Para que principalmente as novas técnicas agrícolas contribuíram a partir do séc XI?

Setembro, um fresco que faz parte da série Ciclo dos doze meses dedicada aos trabalhos agrícolas anuais, pintado pelo mestre Venceslau da Boémia em 1397 (Torre da Águia, Castelo de Buonconsiglio, Trento).

Em conjunto com a eclosão demográfica da população rural, o século XII trouxe à Europa uma revolução tecnológica de primeira importância: a siderurgia. O ferro e o aço elaborados nos fornos da fundição foram empregues na produção de ferramentas que transformaram as técnicas agrícolas.

A primeira novidade tecnológica ocorreu no século XII e consistiu na substituição do martelo manual dos ferreiros por martelos hidráulicos e eólicos.

A segunda, já no século XIII, foi a criação dos altos-fornos, nova tecnologia que incorporava a injecção de ar à pressão nas câmaras de fundição.

Os arados, as enxadas, as foices e outras ferramentas fabricadas com o ferro e o aço provenientes dos novos fornos, combinados com o aumento da população rural livre, provocaram um decisivo aumento da produção agropecuária. Desta forma, puderam-se lavrar os solos pedregosos dos altos planaltos, os sopés das montanhas e os terrenos puderam ser desflorestados. O aço das novas ferramentas da lavoura acabava com todos os obstáculos.

O desenvolvimento agrícola

A descolagem agrícola iniciou-se com a expansão das superfícies cultivadas. Os 57 anos que decorreram entre 1020 e 1077 constituem o período inicial das grandes rupturas medievais. Os documentos são contundentes neste aspecto, particularmente no que se refere às demarcações dos mosteiros. De facto, desde meados do século IX que os mosteiros gravavam por escrito os terrenos que lhes pertenciam, demarcando-os dos que estavam sujeitos a censo. Este acto de capi brevium visava “recuperar de forma sumária ou breve”. Os documentos eram extremamente pormenorizados e eram actualizados de cada vez que o mosteiro fazia um inventário dos seus bens ou dos bens legados por um defunto.

Os documentos conservados definem as condições de estabelecimento de terras concedidas por proprietários aos reclamantes, chamados geralmente de colonii, os colonos. Em troca desse esforço, dava-se aos camponeses em algumas ocasiões alfaias novas e realmente eficazes, como a enxada de ferro, a relha de ferro para os arados ou a ferragem para os cavalos. Isso incluía o revolucionário colar rígido que permitia extrair toda a força do animal ao descansar os arreios sobre as omoplatas e não sobre o pescoço. Em casos excepcionais, também lhes eram entregues sementes que permitiam o cultivo de leguminosas em conjunto com os cereais.

Um ceifeiro usando uma foice com lâmina de aço, obra deBenedetto Antelami, escultor e arquitecto do final do século XII. As técnicas agrícolas medievais foram muito modificadas, mas o mundo da arte também sofreu avanços. Esta obra de Antelami é notável pelo movimento gracioso atribuído aos pés da figura.

Estas inovações alteraram a paisagem agrícola europeia por diferentes razões. Em primeiro lugar, limparam os limites dos bosques de ervas daninhas e raízes profundas, poderosos mecanismos de drenagem do solo. As novas práticas agrícolas oxigenavam o solo e favoreciam a yield ratio, isto é, a relação entre o semeado e o recolhido, que passou, segundo as melhores estimativas, de 1,1/1,3-1,4 para 1,1/1,7-1,8. Foi uma mudança importante, já que permitiu a criação de excedentes agrícolas que depressa originaram conflitos. Desse excedente extraído por acção dos camponeses surgiu a renda dos proprietários de terras.

Os dízimos eclesiásticos e, não menos importante, os produtos introduzidos nos mercados favoreceram o desenvolvimento do comércio local com a permuta entre mercadorias surgidas do excedente agrícola e, mais tarde, com a transformação em dinheiro de alguns destes produtos, especialmente sementes de trigo, centeio, ou feijão e aveia.

Deste modo, a evolução continuada do crescimento demográfico e do desenvolvimento da agricultura provocou dois importantes acontecimentos na história da Europa: primeiro, uma revolução agrícola que expressou um conjunto de progressos técnicos e uma ampliação do espaço produtivo; e, em segundo lugar, uma mudança nos costumes sociais, ocasionado, entre outras coisas, pelo controlo do excedente da produção dos campos.

A Baixa Idade Média foi o segundo período da Idade Média, compreendido entre os séculos XI e XV, que correspondeu à desagregação do sistema feudal e a consequente transição para o sistema capitalista.

Com a integração dos mundos romano e germânico e a formação de novos reinos europeus, a cultura medieval atingiu seu apogeu.

