Brasil col�nia, de 1500 a 1822
A mais antiga not�cia sobre a Educa��o F�sica em terras brasileiras data o ano de sua descoberta, 1500. Tal fato se deve ao relato de Pero Vaz de Caminha, que em uma de suas cartas, que relatam ind�genas dan�ando, saltando, girando e se alegrando ao som de uma gaita tocada por um portugu�s (Ramos, 1982). Segundo Ramos (1982), esta foi certamente a primeira aula de gin�stica e recrea��o relatada no Brasil.
De modo geral, sabe-se que as atividades f�sicas realizadas pelos ind�genas no per�odo do Brasil col�nia, estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva. Tendo como caracter�sticas elementos de cunho natural (como brincadeiras, ca�a, pesca, nado e locomo��o), utilit�rio (como o aprimoramento das atividades de ca�a, agr�colas, etc.), guerreiras (prote��o de suas terras); recreativo e religioso (como as dan�as, agradecimentos aos deuses, festas, encena��es, etc.) (Gutierrez, 1972).
Posteriormente, ainda no per�odo colonial, criada na senzala, sobretudo no Rio de Janeiro e na Bahia, surge a capoeira, atividade r�spida, criativa e r�tmica que era praticada pelos escravos (Ramos, 1982). Desta forma, podemos destacar que no Brasil col�nia, as atividades f�sicas realizadas pelos ind�genas e escravos, representaram os primeiros elementos da Educa��o F�sica no Brasil.
Brasil imp�rio, de 1822 a 1889
O in�cio do desenvolvimento cultural da Educa��o F�sica no Brasil, apesar de n�o ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no per�odo do Brasil imp�rio. Pois foi nessa �poca que surgiram os primeiros tratados sobre a Educa��o F�sica.
Em 1823, Joaquim Ant�nio Serpa, elaborou o �Tratado de Educa��o F�sica e Moral dos Meninos�. Esse tratado postulava que a educa��o englobava a sa�de do corpo e a cultura do esp�rito, e considerava que os exerc�cios f�sicos deveriam ser divididos em duas categorias: 1) os que exercitavam o corpo; e 2) os que exercitavam a mem�ria (Gutierrez, 1972). Al�m disso, esse tratado entendia a educa��o moral como coadjuvante da Educa��o F�sica e vice-versa (Gutierrez, 1972).
O In�cio da Educa��o F�sica escolar no Brasil, inicialmente denominada Gin�stica, ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851(Ramos, 1982). No entanto, foi somente em 1882, que Rui Barbosa ao lan�ar o parecer sobre a �Reforma do Ensino Prim�rio, Secund�rio e Superior�, denota import�ncia � Gin�stica na forma��o do brasileiro (Ramos, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situa��o da Educa��o F�sica em pa�ses mais adiantados politicamente e defende a Gin�stica como elemento indispens�vel para forma��o integral da juventude (Ramos, 1982).
Em resumo, o projeto relatado por Rui Barbosa, buscava instituir uma sess�o essencial de Gin�stica em todas as escolas de ensino normal; estender a obrigatoriedade da Gin�stica para ambos os g�neros (masculino e feminino), uma vez que as meninas n�o tinham obrigatoriedade em faz�-la; inserir a Gin�stica nos programas escolares como mat�ria de estudo e em horas distintas ao recreio e depois da aula; al�m de buscar a equipara��o em categoria e autoridade dos professores de Gin�stica em rela��o aos professores de outras disciplinas (Darido e Rangel, 2005).
No entanto, a implementa��o da Gin�stica nas escolas, inicialmente ocorreu apenas em parte do Rio de Janeiro, capital da Rep�blica, e nas escolas militares (Darido e Rangel, 2005).
Brasil rep�blica, de 1890 a 1946
A Educa��o F�sica no Brasil rep�blica pode ser subdividida em duas fases: a primeira remete o per�odo de 1890 at� a Revolu��o de 1930 (que empossou o presidente Get�lio Vargas); e a segunda fase, configura o per�odo ap�s a Revolu��o de 1930 at� 1946.
