Quais fatores explicam a grande diversidade climática no continente africano?

Clima é definido como a sucessão de diferentes tempos atmosféricos ao longo dos anos. O tempo necessário para determinar um tipo de clima é de, no mínimo, 30 anos estudando o comportamento dos tipos de tempo de determinada região.

Um conjunto de fatores climáticos vai definir um tipo de clima de determinado lugar. Ressalta-se que esses fatores não podem ser estudados isoladamente para a definição de um clima, mas sim de forma integrada. São eles:

Latitude: ela interfere na incidência de raios solares recebidos por determinada região. Latitudes próximas ao Equador recebem maiores quantidades de raios solares, incidindo sobre uma área maior da superfície terrestre. Consequentemente, as temperaturas médias desses lugares próximos ao Equador serão maiores; e, quanto mais afastado do Equador for o lugar, menores serão as temperaturas. A latitude é o fator responsável pela diferenciação das zonas climáticas: tropical, temperada e polar.

Altitude: quanto maior a altitude, mais rarefeito se torna o ar. Consequentemente, a temperatura tende a ser menor, pois nessas condições as moléculas de ar, em baixa concentração, não conseguem reter calor e umidade.

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Massas de ar: são grandes porções de ar da atmosfera que se estendem por milhares de quilômetros. Formam-se numa superfície homogênea, pela pressão atmosférica. Suas características – quente, fria, úmida, seca – dependerão das condições do ambiente em que se formaram e por onde farão sua trajetória. Existem seis tipos de massas de ar: oceânica (úmida), continental (seca), tropical e equatorial (quente), temperada e polar (frias). Não raro, muitas dessas massas se encontram durante seu deslocamento, havendo uma troca de calor e umidade entre elas.

Continentalidade e Maritimidade: correspondem à maior ou menor proximidade de grandes massas de água. Além de exercerem variação na umidade, interferem também na temperatura da região. Por exemplo, em lugares que sofrem influência da continentalidade (localizados no interior do continente, distantes dos oceanos) há uma variação maior da temperatura ao longo do dia, com altas taxas de amplitude térmica.

Correntes Marítimas: são porções de águas extensas que fazem um movimento de descolamento nos oceanos. São movimentadas pelas ações dos ventos e pelo movimento de rotação da Terra. As correntes marítimas têm o poder de interferir na temperatura atmosférica e no movimento das massas de ar.

Continentes

O continente africano possui cerca de 30 milhões de km2 distribuídos em 54 países. Algumas ilhas são de grande importância histórica como entrepostos comerciais ou áreas de colonização – Madeira, Canárias, Cabo Verde, São Tomé, Comores e Madagascar.

É um continente subdesenvolvido econômica e socialmente, apresentando grandes contrastes: por um lado, boa extensão territorial, uma boa diversidade climática e de paisagens naturais e uma grande riqueza mineral; por outro, forte instabilidade política, graves problemas sociais e acentuada dependência externa.

O continente limita-se ao norte com o Mar Mediterrâneo, apresentando a menor distância da Europa, via estreito de Gibraltar, entre Marrocos e Espanha; a nordeste com o Mar Vermelho, separando-se da Ásia pelo Canal de Suez (canal artificial no Egito); a leste com o Oceano Índico; a oeste com o Oceano Atlântico; ao sul pelo encontro dos oceanos Atlântico e Índico.

Climas do continente africano

A África é cortada pelos trópicos de Câncer (no norte) e de Capricórnio (no sul) e pelo Equador no centro do continente. Esta condição favorece uma forte simetria na distribuição climática nas porções do continente que se encontram nos hemisférios sul e norte.

A variedade de climas é influenciada pela interação dos fatores climáticos, em especial da latitude (daí a simetria na distribuição dos climas).

Climas da África

A localização de grande parte da África na zona intertropical explica o predomínio de climas quentes (tropicais) no continente.

As áreas de desertos litorâneos são explicadas pelas correntes frias de Benguela e das Canárias, assim como a elevada umidade e precipitação em outras áreas do litoral se justificam pelas correntes quentes da Guiné e das Agulhas.

Os climas superúmidos e quentes são encontrados na região central, em especial na porção ocidental. Já os climas mais frios são encontrados nas regiões mais elevadas no extremo norte (cadeia do Atlas) e nas áreas dos lagos tectônicos, enquanto o clima mediterrâneo é encontrado nas áreas extratropicais.

Percebe-se, portanto, que é incorreto associar a pobreza e o desenvolvimento da África ao clima desértico e à escassez de chuvas, já que grande parte do território não apresenta predomínio de climas secos.

  • Equatorial: Bastante úmido, com elevadas médias térmicas (25 ºC) e baixa amplitude térmica.
  • Tropical: Temperaturas elevadas o ano todo, com um período seco e outro chuvoso.
  • Semiárido: Quente o ano todo e baixa umidade e pluviosidade.
  • Árido ou desértico: Seco e elevada amplitude térmica diária.
  • Mediterrâneo: Seco, com chuvas na primavera.
  • Tropical de altitude: Temperaturas amenizadas pela altitude. Nas áreas equatoriais de elevadas altitudes a temperatura é baixa e pode ocorrer gelo nos picos das montanhas.

