêncio. Por isso, o
sagrado é a voz do
silêncio. - Manuel Antônio de Castro.
39
Outros nomes para
sagrado:
O Qi – na filosofia chinesa - é o vigorar da vida omnipresente que, no seu fluxo, anima todos os
seres vivos e permeia o Universo, ligando todas as coisas como um
todo. Essa energia é apreendida universalmente e, evidente, recebe outros nomes em outras povos e
culturas. Por exemplo, os índios Iroqueses americanos chamam-lhe Orenda; na Índia, Prana; nos países islâmicos, Baraka; o cristianismo, Espírito
Santo etc. - Manuel Antônio de Castro.
O que é o significado do sagrado?
1 Que recebeu a sagração; que se sagrou. 2 Relativo, inerente ou dedicado a Deus, a uma divindade, religião, culto ou rito; sacro, santo. 3 Teol Digno de veneração ou respeito religioso pela associação com Deus ou com as coisas divinas; divinizado.
Qual é a origem da palavra sagrado?
Sagrado deus A palavra "sagrado" provém do termo latino sacrum, que se referia aos deuses ou a alguma coisa em seu poder. Foi geralmente concebido especialmente, como referindo-se à área em torno de um templo.
Qual é a importância do sagrado?
O sagrado, como manifestação de força, de potência, está para ajudar a superar as dificuldades ou para quem tem medo, indicar o caminho que não se deve seguir. Tais manifestações religiosas podem se expressam nas relações individuais ou coletivas.
O que é sagrado e profano?
Sagrado é todo aquele espaço, objeto, símbolo, que tem um significado especial para uma pessoa ou grupo. Profano é tudo que não é sagrado, toda a vida comum do dia a dia, os fatos e atos da rotina.