Quais as principais diferenças entre as teorias de Heráclito e Parmênides explique?

Devir ( Heráclito de Efeso) e Ser (Parmênides), são conceitos distintos e opostos que desafiam a síntese da verdade, pois para Heráclito o devir constante é a realidade, a harmonia que nasce dos opostos em equilíbrio, origina o Ser. Parmênides defende a idéia de que o Ser, é a única realidade,usando o princípio da não contradição, onde ele é imutável, imóvel, e fixo. Heráclito com seu pensamento lógico, chegou a conclusão que, do dinamismo do movimento, surge através da força dos contrários que é em si mesmo:
"transmudando repousa" ( frag.84). Para ele o universo está sempre em movimento, nada permanece, tudo muda, tudo flui. Com esta afirmação ele torna impossível o conhecimento, pois o objeto e sujeito deixam de existir, o ser não existe, mas vem a ser, quando encontra o seu contrário: "O contrário é convergente e do divergente nasce a mais bela harmonia, e tudo segundo a discórdia" (frag 8) Sua teoria,dos contrários, a primeira vista parece conflitante, mas são partes fundamentais de um contexto, e ele expressa isto magnificamente, quando afirma que "o bem e o mal são uma única coisa.
Com Heráclito,pela primeira vez a pesquisa filosófica alcança a clareza da sua natureza e de seus pressupostos, ele é verdadeiramente o filósofo da pesquisa.
Parmênides foi o primeiro a expor suas ideias em forma de poema, Da Natureza, a primeira parte " O caminho da Verdade",( alétheia) contém a lógica de sua doutrina, onde ele afirma" que é," pois o que não é, não pode nem mesmo ser imaginado ,pois não pode se imaginar o nada"(frag.8) E a segunda parte ele trata da doxa," uma vez que os sentidos, ao contrário, se detêm na aparência e pretendem testemunhar-nos o nascer, o perecer, o mudar das coisas, ou seja ao mesmo tempo o seu ser e o seu nãoser. - Na via da aparência é como se os homens tivessem duas cabeças," Para Parmenides é um caminho que o homem não deve seguir, pois não é o caminho da razão, é o caminho da opinião,caminho da ilusão.
Parmênides e Heráclito, foram grandes filósofos da era pré-socrática, e antagônicos em suas doutrinas, deixaram um grande legado para a humanidade. Parmênides classificava as qualidades em duplas, luz e escuridão, positiva e negativa, (ser e não ser) onde sempre a primeira era a negação da segunda. Ser e não ser, com esta teoria ele deu início ao pensamento metafísico. Para Heráclito, tudo estava em constante mudança,Parmênides ao contrário afirmava toda a imobilidade do Ser. 

Do movimento constante de Heráclito e das particulas imutáveis de Parmênides, Platão e os atomistas, desenvolvera uma sintese desses dois pontos de vista. Hegel iniciou sua a dialética a partir desses pensamentos.

Por: Neusa Maria da Silva - Professora de Filosofia

Biliografia: Abbaganano, Nicola. História da Filosófia Vol. 1, 2ª ed., São Paulo editora Presença Bertand,Russell. História do Pensamento Ocidental 5ª ed. Rio de Janeiro,Editora Ediouro Os Pré Socráticos: fragmentos , doxografia e comentários. 2ed. São Paulo:Abril Cultural,1978 - Coleção Os Pensadores

Detalhe da 'Escola de Atenas', de Rafael Sanzio, 1510

Os pensadores Heráclito e Parmênides, da Grécia Antiga, trazem uma das primeiras grandes contradições da filosofia, sobre como conhecemos os seres e o mundo. Heráclito entende a partir da mudança, do não-ser, da experiência sensível e transformação, enquanto que Parmênides defende a permanência, o ser, o teórico e a identidade, perspectivas distintas que ainda persistem em nosso tempo.

Heráclito viveu entre o século VI e V a.C., buscou compreender a multiplicidade das coisas do mundo sem rejeitar suas contradições aparentes, apreendendo a realidade em sua mutabilidade. Os seres e as coisas do mundo estão constantemente em transformação, o que temos num dado momento é diferente do que foi há pouco tempo atrás, e será diferente num momento seguinte.

"Nunca nos banhamos nos mesmos rios."
(Heráclito de Éfeso)

Segundo Heráclito, não há como nos banhar nos mesmos rios, as águas nunca serão as mesmas, pois o rio está em constante fluxo, e nós também não seremos os mesmos, pois estamos em permanente transformação. Nos mesmos rios correm outras águas, e em nós mesmos a mudança acontece continuamente, estamos sempre deixando de ser algo para nos tornar outro.

