Explique como o aumento da produtividade dos países mais robotizados possibilita o seu crescimento

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A Produtividade dos Fatores em Alguns Pa�ses

As Perspectivas Brasileiras no Controle de Materiais Nucleares

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Texto para Discuss�o:

em Alguns Pa�ses

Carlos Feu Alvim

Resumo:

A import�ncia da produtividade de capital no crescimento econ�mico dos pa�ses � enfatizada. O caso brasileiro � analisado e s�o feitas compara��es com o comportamento hist�rico desse par�metro em pa�ses desenvolvidos, mostrando que est�o em desvantagem aqueles pa�ses que n�o contiveram a queda de produtividade de capital. Essas compara��es podem servir para orientar a pol�tica de desenvolvimento do Brasil.

Abstract:

The importance of capital productivity for economical growth is emphasized. The Brazilian case is analyzed and comparisons are made regarding the historical behavior of this parameter in developed countries, showing that those that did not control the capital productivity decrease are in a disadvantageous situation.

 Palavras-chave: Brasil, produtividade de capital, produtividade total dos fatores, desenvolvimento, crescimento econ�mico

Introdu��o:

Produtividade de capital e crescimento econ�mico

Este trabalho tem por finalidade chamar a aten��o da import�ncia da produtividade de capital no crescimento econ�mico. Para isso, o comportamento hist�rico das produtividades do capital e do trabalho foi analisado para alguns pa�ses desenvolvidos e �emergentes�. Para permitir inter-compara��es entre os pa�ses, os dados foram tratados de uma forma homog�nea e expl�cita.

O trabalho mostra que os pa�ses de desenvolvimento tardio e que tentaram, nas �ltimas d�cadas, emergir do subdesenvolvimento apresentam um comportamento relativo das produtividades de capital e do trabalho bastante distintos do observado historicamente nos pa�ses desenvolvidos. Al�m disto, os pa�ses desenvolvidos tamb�m apresentam trajet�rias de crescimento bastante distintas entre si e s�o analisados aqui em dois grupos. O primeiro, constitu�do de pa�ses que se desenvolveram no p�s-guerra e o segundo por alguns pa�ses que conseguiram deter a queda de produtividade de capital. Pelo menos at� a recente crise financeira, encontram-se em desvantagem os primeiros.

Da an�lise do caso brasileiro e sua compara��o com a trajet�ria dos outros pa�ses, pode-se encontrar indica��es para a pol�tica de desenvolvimento brasileira.

O crescimento do PIB e os fatores de produ��o capital e trabalho

De uma maneira geral, os modelos de crescimento consideram que a substitui��o dos insumos trabalho e capital d�-se em fun��o do seu custo relativo. Esta rela��o entre os dois fatores de produ��o � mediada pela tecnologia adotada que pode tamb�m ser encarada como um terceiro fator de produ��o. Um papel cada vez mais importante tem sido assinalado para o chamado capital humano que influenciaria a ado��o de novas tecnologias e a efici�ncia do processo produtivo. A rela��o entre os fatores de produ��o capital e trabalho segue sendo, no entanto, a base de modelos de crescimento.

Quando se usa a fun��o de Cobb-Douglas a representa��o do logaritmo da produtividade de capital em fun��o da produtividade do trabalho � uma reta para tecnologia constante. Esta caracter�stica j� foi usada na Revista Economia e Energia N� 44[1]para analisar o desenvolvimento de alguns pa�ses. Para conte�do tecnol�gico crescente, existe uma curvatura no sentido de se alcan�ar maior produtividade por trabalhador para o mesmo estoque de capital por produto. Em termos de pa�s isto representa um maior aumento do PIB per capita para o mesmo investimento. A Figura 1, da refer�ncia citada, mostra exemplos da trajet�ria esperada das produtividades de capital e [2]trabalho para tecnologia (A) constante e para taxas anuais de crescimento tecnol�gico (g) de 1% e de 2%.

 Produtividade de capital x produtividade do Trabalho (escala logar�tmica)

Figura 1: Produtividades de capital e

trabalho com e sem crescimento da tecnologia.

Uso da produtividade de capital no programa projetar_e

Este trabalho destina-se a fornecer subs�dios para proje��o da produtividade de capital usada para estimar o crescimento econ�mico. Em particular, interessa discutir o comportamento temporal desta vari�vel no Brasil para uso no programa de proje��es macroecon�micas projetar_e usado pela OSCIP Economia e Energia para proje��es econ�micas. Muitas das escolhas no tratamento das vari�veis adotadas neste trabalho t�m a ver com essa finalidade do estudo.

