Porque os fármacos precisam se ligar as proteínas?

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

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Ao entrar em contato com o organismo, o fármaco irá promover alterações no sistema fisiológico, a fim de produzir seu efeito terapêutico. Para isto, este fármaco percorrerá determinados caminhos, conhecidos como mecanismos de ação, sendo específico para cada classe de medicamentos. Contudo, a ação farmacológica pode ser classificada em dois grandes grupos, quanto ao seu mecanismo de ação, sendo estes os mecanismos inespecíficos e os específicos.

Os fármacos com ação inespecífica, também conhecidos como estruturalmente inespecíficos, são aqueles cuja resposta farmacêutica independe da interação com alvos moleculares (receptores, proteínas carreadoras, enzimas). A ação dependerá, portanto, de suas propriedades físico-químicas, tais como a solubilidade, grau de ionização, poder de oxi-redução e tensão superficial. Por não apresentarem como requisito a relação entre a estrutura química e a atividade, essas drogas comumente necessitam de concentrações elevadas para a obtenção da resposta terapêutica. Um clássico exemplo de fármacos estruturalmente inespecíficos são os antiácidos, que atuam aumentando o pH estomacal através da reação de neutralização, sem interagir com um receptor específico.

Os fármacos com ação específica compreendem o mecanismo mais comum, abrangendo a maioria dos fármacos empregados. Também conhecidos como estruturalmente específicos, apresentam a ação ao se ligarem a moléculas alvo específicas. Desta forma, apresentam alto grau de seletividade, e a atividade dependerá da interação da estrutura química do fármaco com o sítio de ação específico. Tal característica faz com que fármacos de estrutura similar geralmente apresentem o mesmo efeito, além de possibilitar o uso de concentrações inferiores àquelas observadas ao uso de fármacos inespecíficos. De acordo com o sítio de ligação desses fármacos, podemos ter:

  • Atuação sobre enzimas: podem atuar ativando ou inibindo enzimas. Um exemplo desta ação é a interação de anticolinesterásicos com a enzima acetilcolinesterase (enzima que degrada a acetilcolina em colina + acetato), resultando em inativação reversível ou irreversível da enzima, e o consequente aumento da concentração da acetilcolina. Exemplos de fármacos que bloqueiam de forma reversível são a neostigmina e a piridostigmina, e os anticolinesterásicos irreversíveis são representados pelos organofosforados.
  • Interação com proteínas carregadoras: essas proteínas facilitam o transporte de substâncias através da membrana celular, sendo o alvo de diversos fármacos, que atuam competindo com essas substâncias pelo sítio de ligação. Os antidepressivos tricíclicos, por exemplo, atuam bloqueando a recaptação do neurotransmissor noradrenalina, promovendo o aumento de sua concentração da fenda sináptica e a consequente resposta terapêutica.
  • Interferência com os ácidos nucleicos: fármacos que afetam a função gênica, podendo atuar como inibidores da biossíntese dos ácidos nucleicos e inibidores da síntese proteica. Por não possuírem seletividade, atuando em células de parasitas e nas nossas células, apresentando alto grau de toxicidade. Atuam principalmente sobre as enzimas envolvidas na formação de nucleotídeos ou na formação de acido nucleicos. Alguns antibióticos como as tetraciclinas e o cloranfenicol atuam inibindo a síntese proteica nos ribossomos, ao dificultar a tradução da informação genética. Os agentes quimioterápicos, tidos como antineoplásicos, também atuam na síntese proteica, porém de uma forma mais abrangente.
  • Interação com receptores: podem atuar ativando ou bloqueando os receptores, que são macromoléculas funcionais onde o fármaco se liga. Fármacos que ativam os receptores são conhecidos por agonistas, e aqueles que atuam bloqueando o receptor, de forma a reduzir ou até anular a atividade do outro fármaco administrado simultaneamente, são conhecidos como antagonistas. A adrenalina é um exemplo, tendo sua ação antagonizada pela prazosina, que ao se ligar em receptores do tipo alfa-1, bloqueia a ação vasoconstritora da adrenalina, tendo seu efeito reduzido.

Referências bibliográficas:

Mecanismos Gerais de Ação dos Fármacos. Disponível em < //farmacologiauefs.wordpress.com/farmacodinamica/mecanismos-gerais-de-acao-dos-farmacos/>.

Fundamentos do mecanismo de ação de drogas. Disponível em <//www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/profissionais/artigos/fundamentos_drogas.htm>.

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Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/medicina/mecanismos-de-acao-dos-farmacos/

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Porque os fármacos se ligam a proteínas?

Ao alcançarem a circulação sanguínea, os fármacos podem se ligar em diferentes proporções às proteínas plasmáticas. Essa ligação é uma medida da afinidade do fármaco pelas proteínas do plasma, especialmente pela albumina e alfa-1-glicoproteína ácida.

Qual a vantagem de uma droga ligar se as proteínas plasmáticas?

A eficácia de uma droga é afetada pelo grau em que ela se liga a proteínas no plasma sanguíneo. Quanto menos ligante a droga for, mais eficientemente ela pode transpor as membranas celular ou se difundir. As proteínas em que as drogas mais se ligam são a albumina, lipoproteína, glicoproteína e globulinas α, ß‚ e γ.

Qual a importância das proteínas plasmáticas na distribuição de fármacos?

As proteínas plasmáticas podem alterar a distribuição do fármaco, pois pode limitar o acesso a locais de ação intracelular. A albumina é a proteína mais abundante do plasma, pois representa entre 35 a 50% de todas as proteínas encontradas. ...

O que é ligação protéica?

Ligação peptídica é o nome dado para a interação entre duas ou mais moléculas menores (monômeros) de aminoácidos, formando, dessa maneira, uma macromolécula denominada proteína.

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