Por que a Corte Portuguesa queria que Dom Pedro voltasse para Portugal?

No dia 9 de janeiro de 1822, o então príncipe regente D. Pedro I, decidiu permanecer entre os brasileiros

No dia 9 de janeiro de 1822, o então príncipe regente D. Pedro I recebeu uma carta da corte de Lisboa, a qual exigia sua volta para Portugal.

O motivo era que os portugueses, que ansiavam pela recolonização do Brasil (à época um Reino Unido a Portugal e Algarves), viam a permanência do filho de D. João VI como um grande impedimento para alcançar seus objetivos. Entretanto, o herdeiro do trono acabou contrariando suas expectativas.

Naquele histórico dia, Pedro I se dirigiu a uma das janelas do Paço Real, que mais tarde receberia o nome de "Paço Imperial", e proclamou: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico". 

Mas o que fez com que o príncipe escolhesse ficar no Brasil?

Paço Imperial / Crédito: Wikimedia Commons / Carlos Luís M. C, da Cruz

Eventos anteriores

Para entendermos o Dia do Fico, é preciso recuperar algumas informações importantes da época. A chegada da família real portuguesa em 1808, em razão da ameaça de invasão de Portugal por parte de Napoleão Bonaparte, foi um dos principais eventos do princípio do século 19. 

A transformação do Brasil no novo centro do Império português, resultou no importante processo de desenvolvimento do Novo Mundo. Porém, a elevação do país a Reino Unido, em 1815, não agradaria os habitantes da metrópole, que queriam o Brasil como Colônia.

Retrato de D. João VI / Crédito: Wikimedia Commons / Albert Jakob Frans Gregorius

A volta de D. João VI

Com o fim da era napoleônica e com a crise política na Europa, eclodiu em Portugal a chamada Revolução Liberal do Porto, já no ano de 1820.

Na época, as elites de Lisboa, que exigiam a volta do rei, adotaram uma nova Constituição. A mudança fez com que D. João VI temesse pela perda do trono e, assim, decidisse retornar ao país europeu. O monarca, porém, deixaria seu filho D. Pedro I, como príncipe-regente.

Mas as cortes portuguesas não aprovavam a forma como Pedro administrava o Brasil e queriam a recolonização do território. Desse modo, passaram a pressionar o príncipe para que também retornasse a Lisboa, deixando o governo do país nas mãos de uma junta que estivesse sob comando português.

D. Pedro I em retrato de 1834 / Crédito: Wikimedia Commons / Autor desconhecido

Pedidos de permanência e decisão de Pedro I

Contudo, ao verem a pressão feita pelos portugueses, políticos brasileiros decidiram lutar pela permanência de Pedro I e entregaram a ele uma lista com cerca de  8 mil assinaturas para que ficasse no país.

O príncipe regente decidiu ouvir os brasileiros, declarando publicamente que ficaria no território. A declaração do fico em janeiro de 1822 marcaria uma nova era da história nacional, uma vez que culminaria no processo de Independência, no mês de setembro daquele mesmo ano. 

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Licenciatura Plena em História (Faculdade JK-DF, 2012)
Pós-graduação em História Cultural (Centro Universitário Claretiano, 2014)

Ouça este artigo:

Após a volta de D. João VI para Portugal, as cortes portuguesas queriam que D. Pedro I também retornasse para que fosse nomeado como governador e o Brasil voltasse a ter o status de colônia.

Os liberais radicais do Brasil em contrapartida à corte portuguesa, se organizaram e reuniram 8 mil assinaturas para a permanência de D. Pedro I. Pressionado por ambas as nações no dia 9 de janeiro de 1822 disse:

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico.”

Dom Pedro I, Imperador do Brasil entre 1822 e 1831.

Essa foi uma das decisões mais importantes da história brasileira, uma vez que impediu que o país retrocedesse e mudou de uma vez por todas a sua relação com Portugal. Dom Pedro I ao contrariar as ordens da corte portuguesa, rompeu com o tratado que mantinha o Brasil como Reino Unido de Portugal e Algarves.