O programa projetar_e se baseia na extrapola��o de algumas vari�veis cuja escolha obedeceu aos seguintes princ�pios:

  • Descri��o da economia com o menor n�mero poss�vel de vari�veis[3];

  • Vari�veis de comportamento previs�vel;

  • Uso de vari�veis ligadas aos limites para o crescimento.

No programa, o valor das vari�veis, consideradas independentes, � extrapolado com a ajuda de grupo de especialistas. A capacidade de avalia��o do grupo � orientada por estudos de comportamento hist�rico das vari�veis no Brasil e em outros pa�ses do mundo. Este estudo tem, pois, como finalidade compreender melhor o comportamento da produtividade do capital visando ancorar as proje��es do modelo.

Um aspecto importante quando se considera o uso de uma vari�vel para um programa de proje��o � a facilidade de extrapol�-la. Esta � uma raz�o que justifica, por exemplo, a quantifica��o de todas as vari�veis no programa referidas ao PIB. Como � usado o valor real do PIB referido a um ano, isso implica usar o deflator impl�cito do PIB como �nico �ndice de pre�os para todos os setores da economia e, no caso, para os valores associados aos fatores de produ��o em estudo: o capital e o trabalho. Para o funcionamento do programa, usar �ndices de pre�os diferentes para os dois fatores de produ��o implica a necessidade de projet�-los para o futuro. Al�m disto, os �ndices de pre�o para os sal�rios e o capital t�m comportamentos distintos ao longo do tempo. Se a rela��o capital X trabalho � estudada usando-se �ndice de pre�os diferentes, est� sendo subtra�da da rela��o em estudo uma informa��o importante para a compreens�o do fen�meno em estudo, com o inconveniente adicional, no caso do programa, de que essa rela��o entre os �ndices tem que ser projetada.

Outro fator a ser considerado � que o programa toma como base as contas nacionais e suas caracter�sticas de sistema de contabilidade coerente. Introduzidos �ndices diferentes para os diversos setores ou fatores de produ��o, a contabilidade nacional perde a melhor caracter�stica de um sistema cont�bil: a capacidade de �fechar� as contas. Essa foi, ali�s, a principal raz�o ou, pelo menos, uma das principais raz�es de haver sido abandonado, nas contas nacionais, o sistema de base fixa.

Para a avalia��o do estoque de capital, necess�ria para quantificar a produtividade de capital, a ado��o do mesmo �ndice de pre�os significa que n�o se est� tentando avaliar o valor de sua reposi��o mas seu valor hist�rico relativo aos demais fatores de produ��o.

Produtividades de capital e trabalho em uma dimens�o nacional

Nesse trabalho, a quest�o da produtividade � tratada no n�vel de cada pa�s. Ao se considerar a produtividade de trabalho e capital em uma dimens�o nacional, naturalmente s�o estabelecidos contornos de um tipo diferente do que pode ser considerado para um estabelecimento de produ��o (industrial, agr�cola ou de servi�os). O principal deles � a lenta varia��o da for�a de trabalho potencial sujeita, fundamentalmente, a fatores demogr�ficos. Naturalmente existe a mobilidade da m�o de obra entre pa�ses que pode ser importante em alguns casos. No Brasil est� presente um limitador fundamental estabelecido por sua dimens�o continental, que reduz a mobilidade internacional da m�o de obra. De qualquer forma, em todo o mundo, continuam existindo importantes restri��es econ�micas e culturais para deslocamentos de trabalhadores entre os pa�ses. Neste trabalho, considera-se como for�a de trabalho de um pa�s a popula��o entre as idades de 15 e 64 anos.

Esta escolha simplifica o tratamento do problema na medida em que um incremento local da produtividade do trabalho s� passa a fazer sentido quando acompanhado com um aumento real do produto nacional que compense a ado��o do novo processo produtivo. Enquanto uma empresa reduz ou aumenta sua for�a de trabalho por demiss�es e contrata��es, em um pa�s s� o aumento do produto nacional em ritmo superior ao do contingente de m�o de obra pode gerar aumento na produtividade do trabalho da popula��o potencialmente ativa.

