Quais os desafios éticos que os profissionais da saúde enfrentam no processo da assistência à saúde das pessoas?

Introdu��o

    Todas as equipes de enfermagem da maternidade se submetem a prestar um servi�o de enfermagem em ambiente insalubre e sem condi��es de admitir nenhuma paciente, uma vez que a ess�ncia da enfermagem � o cuidar com excel�ncia e infelizmente a unidade n�o oferece recursos para os profissionais desenvolverem suas atividades (STEVENS apud SWAIN et al, 2006).

    Existe ainda muita car�ncia de recursos f�sicos e principalmente recursos humanos, resultando numa realidade triste, para as parturientes, que n�o tem leitos suficientes para a demanda, os que existem est�o sem condi��es dignas para receber esta gestante.

    Esta realidade aponta que a dificuldade dos profissionais de sa�de em lidar com problemas da esfera social e da subjetividade humana, sobretudo aqueles com forma��o estritamente baseada no modelo biom�dico (FAKIH et al, 2009).

    A Resolu��o do COFEN 358/2009, de outubro de 2009, vai ao encontro desse �ltimo entendimento, ao afirmar que a Sistematiza��o da Assist�ncia de Enfermagem organiza o trabalho profissional quanto ao m�todo, pessoal e instrumentos, tornando poss�vel a operacionaliza��o do Processo de Enfermagem, instrumento metodol�gico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documenta��o da pr�tica profissional (MINISTERIO DA SA�DE, 2009).

    Essa possibilidade tem contribu�do substancialmente para o enfrentamento da escassez de tempo relacionada ao volume de trabalho e ao n�mero insuficiente de profissionais na equipe de enfermagem, considerados importantes fatores de impedimento para a realiza��o do processo de enfermagem pelo enfermeiro (SARAGIOTO & TRAMONTINI, 2009).

    Estes diferentes processos definem o papel que deve ser desempenhado pela equipe de enfermagem, evidenciado na forma��o do profissional e no cotidiano de seu trabalho. Com bases nessas premissas, elementos constitutivos da realidade da atua��o do profissional de enfermagem na Maternidade Escola Santa M�nica. Formulou-se como quest�o norteadora dessa pesquisa a percep��o dos profissionais de enfermagem com rela��o aos desafios encontrados na profiss�o.

    Diante do exposto, o presente estudo objetivou descrever os desafios que os profissionais de enfermagem enfrentam na presta��o da assist�ncia hospitalar as gestantes e pu�rperas de uma maternidade p�blica de Macei�/AL.

M�todo

    Trata-se de um estudo descritivo, explorat�rio, com abordagem quantitativa, realizado em uma Maternidade Escola Santa M�nica, localizada na cidade de Macei�, no per�odo de novembro de 2011 a fevereiro de 2012.

    A popula��o de estudo foi constitu�da por 50 profissionais de enfermagem (enfermeiros e t�cnicos). O crit�rio de inclus�o, todos profissionais de enfermagem que trabalham com a rotina di�ria da maternidade.

    Os dados foram coletados a partir de um question�rio e visitas a maternidade respeitando-se os itens constantes na resolu��o n�. 466/12 sobre as diretrizes e normas regulamentadoras que norteiam a pesquisa com seres humanos, com as seguintes vari�veis (dados de identifica��o, n�vel socioecon�mico, n�vel de forma��o, tempo que exerce a profiss�o, os desafios encontrados na profiss�o e a assist�ncia prestada ao paciente). Tendo sido aprovado pelo Comit� de �tica em pesquisa da Faculdade Est�cio de Alagoas com protocolo n� 190612/109.

Resultados

    O estudo foi constitu�do de 50 profissionais de enfermagem com idade entre 23 a 66 anos, sendo 18 enfermeiros e 32 t�cnicos de enfermagem. Trabalham na institui��o por mais de 10 anos, 48% (24) dos entrevistados.Os entrevistados tr�s s�o homens e 47 s�o mulheres, sendo que 23 s�o solteiros e 27 casados, dos 50 entrevistados 58% (29) tem uma jornada de trabalho que ultrapassa 40 horas semanais e 42% (21) n�o ultrapassa �s 40 horas semanais.

    Com rela��o � distribui��o dos profissionais nos setores em que atua 14% (7) dos entrevistados trabalham no centro cir�rgico, 20% (10) na triagem, 16% (8) no setor de obstetr�cia e ginecologia, 12% (6) no alojamento canguru, 6% (3) no setor de urg�ncia da maternidade, 8% (4) dos entrevistados trabalham no banco de leite humano, 4% (2) trabalham nas enfermarias que ficam as parturientes, 8% (4) trabalham na central de material esterilizado, 2% (1) trabalham na UTI Neo, 2% (1) na UTI Materna, 8% (4) trabalham com as pu�rperas.