Na primeira fase do Brasil rep�blica, a partir de 1920, outros estados da Federa��o, al�m do Rio de Janeiro, come�aram a realizar suas reformas educacionais e, come�aram a incluir a Gin�stica na escola (Betti, 1991). Al�m disso, ocorre a cria��o de diversas escolas de Educa��o F�sica, que tinham como objetivo principal a forma��o militar (Ramos, 1982). No entanto, � a partir da segunda fase do Brasil rep�blica, ap�s a cria��o do Minist�rio da Educa��o e Sa�de, que a Educa��o F�sica come�a a ganhar destaque perante aos objetivos do governo. Nessa �poca, a Educa��o F�sica � inserida na constitui��o brasileira e surgem leis que a tornam obrigat�ria no ensino secund�rio (Ramos, 1982).
Na inten��o de sistematizar a gin�stica dentro da escola brasileira, surgem os m�todos gin�sticos (g�mnicos). Oriundos das escolas sueca, alem� e francesa, esses m�todos conferiam � Educa��o F�sica uma perspectiva eug�nica, higienista e militarista, na qual o exerc�cio f�sico deveria ser utilizado para aquisi��o e manuten��o da higiene f�sica e moral (Higienismo), preparando os indiv�duos fisicamente para o combate militar (Militarismo) (Darido e Rangel, 2005).
O higienismo e o militarismo estavam orientados em princ�pios an�tomo-fisiol�gicos, buscando a cria��o de um homem obediente, submisso e acr�tico � realidade brasileira.
Brasil contempor�neo, de 1846 a 1980
No Per�odo que compreende o p�s 2� Guerra Mundial, at� meados da d�cada de 1960 (mais precisamente em 1964, in�cio do per�odo da Ditadura brasileira), a Educa��o F�sica nas escolas mantinham o car�ter g�mnico e calist�nico do Brasil rep�blica (Ramos, 1982).
Com a tomada do Poder Executivo brasileiro pelos militares, ocorreu um crescimento abrupto do sistema educacional, onde o governo planejou usar as escolas p�blicas e privadas como fonte de programa do regime militar (Darido e Rangel, 2005).
Naquela �poca o governo investia muito no esporte, buscando fazer da Educa��o F�sica um sustent�culo ideol�gico, a partir do �xito em competi��es esportivas de alto n�vel, eliminando assim cr�ticas internas e deixando transparecer um clima de prosperidade e desenvolvimento (Darido e Rangel, 2005). Fortalece-se ent�o a id�ia do esportivismo, no qual o rendimento, a vit�ria e a busca pelo mais h�bil e forte estavam cada vez mais presentes na Educa��o F�sica.
Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educa��o F�sica no per�odo contempor�neo, est� a obrigatoriedade da Educa��o F�sica/Esportes no ensino do 3� Grau, por meio do decreto lei no 705/69 (Brasil., 1969). Segundo Castellani Filho (1998), o decreto lei no 705/69 (Brasil., 1969), tinha como prop�sito pol�tico favorecer o regime militar, desmantelando as mobiliza��es e o movimento estudantil que era contr�rio ao regime militar, uma vez que as universidades representavam um dos principais p�los de resist�ncia a esse regime.
Desta forma, o esporte era utilizado como um elemento de distra��o � realidade pol�tica da �poca. Ademais, a Educa��o F�sica/Esportes no 3� Grau era considerada uma atividade destitu�da de conhecimentos e estava relacionada ao fazer pelo fazer, voltada a forma��o de m�o de obra apta para a produ��o (Darido e Rangel, 2005).
No entanto, o modelo esportivista, tamb�m chamado de mecanicista, tradicional e tecnicista, come�ou a ser criticado, principalmente a partir da d�cada de 1980. Entretanto, essa concep��o esportivista ainda est� presente na sociedade e na escola atual (Darido e Rangel, 2005).
Educa��o F�sica na atualidade, a partir de 1980
A Educa��o F�sica ao longo de sua hist�ria priorizou os conte�dos g�mnicos e esportivos, numa dimens�o quase exclusivamente procedimental, o saber fazer e n�o o saber sobre a cultura corporal ou como se deve ser (Darido e Rangel, 2005).
Durante a d�cada de 1980, a resist�ncia � concep��o biol�gica da Educa��o F�sica, foi criticada em rela��o ao predom�nio dos conte�dos esportivos (Darido e Rangel, 2005). Atualmente, coexistem na Educa��o f�sica, diversa concep��es, modelos, tend�ncias ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concep��es pedag�gicas pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; sa�de renovada; cr�ticas; e mais recentemente os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs) (Brasil., 1997).
