Por que a Igreja Católica pode ser considerada a grande senhora feudal?

Durante quatrocentos anos, o Império Romano deu unidade e segurança à Europa e ao mundo mediterrâneo.  Com a queda de Roma, em 476, foi a Igreja Cristã que passou a dar unidade à Europa.
A Igreja foi a instituição mais poderosa da sociedade medieval do Ocidente. As magníficas catedrais construídas na Europa nos séculos XII e XIII são sinais impressionantes desse poder.
A direção da Igreja Católica pertencia ao papa e aos bispos. Cada bispo administrava um território denominado diocese.
As dioceses eram formadas por várias paróquias, e cada uma delas tinha um pároco para administrá-la.

A Igreja, portanto, estava organizada como um verdadeiro Estado, mais poderoso até do que os reinos medievais. Ela chegou a ser proprietária de mais de um terço das terras da Europa. Era a grande “senhora feudal”. Alguns mosteiros medievais eram enormes feudos, repletos de servos. Todos os bispos eram proprietários de terras.
Arcebispos, bispos e abades eram equivalentes dos duques, barões e condes e em geral viviam no luxo.
Nem todos os cristãos aceitavam que bispos e padres vivessem no luxo. Inspirados no exemplo e nos ensinamentos de Jesus Cristo, alguns fiéis, ao longo da Idade Média, retiraram-se para lugares desérticos, a fim de levar uma vida mais autenticamente cristã. Surgiram assim as ordens monásticas, fundadas por homens que dedicavam a vida à oração, ao estudo e por vezes ao trabalho manual.
Em 525, por exemplo, São Bento fundou na Itália o mosteiro de Monte Cassino e criou a Ordem Beneditina (de Benedictus, seu nome em latim). De acordo com as normas estabelecidas por São Bento, os monges deveriam viver na pobreza, estudar, trabalhar e obedecer ao abade, chefe do mosteiro.
No século XIII, apareceram os frades. Estes, ao invés de se trancarem em mosteiros, preferiam o trabalho beneficente, a pregação e o ensino.
Uma figura importante foi São Francisco de Assis (1182 – 1226), fundador da primeira ordem de frades – a ordem franciscana. Filho de um rico comerciante, Francisco renunciou a todos os seus bens para se dedicar aos pobres, doentes e desprotegidos. Amava os animais e as plantas, enfim, todas as criaturas da natureza.
Outra ordem religiosa importante foi a ordem dominicana, fundada por São Domingos, um nobre espanhol.
O papel dos monges, na Idade Média, se destacou no campo religioso (eles contribuíram para converter os povos germânicos ao cristianismo), no campo econômico (contribuíram para melhorar os métodos de produção agrícola) e no campo do conhecimento (contribuíram para a preservação do conhecimento antigo).

A Igreja Medieval (ou a Igreja na Idade Média) teve importante papel do século V ao XV.

A influência da religião era imensa não só no plano espiritual (poder religioso) como também no domínio material, ao se transformar na maior proprietária de terras, numa época em que essa era a principal fonte de riqueza e poder político.

Durante o período medieval a economia se ruralizou, com o feudalismo. A Igreja, antes concentrada nas cidades, foi obrigada a se deslocar para o campo, onde os bispos e abades se tornaram senhores feudais.

A Igreja se tornou a mais poderosa instituição feudal, foi acumulando bens móveis e imóveis por meio de doações feitas por ricos aristocratas que se convertiam e por alguns imperadores.

Igreja medieval de Siena, Itália

No mundo feudal, em que a sociedade se organizava numa base militar, e onde as maiores qualidades para as classes dirigentes eram as virtudes guerreiras uma das grandes funções da Igreja foi lutar para preservar a ordem e a paz.

Instituiu a Trégua de Deus, ou seja, a proibição de combater durante certos dias do mês e nas principais datas religiosas.

A Igreja medieval tinha também a função da administração da justiça em uma série de casos, onde tinha jurisdição e competência exclusiva. Julgava baseada no Direito Canônico, regulando assim inúmeras relações e instituições sociais segundo suas leis.

A fé, era a força dominante na vida do homem medieval, inspirava e determinava os mínimos atos da vida cotidiana.

Os padrões éticos eram exclusivamente cristãos, e o medo do castigo depois da morte é que regulava a conduta dos pecadores.