O que poderia ser considerado uma limita��o dessa abordagem na realidade corresponde, na economia real, a uma preocupa��o que deveria estar sempre presente nas pol�ticas nacionais e setoriais. Com efeito, um aumento isolado na produtividade do trabalho pode significar apenas um maior desemprego sem uma conseq��ncia realmente positiva sobre o produto nacional.[4] Freq�entemente, confia-se demasiadamente em que o mercado resolva uma distor��o induzida por um mecanismo de substitui��o de tecnologia que, nos pa�ses perif�ricos, muitas vezes n�o considera o custo dos fatores no mercado local porque a forma de produ��o e a tecnologia s�o determinadas no exterior e, como conseq��ncia o uso dos fatores de produ��o.

Outro aspecto importante, e que tem a ver com as finalidades de uso dos dados aqui levantados, � a n�o separa��o do estoque de capital de constru��o residencial do da constru��o civil para essa finalidade. Para que houvesse coer�ncia na apura��o da produtividade pelo programa, seria necess�rio dispor dos percentuais de Forma��o Bruta de Capital Fixo para as constru��es residenciais (n�o fornecido nas Contas Nacionais) e separar do PIB o produto gerado pelos alugueis reais e presumidos. Al�m disto, seria necess�rio projetar estas vari�veis.

Neste trabalho, o comportamento das produtividades de capital e trabalho foi estudado para diversos pa�ses e apresentam uma tipologia bastante distinta e que s�o reveladoras do processo de desenvolvimento. 

Foram estudados doze pa�ses que foram reunidos nos seguintes grupos:

  • Pa�ses que alcan�aram o desenvolvimento no �ltimo meio s�culo (Cor�ia, Jap�o, Espanha e It�lia) e que seguiram uma trajet�ria de produtividade de capital decrescente na medida em que aumentavam a produtividade e o custo da m�o de obra;

  • Pa�ses desenvolvidos que conseguiram limitar a queda da produtividade de capital (Fran�a, Reino Unido, Austr�lia e EUA).

  • Pa�ses emergentes (China, �ndia, Brasil e Chile)

No c�lculo das produtividades foram usados valores anuais de crescimento real do PIB e valores relativos ao PIB da forma��o bruta de capital fixo (investimentos)[5]. Para as compara��es entre pa�ses, os valores de produto e capital foram referidos ao PIB de cada pa�s no ano 2000 em paridade de poder de compra (PPP purchasing parity power). Para estimar o rendimento por trabalhador foi considerado, como for�a de trabalho, a popula��o residente de 15 a 64 anos.

Produtividade de pa�ses que alcan�aram o desenvolvimento

As Figuras 2 e 3 mostram o comportamento da produtividade de capital em fun��o da do trabalho para pa�ses que alcan�aram o desenvolvimento na segunda metade do s�culo passado (Cor�ia do Sul, Jap�o, Espanha e It�lia).

Na Figura 2 os dados s�o mostrados em escala natural. O produto por trabalhador, que normalmente tem reflexo direto na remunera��o por trabalhador, �, por essa raz�o, tomado como proxi da remunera��o por trabalhador. A produtividade de capital decresce com o aumento da produtividade de capital.

Produtividade de Capital (Y/K) e

Produtividade do Trabalho (Y/L)

Figura 2: A produtividade de capital decresce na medida em que aumenta o produto por trabalhador e, conseq�entemente, o custo por trabalhador.

O comportamento mostrado na Figura 2 � basicamente o esperado quando existe a substitui��o de um fator (no caso trabalho) por outro (capital). Note-se que esta substitui��o j� implica em uma mudan�a da tecnologia. Por exemplo, quando se substitui a colheita manual pela mec�nica em uma lavoura existe uma mudan�a tecnol�gica que foi adotada porque o mercado decidiu que era uma forma de produ��o mais rent�vel. Ou seja, a tecnologia foi colocada � disposi��o do propriet�rio do empreendimento que decidiu pela melhor forma de produ��o. Sup�e-se que essa decis�o tenha sido adotada por ser a que maximiza os ganhos. A simples troca de insumos pode ou n�o significar um ganho na produtividade total, que � avaliada pelo custo global de produ��o. Na l�gica econ�mica, a decis�o � tomada avaliando o custo de aumentar a produ��o usando um ou outro fator.

A decis�o real leva em conta outros fatores como a modernidade do m�todo de produ��o, fatores ambientais e humanos, mas se sup�e, em linhas gerais, que a l�gica econ�mica seja respeitada.