    Quando questionados sobre os desafios encontrados na maternidade os profissionais relataram que sal�rio � defasado (32%), desvaloriza��o profissional (8%), falta de materiais hospitalares adequados para a assist�ncia (8%), a estrutura f�sica prejudica a assist�ncia (22%), o relacionamento interpessoal (18%) e a falta da Educa��o permanente (12%).

Discuss�o

    A falta de envolvimento pessoal no trabalho ocorre e envolve sentimento de inadequa��o pessoal e profissional. O trabalhador se auto avalia de forma negativa. Isso prejudica a habilidade para a realiza��o do trabalho e o atendimento, o contato com as pessoas usu�rias do trabalho, bem como com a organiza��o (MUROFUSE et al, 2008).

    Cada dia exige mais capacidade t�cnico-cient�fica da equipe de enfermagem em um sistema din�mico-capitalista. A baixa remunera��o, a sobrecarga de trabalho, a falta de autonomia e reconhecimento contribuem ao surgimento de altera��es ps�quicas que levam muitos funcion�rios a um estado de exaust�o emocional, perda de interesse pelas pessoas que teriam que ajudar; e por fim baixo rendimento profissional e pessoal, com a cren�a de que o trabalho n�o vale a pena e, institucionalmente, n�o se podem mudar as coisas e que n�o h� possibilidade de melhorar pessoalmente (SANTOS & PENNA, 2009). No estudo este sentimento fica muito vis�vel, pois o profissional sente que esta sendo desvalorizado pela institui��o na qual o mesmo esta prestando um servi�o que at� seria de qualidade.

    O servi�o de enfermagem em um hospital � de extrema import�ncia, pois proporciona o cuidado, que � fator essencial para o desencadeamento dos trabalhos realizados junto aos pacientes no que diz respeito ao seu tratamento f�sico-mental. No entanto, apesar de sua extrema import�ncia, a equipe de enfermagem sofre com as condi��es de trabalho que lhes s�o ofertadas muitas vezes de forma prec�ria prejudicando assim o seu trabalho e desmotivando os profissionais da �rea (DIAS et al, 2009).

    Conforme foram referidos no estudo os profissionais de enfermagem alegam ainda que a estrutura f�sica, os insumos prec�rios e o relacionamento interpessoal como fator negativo para desenvolvimento da sua habilidade, compet�ncias, ou seja, seu trabalho. A pesquisa mostra tamb�m que os profissionais de enfermagem acreditam que a educa��o permanente � determinante para desenvolver e aprimorar habilidades.

    O profissional de enfermagem geralmente possui mais de um v�nculo empregat�cio. Isso prejudica o tempo destinado ao lazer e, como a maioria dos trabalhadores pertence ao g�nero feminino, � jornada de trabalho e cuidado dom�stico tamb�m deve ser considerada na an�lise da qualidade de vida desses profissionais (SILVA & MELO, 2006).

    Para Dias et.al (2009) algumas particularidades do trabalho da equipe de enfermagem levam � desmotiva��o em ambiente hospitalar: o tipo de trabalho (hor�rio de trabalho, ritmo de trabalho, conte�do do trabalho, controle do trabalho, uso de habilidades), rela��es interpessoais e grupais (tipos de rela��es, rela��es com superiores, rela��es com colegas, rela��es com os pacientes) o desenvolvimento da carreira (inseguran�a no trabalho).

    A carga de trabalho exaustiva � o estressor mais proeminente na atividade da enfermagem, al�m dos conflitos internos entre a equipe e a falta de motiva��o e apoio ao profissional, sendo a indefini��o do papel profissional um fator somat�rio aos estressores (BATISTA & BIANCHI, 2008).

    A falta leitos, equipamentos e materiais, dificultam o atendimento da � equipe de enfermagem nos casos realmente emergenciais. Consequentemente, essa situa��o agrava a exist�ncia de estressores ao profissional de sa�de, principalmente da equipe de enfermagem, pois prestam assist�ncia aos pacientes em condi��es criticas al�m de atender aqueles que poderiam ser assistidos nos n�veis ambulatoriais, postos de sa�de (HARBS et al, 2008).

    Com isso, percebe-se que a fun��o dos profissionais de enfermagem torna-se desmotivadora. A equipe de enfermagem possui muita responsabilidade no desenrolar de suas atividades di�rias. As condi��es de trabalho s�o muitas vezes deficientes, e, al�m disso, n�o possui autonomia e poder de decis�o compat�vel com as suas responsabilidades perante a organiza��o (DIAS et.al, 2009).

Considera��es finais

    Evidenciamos que a assist�ncia prestada pela equipe de enfermagem na maioria das vezes sofre interfer�ncia dos v�rios desafios enfrentados por estes profissionais.

    A demanda excessiva de pacientes, a falta de condi��es no ambiente de trabalho e a baixa remunera��o tem exposto a equipe de enfermagem a v�rias situa��es com os pacientes e isto tem resultado numa clientela insatisfeita com o atendimento.