Esta diversidade climática em interação com a diversidade de solos e de relevo contribui para a diversidade das paisagens naturais e das formações vegetais, como mostra o mapa a seguir.

Vegetação do continente africano

Destacam-se na África as formações de savanaspor extensas áreas do continente, onde a agricultura e a pecuária têm contribuído para o desmatamento, as migrações de espécies e a extinção de muitas outras.

Nas áreas equatoriais ocorrem as florestas latifoliadas (destaque para a Floresta do Congo), que têm sido desmatadas para a exploração madeireira e para a prática agropecuária.

Nas áreas de estepes (climas semiáridos), o desmatamento tem contribuído para a expansão dos desertos, em especial no Saara, em cujo extremo sul ocorre a desertificação de uma extensa área na região denominada Sahel.

Nas áreas desérticas, a ocorrência de vegetação é bastante rarefeita e quando ocorre é na forma de xerófilas (plantas pouco desenvolvidas, com folhas em forma de espinhos, pequena estatura, retenção de água no interior e pequena diversidade). Destacam-se os desertos do Saara, Kalahari e Namíbia.

Nas áreas mais úmidas (vales, margens de rios ou espaços litorâneos) ocorrem os oásis, onde geralmente se praticam a agricultura e a pecuária de subsistência e ocorre a formação de pequenos aglomerados urbanos/populacionais.

Nas áreas de clima mediterrâneo tem-se a formação de maquis e garrigues, vegetação que vem sofrendo desmatamento para a instalação dos cultivos de oliveira, uva e frutas cítricas, bem como a criação de animais.

À esquerda temos a Savana e à direita temos um oásis no deserto do Saara.

Geologia e geomorfologia

O relevo e a geologia da África apresentam um grande predomínio de extensos planaltos antigos e desgastados por longos períodos erosivos. Muitas destas áreas são de formação do Pré-Cambriano e apresentam grande riqueza mineral.

As áreas mais elevadas ocorrem no extremo norte com a cadeia do Atlas (formação geológica recente: era Cenozoica, período Terciário) e as áreas dos lagos tectônicos na porção centro-oriental. Destacam-se também as planícies fluviais (em especial a do Rio Nilo) e litorâneas, onde ocorre a concentração de grande parcela da população africana. As principais formações montanhosas são:

  • Cadeia do Atlas: localizada no extremo norte (Marrocos, Argélia e Tunísia), voltada para o mar Mediterrâneo e formada a partir do movimento convergente das placas Africana e Euro­asiática;
  • Cadeia do Cabo: localizada ao longo da costa meridional, voltada para o Índico, na África do Sul;
  • Maciço da África Centro-Ocidental: estende-se da Guiné-Bissau até Camarões, acompanhando a costa voltada para o oceano Atlântico;
  • Maciço da África Centro-Oriental: localiza-se da Somália até a Tanzânia, paralelamente ao oceano Índico. De origem vulcânica, apresenta os pontos mais elevados do continente: montes Kilimanjaro (5.895 m), na Tanzânia, e Quênia (5.199 m), no Quênia.

O predomínio de relevos antigos e desgastados contribui para a ocorrência de terrenos planos ou pouco acidentados, que favorecem a prática agrícola e a da pecuária. Por outro lado, os terrenos Pré-cambrianos são ricos em minerais metálicos. Nas planícies, é intensa a atividade agrícola, e nas de formação antiga ocorrem petróleo (golfo da Guiné, Magreb e costa ocidental) e carvão mineral (África do Sul).

Africa: político.

Hidrografia da África

A África não é um continente rico em rios, mas também não pode ser considerada pobre. Apenas nas áreas desérticas a pobreza fluvial pode ser considerada e, mesmo assim, deve-se destacar a importância do Rio Nilo e dos rios temporários.

Além do Nilo, a maior porção do continente apresenta-se bem servida de rios intermitentes (permanentes) de grande extensão – Congo, Níger, Zambezi, Kazai, Shabeelle, Orange, Limpopo, que drenam territórios de vários países.

Os lagos também apresentam grande importância para a África, apesar de, assim como os rios, estarem desigualmente distribuídos pelo continente. Destacam-se os lagos tectônicos: Vitória, Tanganica e Niassa (Malauí).

O continente apresenta um extenso e pouco recortado litoral. A localização da África em frente de oceanos e mares lhe confere uma situação bastante privilegiada: é banhada pelo oceano Atlântico, que a liga com a América e a Europa; o oceano Índico, que a liga com a Oceania e parte da Ásia; o mar Vermelho, que a liga à Ásia (Oriente Médio); o mar Mediterrâneo, que a liga à Europa.