A tecnologia de produ��o depende, pois, do equipamento dispon�vel, cuja disponibilidade � definida no mercado dominante.
� neste n�vel, na verdade, onde se toma a decis�o fundamental sobre a propor��o dos fatores de produ��o a serem empregados. Nem sempre existe nos pa�ses perif�ricos a real capacidade de escolha do equipamento, j� que ela foi feita para outros mercados. Al�m disto, nem sempre a decis�o � local; empresas globalizadas costumam uniformizar suas decis�es. No caso, os pa�ses mostrados na Figuras 2 e 3 t�m economias de dimens�o suficiente e capacidade de decis�o pol�tica para influir nesse tipo de decis�o.

Na Figura 3, est�o representadas as evolu��es das produtividades de capital em fun��o da do trabalho para essas quatro economias em escala log X log.

Produtividade de Capital e

Produtividade do Trabalho

(escala log x log)

        Figura 3: A produtividade de capital em fun��o da do trabalho para It�lia, Jap�o Cor�ia do Sul e Espanha podem ser descritas de forma aproximada por uma mesma fun��o.

Pode-se observar, na Figura 3, que a mesma fun��o descreve de forma satisfat�ria o comportamento das quatro economias. A inclina��o observada para os diversos pa�ses tem valor m�dio de -0,511 +/- 0,022 com desvio padr�o, portanto, de 4%. O ajuste que permite determinar a inclina��o permite ainda deduzir a constante α=0,66 na fun��o mostrada na nota de rodap� i. A determina��o deste par�metro permite avaliar o comportamento da produtividade total dos fatores PTF.[6] Na apura��o das produtividades de capital dos diversos pa�ses, a constante α=0,66 que �pondera� a m�dia das produtividades na apura��o da produtividade total dos fatores foi mantida a mesma para que fosse poss�vel a compara��o entre os diversos grupos de pa�ses.

O bom ajuste por uma reta quando se usa uma escala log X log significa que o valor do par�metro tecnol�gico (A na fun��o de Cobb-Douglas) pode ser tomado como constante. Como esse fator � normalmente associado � tecnologia parece surpreendente que pa�ses como Jap�o e Cor�ia do Sul e mesmo Espanha e It�lia possam ser enquadrados neste caso.

Por outro lado, uma produtividade de capital decrescente significa que um percentual cada vez maior do PIB tem que ser destinado ao investimento para manter uma taxa de crescimento desejada. Esta trajet�ria freia o desenvolvimento, j� que implica cada vez um maior percentual de PIB investido para a mesma taxa de crescimento.

N�o parece, pois, surpreendente que esses quatro pa�ses j� viessem enfrentando dificuldades em manter o ritmo de crescimento apesar de, no caso do Jap�o e Cor�ia, continuarem investindo uma significativa fra��o do PIB.

A evolu��o da Produtividade Total dos Fatores � PTF para estes quatro pa�ses � mostrada na Figura 4 em rela��o � PTF dos EUA em 1960. Tamb�m � mostrada a evolu��o da m�dia de suas produtividades e seu valor oscila em torno de um valor m�dio de 107.[7] A Produtividade geral dos fatores � uma m�dia ponderada das produtividades de trabalho e capital.

Produtividade Total dos Fatores

It�lia, Espanha, Jap�o e Cor�ia do sul

Figura 4:A produtividade total de fatores para a It�lia, Jap�o, Cor�ia do Sul e Espanha (IJCE).

Produtividade de capital de pa�ses desenvolvidos que detiveram a tend�ncia de sua queda

A evolu��o da produtividade de capital em fun��o da produtividade do trabalho apresentou mudan�as significativas em alguns pa�ses como � mostrado na Figura 5. Tamb�m se indica nelas a trajet�ria m�dia dos quatro pa�ses mostrados na Figura 3 (Cor�ia do Sul, Espanha, Jap�o e It�lia).

Destaca-se, na Figura 5, o ocorrido com os EUA onde a produtividade de capital tem uma trajet�ria ascendente ao longo do per�odo observando-se, ao mesmo tempo, um aumento do produto por trabalhador (produtividade do trabalho). Esta trajet�ria onde tem se conseguido aliar crescimento das duas produtividades real�a o especial desempenho da economia americana do p�s-guerra onde as tecnologias �soft� e os servi�os ganharam destaque. Naturalmente que os continuados d�ficits na balan�a comercial contribuem para que seja poss�vel agregar valor naquele pa�s a partir de investimentos fora de seu territ�rio. O setor servi�os tem forte participa��o no PIB inclusive, como a crise atual chamou a aten��o, o setor financeiro, que depende pouco do capital fixo existente.