    O estudo deu visibilidade a alguns desafios enfrentados no tocante � equipe de enfermagem, revelando � demanda excessiva de pacientes em que esses enfermeiros s�o expostos, bem como a sobrecarga, a sobreposi��o de tarefas e a falta de capacita��o como fatores que dificultam essa pr�tica. Aponta, tamb�m, que a avalia��o dessa pr�tica se d� na l�gica da produ��o quantitativa, e n�o da qualidade do trabalho, fato que promove a invisibilidade e a desvaloriza��o profissional.

    Acredita-se que a contribui��o deste estudo consiste, principalmente, em desvelar os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem, pois conhecendo esses desafios os gestores possam, com vista na constru��o de uma pol�tica de educa��o permanente visando � qualidade de vida desses profissionais, bem como a assist�ncia de qualidade, fortalecendo assim o profissional de forma que o mesmo possa se sentir cada vez mais valorizado e participante direto na assist�ncia melhorada do paciente.

Refer�ncias

  • BATISTA, KDM; BIANCHI, ERF. Estresse do enfermeiro em unidade de emerg�ncia. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Vol.14 n.4 Ribeir�o Preto. 2008. p. 31-35

  • MINIST�RIO DA SA�DE. Conselho Federal de Enfermagem. Resolu��o COFEN n� 358, de 15 de outubro de 2009. Disp�e sobre a Sistematiza��o da Assist�ncia de Enfermagem e a implementa��o do Processo de Enfermagem em ambientes, p�blicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e d� outras provid�ncias. Bras�lia, DF: COFEN; 2009; p.46-51.

  • DIAS, SMM; BOAS, AAV; DIAS, MRG; BARCELLOS, KCP. Fatores desmotivacionais ocasionados pelo estresse de enfermeiros em ambiente hospitalar. 2009. P. 45-17.

  • FAKIH, FT; FREITAS, GF; SECOLI, SR. Medica��o: aspectos �tico-legais no �mbito da enfermagem. Rev. bras. enferm. 2009; p.132-135.

  • HARBS, TC; RODRIGUES, ST; QUADROS, VADS. Boletim de Enfermagem. Estresse da equipe de enfermagem em centros de urg�ncia e emerg�ncia. Ano 2. Vol. 1. 2008. p. 12-17.

  • MUROFUSE, NT; ABRANCHES, SS; NAPOLE�O, AA. Reflex�es sobre estresse e Burnout e a rela��o com a enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem vol.13 n.2 Ribeir�o Preto. 2008. p.67.

  • SANTOS RV, PENNA CMM. A educa��o em sa�de como estrat�gia para o cuidado � gestante, pu�rpera e ao rec�m-nascido. Texto Contexto Enferm. 2009 out/dez; p.652- 60.

  • SILVA, JLLD; MELO, ECPD. Estresse e implica��es para o trabalhador de Enfermagem. Promo��o da sa�de. v.2,n.2.p.16-18. 2006.

  • STEVENS, CMT. Maternidade e literatura: desconstruindo mitos. In: SWAIN TN, MUNIZ DCG, organizadores. Mulheres em a��o: pr�ticas discursivas, pr�ticas pol�ticas. Florian�polis: Editora Mulheres/Belo Horizonte: PUC-Minas; 2006. p. 35-72.

  • SARAGIOTO, I; TRAMONTINI, C. Sistematiza��o da assist�ncia de enfermagem perioperat�ria: estrat�gias utilizadas por enfermeiros para sua aplica��o. Cienc Cuid Saude. 2009; p.366-71.

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Quais os desafios éticos que os profissionais da saúde enfrentam no processo da assistência à saúde das pessoas na atualidade?

Falta de respeito nas Relações Interpessoais; 3. Exercício ilegal de profissões; 4. Maus tratos a pacientes; 5. Assédio Moral; 6.

Quais são os desafios para aplicar a ética na saúde?

O desafio começa na formação acadêmica, que mostra a importância de uma abordagem com caráter humanizado. Os cargos de gestão em hospitais, clínicas e postos de saúde precisam estimular essa prática, de forma a incentivar a atuação holística dos profissionais.

Quais os principais desafios éticos do profissional de enfermagem?

Os tipos de problemas éticos enfrentados pelos enfermeiros podem variar de acordo com o ambiente de atuação onde se inserem. No ambiente hospitalar, há cenários dramáticos: são situações críticas da vida ou morte das pessoas, que recebem destaque na mídia, requerendo soluções imediatas.

Quais os desafios as dificuldades encontradas pelos profissionais da enfermagem?

Neste estudo, verificou-se que a maioria dos profissionais encontrou dificuldades, sendo as principais: insegurança, falta de prática, dificuldades na administração hospitalar e liderança.

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