O inferno, com seus tormentos, agia sobre a imaginação medieval e seus medos impediam o homem de pecar.

Características da Igreja Medieval

No início a organização clerical era simples. Cada comunidade cristã possuía um bispo, eleito pelos fiéis, os padres, responsáveis pelo ensino da religião e pelas cerimônias, e os diáconos, responsáveis pela administração e assistência à população.

Na Idade Média os padres dirigiam as paróquias, que eram pequenos distritos. As várias paróquias formavam uma diocese, dirigida por um bispo.

Várias dioceses formavam uma arquidiocese, dirigida por um arcebispo. No topo da hierarquia estava o papa, chefe da Igreja, sucessor de São Pedro, fundador da Igreja católica.

A vida monástica (vida dos mosteiros) e as ordens religiosas começaram a surgir na Europa a partir de 529 (século VI), quando São Bento de Núrsia fundou um mosteiro no Monte Cassino, na Itália, e criou a Ordem dos Beneditinos, dando origem ao clero regular, ou seja, ao clero dos mosteiros, onde os monges levavam uma vida disciplinada pelo trabalho e obrigados a obedecer às regras (regula, em latim) da ordem a que pertenciam.

De acordo com as regras de São Bento, os monges beneditinos faziam voto de pobreza, obediência e castidade. Deviam trabalhar e orar algumas horas por dia e se ocupar com os pobres, os doentes e com o ensino.

Essas regras serviram de modelo para outras ordens religiosas surgidas na Idade Média, como a Ordem dos Franciscanos, criadas por São Francisco de Assis e a Ordem dos Dominicanos, criada por São Domingos de Gusmão.

A Igreja medieval tinha praticamente o controle do saber. O domínio da leitura e da escrita era exclusivo dos padres, bispos, abades e monges.

Nos mosteiros e abadias encontravam-se as únicas escolas e bibliotecas da época. Foram os principais responsáveis pela preservação da cultura greco-romana, com a restauração e conservação de textos antigos e se dedicavam a escrever livros religiosos em latim, a língua oficial da Igreja.

Em 756 (século VIII) a Igreja constituiu seu próprio Estado, no centro da península Itálica, quando Pepino, o Breve, rei dos francos, doou ao papado uma grande extensão de terra, passando para a administração direta da Igreja, sob o nome de Patrimônio de São Pedro, território que constituiu o embrião do atual Vaticano.

Saiba mais sobre o período da Idade Média.

As Heresias e a Inquisição

As heresias eram as seitas, facções ou orientações contrárias aos dogmas da Igreja. Em vários momentos da Idade Média, grupos de fiéis contestavam os dogmas, sendo taxados de hereges pelo clero.

Entre as diferentes heresias estavam a dos valdenses e a dos albigenses, ambas surgidas no século XII. Os valdenses pregavam que, para salvar a alma, o fiel não precisava de padres.

Os albigenses acreditavam em um Deus do bem, criador das almas, e um Deus do mal, que havia encerrado as almas no corpo humano para fazê-lo sofrer.

Com base nesses princípios eles estimulavam o suicídio e eram contra o casamento, para evitar a procriação.

A Igreja empreendeu verdadeira guerra contra os hereges. Ainda no século XIII ela criou a Inquisição, também chamada Tribunal do Santo Ofício, para investigar, julgar e condenar os hereges.

A Inquisição foi responsável pela morte de milhares de judeus, árabes e cristãos considerados hereges.

Veja também:

  • Cultura Medieval
  • Joana D'Arc
  • Catolicismo
  • Filosofia Medieval

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Porque a Igreja Católica pode ser considerada a grande senhora feudal?

A Igreja Católica se tornou a mais poderosa instituição feudal, pois era proprietária de vastas extensões de terra e envolvida na política medieval. Segundo o clero, cada membro da sociedade tinha uma função a cumprir em sua passagem pela terra.

O que era a grande senhora feudal?

A conversão da classe nobiliárquica deu margens para que os clérigos interferissem nas questões políticas. Muitas vezes um rei ou um senhor feudal doava terras para a Igreja em sinal de sua devoção religiosa. Dessa forma, a Igreja também se tornou uma grandesenhora feudal”.

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