Produtividade de Capital e Trabalho �

Pa�ses Desenvolvidos com Mudan�a no Comportamento (escala log X log)

Figura 5:Trajet�ria das produtividades de capital e trabalho de pa�ses que conseguiram incrementar a produtividade do trabalho sem queda na produtividade de capital

O comportamento especial da economia americana permitiu que, mesmo com uma taxa de investimento relativamente modesta (m�dia de 18% do PIB), os EUA conseguissem manter uma taxa de crescimento m�dia de 3,3% na d�cada de noventa, ao passo que o Jap�o investiu 29% do PIB para crescer 1,2% na mesma d�cada.

Para Austr�lia, Reino Unido e Fran�a pode-se observar uma mudan�a de comportamento, que passou de uma trajet�ria de perda na produtividade de capital (paralela a tend�ncia observada para os pa�ses da Figura 3) para uma manuten��o de um valor constante ou, na verdade, um pequeno crescimento da produtividade de capital. Estes pa�ses (e os EUA) passaram a ter um melhor resultado do crescimento do PIB com menor taxa de investimento. Em contraste com eles, os pa�ses do primeiro grupo mergulharam em uma fase adversa onde o crescimento passou a exigir, a cada ano, maior taxa de investimento.

Examinando-se na Figura 6 o comportamento da produtividade de capital em fun��o do tempo, podemos observar que ele foi decrescente at� o in�cio da d�cada de oitenta, tendo se estabilizado e at� recuperado nos anos seguintes. J� para os EUA, esse valor cresce ligeiramente ao longo do per�odo.

Evolu��o da Produtividade de Capital

EUA, Reino Unido, Fran�a e Austr�lia

Figura 6: Reino Unido, Fran�a e Austr�lia conseguiram interromper a queda na produtividade de capital nos anos oitenta e os EUA experimentaram um crescimento constante no per�odo mostrado

A mudan�a mais not�vel � a do Reino Unido cuja produtividade de capital vinha caindo sistematicamente durante as d�cadas de setenta e oitenta e cuja queda foi interrompida nos anos oitenta. � verdade que a produtividade de capital do Reino Unido era muito superior a dos outros pa�ses e o decr�scimo cessou quando foi atingido o n�vel de produtividade americano. A mudan�a de comportamento coincide com dois acontecimentos importantes para o Reino Unido: a produ��o de petr�leo e g�s no Mar do Norte (e decr�scimo da de carv�o) e o in�cio da era Thatcher.

A trajet�ria da produtividade para os pa�ses desse grupo mostra um valor do par�metro A(t), tomado como PTF, ascendente, como � mostrado na Figura 7.

Produtividade Total dos Fatores

EUA, Reino Unido, Fran�a e Austr�lia

Figura 7: Produtividade total dos fatores do Reino Unido, Fran�a e Austr�lia e EUA com trajet�rias ascendentes comparadas com a m�dia para It�lia, Jap�o Cor�ia e Espanha (IJCE).

O Brasil e outros pa�ses emergentes

O Brasil seguiu, no gr�fico das produtividades e na vida econ�mica, uma trajet�ria particularmente infeliz para seu desenvolvimento nas duas �ltimas d�cadas do s�culo XX, com queda acentuada na produtividade de capital e praticamente uma estagna��o no produto por trabalhador (e produto per capta). Este comportamento pode ser observado na Figura 8. Este fen�meno dominou as d�cadas de oitenta e noventa, existindo sinais de recupera��o nesse in�cio de s�culo. Note-se que a recupera��o dos �ltimos anos ainda � insuficiente para reverter significativamente o quadro e se aproximar da curva �normal� dos pa�ses que se desenvolveram na �ltima metade do s�culo passado.

Produtividade de Capital e Trabalho �

Pa�ses em Desenvolvimento com Mudan�a no Comportamento (escala log x log)

Figura 8: O comportamento das curvas de produtividade mostra que os pa�ses em desenvolvimento apresentam produtividades, de modo geral, inferiores a que seria de se esperar para seu grau de desenvolvimento; na trajet�ria do Brasil houve um grande per�odo de queda com ligeira recupera��o nos �ltimos anos.