Entendendo o mundo e o ser em constante movimento e transformação, utilizou o elemento fogo para representar sua perspectiva que consiste no movimento contínuo e incessante, a agitação do devir. Para o filósofo, o ser é múltiplo, pois se constitui de diversas oposições internas, numa luta constante entre os opostos: entre a euforia e a melancolia, a alegria e a tristeza, a completude e a ausência.

Parmênides, contemporâneo à Heráclito, contrariou sua perspectiva. Segundo ele, o ser é imóvel, imutável e estático, inclusive era impensável imaginar que uma coisa pudesse ser e não ser ao mesmo tempo, como acontece na mudança e na transitoriedade da experiência da vida. Com isso, estabeleceu indícios do princípio de identidade e repetição, posteriormente utilizado na lógica.

Ele negou a existência do movimento que percebemos no mundo, onde as coisas aparecem e desaparecem, nascem e morrem, buscando o que havia de permanente nessa mudança. Segundo ele, esses movimentos acontecem apenas na experiência sensível de nossa percepção que é ilusória, os sentidos nos enganam e apenas o mundo inteligível é verdadeiro. O movimento não tem lógica, pois o ser é único, imutável, imóvel e infinito.

Entendia que o mundo percebido por nossos sentidos é composto de aparências falsas e opiniões enganosas contrariando, portanto, a concepção de ser e mundo mutável, defendendo uma noção de ser e mundo estável. Ele dizia "o ser é", no sentido de ser sempre idêntico a si mesmo, eterno, imutável, que pode ser concebido por meio do pensamento. Foi o primeiro a defender a ideia de que a aparência sensível das coisas não corresponde à verdade, contrapondo "ser" ao "não-ser".

"O ser é e não pode não-ser, o não-ser não é e não pode ser."
(Parmênides de Eléia)

Deste modo, se opõs à filosofia de Heráclito, que se dedicava ao devir e a constante transformação das coisas, como o dia que virava noite, o novo que envelhecia, ou o vivo que morria, enfatizando a multiplicidade do mundo e dos seres. Parmênides afirmou que a verdade exige a identidade, a imutabilidade e a unidade do ser, negando portanto a mudança e o "não-ser". Para ele, a verdade corresponde à estabilidade, ao invés da mudança e da contradição.

A filosofia, que havia iniciado com os os primeiros filósofos como uma cosmologia, buscando entender o mundo em seus aspectos físicos, passa a se dedicar à metafísica e à ontologia, onde as concepções de mudança, multiplicidade e contradição passam a ser entendidas como meras aparências falsas. Essa forma de pensamento será reforçada com Platão (428-347 a.C.) em sua teoria das ideias, que entende o mundo sensível como falso e perecível, e o mundo das ideias como o verdadeiro e eterno.

Essa tendência de desvalorizar o mundo sensível se fará presente mais intensamente nas filosofias posteriores, infuenciando a filosofia medieval e moderna. Na contemporaneidade ideias de mudança e transitoriedade sobre o ser e o mundo são retomadas por filósofos como Friedrich Nietzsche (1844-1900), Jean-Paul Sartre (1905-1980), Michel Foucault (1926-1984), entre outros, e tendências como o existenciaismo, a fenomenologia e as filosofias pós-modernas.

Por Bruno Carrasco.

Referências:

ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena.

Filosofando: introdução à filosofia

. São Paulo: Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena.

Convite à Filosofia

. São Paulo: Ática, 2002.

Quais as diferenças entre as teorias de Parmênides para as teorias de Heráclito?

A diferença entre os dois pensadores, contudo, era que para Parmênides o ser era "redondo", não mudava, era estável, enquanto que para Heráclito o ser era como um rio, sempre mudava, de modo que existir seria estar em constante mudança.

Quais as semelhanças e diferenças entre o pensamento de Heráclito e Parmênides?

Heráclito afirmava que tudo estava em constante mudança, mas que não ocorria transformações nas coisas, ou seja, elas não passavam a ser novas coisas por causa da mudança ocorrida. Parmênides dizia que se as coisas se transformam então elas deixam de ser o que são para poderem se tornar novas coisas.

Qual é a diferença entre as concepções de Heráclito e as de Parmênides em relação à questão do ser e do dever?

Para Parmênides, não há mudança e o movimento é apenas um erro de nossa percepção. Desse modo, ele conclui que não houve um momento de criação do Universo, mas sim que ele sempre existiu. “O ser é e não pode não ser”. Heráclito, por sua vez, optou por especular sobre um elemento em específico, o fogo.

Qual é a principal crítica de Parmênides em relação a Heráclito?

A crítica que Parmênides dirige a Heráclito é que o seu modelo filosófico é incapaz de conceber nas coisas o que elas tem de essencial, focando-se na superficialidade e na transitoriedade.

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