Características: Resumo

As principais características da Baixa Idade Média foram:

A Crise do Feudalismo

O sistema feudal, também chamado de feudalismo, tinha por base principal a exploração servil, entrou em processo de desagregação a partir do século XI.

O fim das invasões germânicas, ocorridas na Alta Idade Média, resultou em condições mais estáveis de vida e um crescimento gradativo da população e consequentemente o aumento do consumo e a necessidade de implementar a produção agrícola.

A ampliação das áreas produtivas e o desenvolvimento de técnicas agrícolas, com o uso de arado de ferro e o aperfeiçoamento dos moinhos hidráulicos, gerou um excedente de produção que passou a ser comercializada. Fato que contribuiu para a transformar as sociedades rurais europeias.

As Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares, organizadas pela igreja, contra o avanço dos muçulmanos e a retomada do Santo Sepulcro, em Jerusalém, como também o interesse em dominar as rotas comerciais de mercadorias orientais, controladas pelos muçulmanos e pelos bizantinos.

As cruzadas se transformaram em uma série de oito expedições à Terra Santa, realizadas entre os séculos XI e XII.

Leia também o artigo sobre a Igreja Medieval.

Renascimento Comercial

Na Baixa Idade Média, as rotas comerciais do Mediterrâneo, antigo caminho das cruzadas, logo se tornaram importantes e lucrativas.

As cidades italianas, Gênova e Veneza eram ponto de partida para os centros comerciais do Mediterrâneo Oriental, como Alexandria, Trípoli, Tiro, além de Constantinopla, porta de entrada para o mar Negro e parte da Europa Oriental e Ásia Ocidental.

A partir do século XI formou-se na Europa, um grande mercado consumidor de luxuosos produtos orientais, como seda, tapetes, joias e principalmente especiarias, como cravo, canela, pimenta-do-reino, gengibre, etc.

Renascimento Urbano

A vida urbana começou a ressurgir na Europa a partir do renascimento comercial, no século XI. Novas cidades se edificaram às margens dos rios, nos litorais e principalmente nas proximidades dos burgos fortificados, onde geralmente havia uma catedral, o palácio do bispo ou um castelo senhorial.

Cidade Medieval de Carcassonne, França

Fixar-se perto de um burgo significava, para os comerciantes, segurança e proteção contra salteadores. Nascia uma nova classe social, a burguesia, formada por artesãos, mercadores, banqueiros e donos de companhias de comércio.

A medida que as cidades cresciam e as relações feudais se transformavam, um novo sistema econômico começou a despontar na Europa: o capitalismo.

Para saber mais, leia também o artigo: Renascimento Cultural.

Peste Negra

A população urbana cresceu até o século XIV, quando veio a peste negra, entre 1346 e 1353, que dizimou grande parte da população europeia, levando a violenta retração dos mercados consumidores e da atividade comercial. Uma recuperação da economia só iria ocorrer do século XV em diante.

Outros fatos históricos importantes que ocorreram na Baixa Idade Média foram:

  • A Formação das Monarquias Nacionais
  • A Guerra dos Cem Anos
  • As transformações religiosas e culturais da Baixa Idade Média.

Veja também:

  • Cultura Medieval
  • Joana D'Arc
  • Carta Magna
  • Marco Polo

Que mudanças as novas técnicas agrícolas do século XI possibilitaram?

Dentre as inovações técnicas que possibilitaram mudanças nos métodos de produção por volta do ano 1000 estão A substituição do arado romano, que penetrava superficialmente o solo, pela charrua, um arado munido de uma lâmina de metal que podia revolver mais profundamente o solo, possibilitando o aumento da produção ...

Por que a partir do século XI a agricultura?

Resposta: A agricultura cresceu significativamente a partir do século XI por conta das inovações técnicas, da expansão das áreas de cultivo e do crescimento da oferta de mão-de-obra.

O que contribuiu para o aumento do crescimento demográfico na Europa a partir do século XI?

O comércio na Europa ganhou o incentivo definitivo com o início das Cruzadas no final do século XI. O envio de soldados para o Oriente e a migração de milhares de pessoas desejosas de estabelecer-se na “Terra Santa” abriram todo o mercado oriental, cujas mercadorias eram consideradas luxuosas pela Europa Ocidental.

Que inovações técnicas foram incorporadas à agricultura a partir do século XI e por quê?

A partir do século XI, na Europa feudal foram introduzidas importantes inovações técnicas na agricultura, tais como: a) O uso do arado de ferro (a charrua) em lugar do arado de madeira. b) A introdução do sistema de cultura em três campos (rotação trienal). c) Um novo modo de atrelar o cavalo usado para puxar o arado.

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