Deve-se destacar também a importância do Canal de Suez, que interliga os mares Vermelho e Mediterrâneo e é, portanto, uma importante infraestrutura de transporte marítimo que liga Ásia, Europa e África. O transporte através do canal tem grande importância histórica para o fluxo de petróleo golfo Pérsico-Europa, mas na atualidade enfrenta limitações quanto às dimensões, que são estreitas para os navios modernos supercargueiros.

Aprenda mais: Hidrografia da África.

População africana

Atualmente, a África apresenta uma população de aproximadamente 1,2 bilhões de habitantes. Os países mais populosos são Nigéria e Egito, as áreas mais populosas são as litorâneas e o vale do Nilo e Níger, enquanto as regiões litorâneas são extensas áreas de vazios demográficos.

A maior parte da população africana vive no campo (cerca de 70%), em razão da economia primária dependente da agricultura e da pecuária extensivas e de parte da população ainda viver do sistema produtivo de subsistência. A industrialização e a urbanização ainda são processos tímidos no continente e contribuem ainda para a manutenção da maioria da população no campo.

As maiores cidades ou aglomerações são Cairo e Alexandria (Egito), Luanda (Angola), Lagos (Nigéria), Casablanca (Marrocos), Argel (Argélia), Cidade do Cabo e Johannesburgo (África do Sul).

Apresentam graves problemas urbanos em razão do acelerado crescimento populacional nos últimos anos, formando uma periferia miserável, onde se concentram vários problemas: submoradias, ausência de saneamento básico, pequeno acesso aos transportes e à comunicação, forte degradação ambiental, ausência de serviços de educação e saúde, subnutrição e mortalidade infantil, entre outros.

Condições de vida

Os indicadores sociais são precários para a maioria da população e a precariedade das condições de vida é encontrada tanto no campo quanto nas cidades. O continente africano apresenta os piores indicadores dentre todos os continentes. A quantidade de famintos, subnutridos, analfabetos, desempregos e informais é superior à metade da população na maioria dos países.

Economia africana

O continente africano é o único que não apresenta um único país desenvolvido econômica e socialmente. O produto interno bruto do continente é inferior ao de vários países ricos e emergentes, correspondendo a pouco mais de 1% do total mundial.

A herança colonial, o modelo de colonização e o longo período de exploração contribuem em grande parte para esse quadro de subdesenvolvimento. A economia primária predomina em todos os países, exceto na África do Sul, único país africano industrializado.

A dependência de uma economia primária agropecuária e mineradora demonstra que o continente ainda não se libertou do colonialismo, mesmo após aproximadamente meio século de independência política.

A especialização econômica na produção e exportação de produtos do setor primário significa ao continente uma participação insignificante no comércio mundial, já que esses produtos apresentam baixo valor agregado, além de, em grande parte, terem seus preços determinados pelos países ricos e por suas multinacionais ou bolsas de valores.

Os países da África caracterizam-se como exportadores agro minerais, com exceção da Argélia, do Egito e da África do Sul, que possuem maior desenvolvimento industrial em razão de abastecer o mercado interno. Todos são, em contrapartida, importadores de produtos industrializados e alimentos.

Na agricultura, a dependência externa não é menor, em razão de a África não ter superado sua participação dependente nas Divisões Internacionais do Trabalho anteriores: especialização na produção e exportação de gêneros agrícolas para abastecer os países ricos, em especial a Europa.

A pecuária é pouco desenvolvida no continente em razão dos baixos investimentos e do predomínio da prática extensiva bastante dependente das condições naturais – em regiões de climas árido e semiárido a precariedade da produção é um entrave ao desenvolvimento.

No geral, as condições herdadas da história colonial e as atuais determinam problemas estruturais na economia e na sociedade africanas que dificultam o desenvolvimento: ausência de capitais internos e dificuldades de atrair capitais externos (guerras, conflitos, pequeno mercado consumidor), mão de obra pouco qualificada, pequena integração entre as economias nacionais africanas, precariedade da infraestrutura (transporte, comunicação, rede elétrica etc.).

Veja também:

  • Conflitos na África
  • Potencialidades do Continente Africano
  • Colonização da África
  • Descolonização da Ásia e da África

Assuntos relacionados:

Quais são os fatores responsáveis pela grande diversidade climática no continente?

Os principais fatores climáticos são: latitude, altitude, vegetação, relevo, massas de ar, continentalidade e maritimidade, correntes marinhas, albedo e urbanização. Latitude: a distância em relação a Linha do Equador interfere na incidência de raios solares recebidos por determinada região.

Que fatores explicam a grande variedade climática no continente americano?

Em virtude de sua elevada distância latitudinal, há uma grande variedade de climas, com a presença de pelo menos dez tipos climáticos, que vão desde o Polar, no extremo norte, ao semiárido no Nordeste do Brasil e na região fronteiriça do México com os Estados Unidos.

Quais são os fatores em que a diversidade climática na América influenciada?

A diversidade climática na América é influenciada por diferentes fatores, como latitude, altitude, relevo, massas de ar e correntes marítimas. Esses fatores exercem influência direta sobre os elementos climáticos: temperatura, precipitação e pressão atmosférica.

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