A concep��o pedag�gica psicomotricidade, foi divulgada inicialmente em programas de escolas �especiais�, voltada para o atendimento de alunos com defici�ncia motora e intelectual (Darido e Rangel, 2005). � o primeiro movimento mais articulado que surgiu � partir da d�cada de 1970, em oposi��o aos modelos pedag�gicos anteriores. A concep��o psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor, extrapolando os limites biol�gicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o conhecimento de ordem psicol�gica. Para isso a crian�a deve ser constantemente estimulada a desenvolver sua lateralidade, consci�ncia corporal e a coordena��o motora (Darido e Rangel, 2005). No entanto, sua abordagem pedag�gica tende a valorizar o fazer pelo fazer, n�o evidenciando o porqu� de se fazer e como o fazer.
J� o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condi��es para que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experi�ncias de movimentos adequados �s diferentes faixas et�rias (Darido e Rangel, 2005). Neste modelo pedag�gico, cabe aos professores observarem sistematicamente o comportamento motor dos alunos, no sentido de verificar em que fase de desenvolvimento motor eles se encontram, localizando os erros e oferecendo informa��es relevantes para que os erros sejam superados.
A perspectiva pedag�gica sa�de renovada, diferentemente das citadas anteriores, tem por finalidade convicta e �s vezes �nica, de ressaltar os aspectos conceituais a cerca da import�ncia de se conhecer, adotar e seguir conceitos relacionados � aquisi��o de uma boa sa�de (Darido e Rangel, 2005).
Por outro lado, as abordagens pedag�gicas cr�ticas, sugerem que os conte�dos selecionados para as aulas de Educa��o F�sica devem propiciar a leitura da realidade do ponto de vista da classe trabalhadora (Darido e Rangel, 2005). Nessa vis�o a Educa��o F�sica � entendida como uma disciplina que trata do conhecimento denominado cultura corporal, que tem como temas, o jogo, a brincadeira, a gin�stica, a dan�a, o esporte, etc., e apresenta rela��es com os principais problemas sociais e pol�ticos vivenciados pelos alunos (Darido e Rangel, 2005).
Em 1996, com a reformula��o dos PCNs, � ressaltada a import�ncia da articula��o da Educa��o F�sica entre o aprender a fazer, o saber por que se est� fazendo e como relacionar-se nesse saber (Brasil., 1997). De forma geral, os PCNs trazem as diferentes dimens�es dos conte�dos e prop�e um relacionamento com grandes problemas da sociedade brasileira, sem no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidad�o na esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualiza��o dos conte�dos da Educa��o F�sica com a sociedade que estamos inseridos, devendo a Educa��o F�sica ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e atrav�s de temas transversais, favorecendo o desenvolvimento da �tica, cidadania e autonomia.
De forma geral, pode-se concluir que a Educa��o F�sica vem se desenvolvendo no Brasil � partir de importantes mudan�as pol�tico-sociais e que atualmente � vista como um elemento essencial para a forma��o do cidad�o Brasileiro.
Bibliografia
Betti, M. Educa��o F�sica e Sociedade. S�o Paulo: Movimento. 1991.
Brasil. Decreto-lei 705/ 69, de 25 de julho de 1969. Altera a reda��o do artigo 22 da Lei n� 4.024 de 20 de dezembro de 1961. D.O.U. de 28.7.1969, 1969.
Brasil. Par�metros curriculares nacionais : Educa��o f�sica Secretaria de Educa��o Fundamental. Bras�lia: MEC/SEF 1997..
Castellani Filho, L. Pol�tica educacional e educa��o f�sica. Campinas Autores Associados. 1998.
Darido, S. C. e Rangel, I. C. A. Educa��o f�sica na escola: implica��es para a pr�tica pedag�gica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2005.
Gutierrez, W. Hist�ria da Educa��o F�sica. 1972.
Ramos, J. J. Os exerc�cios f�sicos na hist�ria e na arte. S�o Paulo: Ibrasa. 1982.
Outros artigos em Portugu�s
Búsqueda personalizada |
EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 17 � N� 169 | Buenos Aires,Junio de 2012 |