Com a popularidade de Dom Pedro I em alta, para benefício dos brasileiros que não queriam mais ser colônia pela autonomia comercial já adquirida assim como os avanços obtidos desde a vinda da corte, ficaram todos a seu favor e o príncipe ficou visto como um defensor do país.

Os comerciantes conservadores só pensavam nos seus interesses e queriam a independência para não pagarem mais impostos a Portugal. Eles pretendiam enriquecer e comercializar livremente com outros países. Já os liberais radicais compostos por padres, jornalistas, estudantes, funcionários de setores públicos e pesquisadores, queriam realizar melhorias no âmbito social, acabar com a escravatura e trazer moradia e melhor qualidade de vida a milhares de brasileiros que viviam no país através da reforma agrária. A partir desse contexto, surgiu então o primeiro partido de Brasil: o Partido Brasileiro.

Os membros da corte de Portugal desrespeitaram a vontade do príncipe regente do Brasil, dando menos credibilidade a ele. Mas quanto mais se afastava de Portugal, mais se aproximava do Brasil. A princesa e esposa de D. Pedro I, Leopoldina de Habsburgo, deu total apoio ao marido e o encorajou a permanecer firme e forte em suas decisões.

Após as “rebeldias” de D. Pedro I, dois mil militares da corte portuguesa comandados por Jorge Alvilez se concentraram no Morro do Castelo e em compensação, foram cercados por dez mil brasileiros armados da Guarda Real da Polícia. Foi então que o Príncipe regente dispensou o comandante português e ordenou que ele e sua tropa se retirassem do país e voltassem a Portugal.

José Bonifácio ficou responsável pelas relações estrangeiras do Brasil e ficou muito próximo de D. Pedro I. Ele achava necessária a elaboração de uma assembleia constituinte para evitar uma anarquia. Enquanto Gonçalves Ledo e os liberais só queriam oferecer ao príncipe o cargo de defensor do Brasil, e achavam indispensável uma convocação de uma Assembleia Constituinte para estabelecer as regras. O príncipe atendeu aos pedidos dos Liberais e se reuniram para fazerem as eleições dos deputados e as legislações.

D. Pedro I seguiu para São Paulo para constatar a lealdade dos paulistas. Enquanto estava fora a sua esposa Leopoldina, que também era contra as ordens dos portugueses, ficou tomando conta do Rio de Janeiro e junto com os ministros assinou a declaração da efetiva separação do Brasil de Portugal. Esse fato foi informado ao seu marido através de uma carta que ele recebeu no dia 7 de setembro às margens do Rio Ipiranga. Nesse momento disse: "Amigos, as Cortes Portuguesas querem escravizar-nos e perseguir-nos. A partir de hoje as nossas relações estão quebradas. Nenhum vínculo unir-nos mais".

Tirou os símbolos que representavam Portugal de sua farda e continuou a falar:

"Tirem suas braçadeiras, soldados. Viva independência, à liberdade e à separação do Brasil."

"Para o meu sangue, minha honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a liberdade"

E gritou a famosa frase: "Independência ou morte". Que entrou para história como: Grito do Ipiranga.

Sem o “dia do fico”, nada disso teria acontecido.

Referências:

//ensina.rtp.pt/artigo/o-dia-do-fico/ 21.01.2019.

//pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Fico 21.01.2019.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia-do-brasil/dia-do-fico/

Porque a corte portuguesa queria a volta de Dom Pedro a Portugal?

Nove anos depois de declarar a independência, Dom Pedro I decide voltar para Portugal, onde foi lutar para garantir o trono para a filha mais velha, Maria da Glória.

O que motivou a volta da família real para Portugal?

A volta de D. João à Portugal ocorreu em 1821, como consequência direta da Revolução do Porto de 1820 e da convocação das Cortes, que idealizavam o retorno da família real e da Corte portuguesa, esta última entendida como o conjunto de órgãos públicos responsáveis pela administração do Estado.

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