Na escolha da trajet�ria futura � importante para o Brasil incrementar sua produtividade de capital. Tradicionalmente, acreditava-se que a alta produtividade de capital era uma vantagem competitiva dos pa�ses subdesenvolvidos que eventualmente os levaria ao desenvolvimento. Na d�cada de noventa, ap�s o encerramento do regime militar, o Chile viveu um per�odo em que se aproximou da trajet�ria normal de desenvolvimento. Nos primeiros anos desse s�culo a economia chilena voltou a experimentar queda na sua produtividade de capital sem incremento do PIB por trabalhador. �ndia e China est�o em um per�odo de r�pido crescimento baseada em altas taxas de investimento (acima de 35%). Como a produtividade do Brasil est� entre a da �ndia e a da China, s� expressivos ganhos na produtividade de capital e na taxa de investimento podem aproximar o Brasil da taxa de crescimento daqueles pa�ses.

A Figura 9 compara a produtividade total dos fatores para os quatro pa�ses emergentes. Em rela��o � China e �ndia, o Brasil apresenta uma maior produtividade total de fatores, que significa uma maior produtividade em rela��o ao n�vel de renda de sua popula��o. Isto significa uma vantagem comparativa em rela��o �queles pa�ses. Entre os tr�s pa�ses, a China se destaca, no entanto, pela trajet�ria constante de crescimento de sua PTF. Todos os tr�s pa�ses atualmente est�o ainda longe da produtividade de capital de uma trajet�ria �normal� de desenvolvimento. O Chile estaria mais pr�ximo deste padr�o.

Produtividade Total dos Fatores

Brasil, Chile, China e �ndia

Figura 9: Evolu��o da produtividade total dos fatores para pa�ses em desenvolvimento comparadas com a m�dia de It�lia, Jap�o, Cor�ia do Sul e Espanha (IJCE).

Na Figura 10 mostra-se a produtividade de capital para os anos de 1970, 1990 e 2004 para os pa�ses estudados. Na figura os pa�ses est�o ordenados por grupo, o que facilita resumir o que foi aqui discutido: Nos quatro primeiros pa�ses houve uma sens�vel queda na produtividade de capital. No caso do Jap�o essa baixa produtividade j� se constitui em um handicap negativo para o pa�s. Todos eles atingiram n�vel de produtividade de capital inferior ao dos EUA. Um fato interessante � que Austr�lia e Reino Unido, que mantiveram programas expl�citos de incremento ou atenua��o da queda da produtividade de capital, conseguiram increment�-la entre 1990 e 2004. O Brasil apresenta produtividade de capital superior � maioria dos pa�ses desenvolvidos, mas inferior � dos EUA e teoricamente incompat�vel com seu est�gio de desenvolvimento. �ndia e Chile t�m produtividade de capital superior � do Brasil, mas est�o em est�gios de PIB per capita bem diferentes, e a China escolheu, ao que parece, manter o alto n�vel de investimento e baixo n�vel de produtividade de capital para atingir o desenvolvimento.

Produtividade de Capital em 1970, 1990 e 2004

Figura 10: Produtividade de capital para os diversos

pa�ses em tr�s anos selecionados.

Um dos problemas que enfrentaram os pa�ses subdesenvolvidos durante as �ltimas d�cadas do s�culo passado foi o do crescimento da urbaniza��o devido ao deslocamento da popula��o rural, que exigiu e exigir� altas taxas de investimento em infra-estrutura. � interessante que o fen�meno tenha se dado no Brasil, n�o obstante um forte crescimento do setor agr�cola, onde houve um brutal deslocamento da m�o de obra com a mudan�a ou simplesmente a ado��o de novas (ou j� antigas em termos mundiais) tecnologias.

A falta de planejamento urbano acarreta maiores investimentos a posteriori ou mesmo investimentos desperdi�ados como as constru��es prediais em favelas que mais tarde ter�o que ser refeitas ou reinstaladas.

O impasse para sair do subdesenvolvimento est� em que ele exige altas taxas de investimento. Isto pode ser minimizado com o aumento da produtividade de capital que deveria ser prioridade na pol�tica econ�mica. � bom que se diga que para um determinado valor do PIB existe uma escolha entre consumo e investimento, que n�o � �bvia. Investimento pressup�e o adiamento de consumo, o que n�o � f�cil de fazer em uma sociedade consumista. O Brasil s� conseguiu crescer nos �ltimos anos porque interrompeu o ciclo de queda na produtividade de capital. Aceitar n�veis de investimento como os praticados pelo Jap�o, Cor�ia, �ndia e China pressup�e uma escolha social que n�o condiz com as ilus�es muitas vezes vendidas � popula��o.

Uma das raz�es para a baixa produtividade de capital no Brasil � a op��o �commodista�, que foi anteriormente assinalada (Revista Economia e Energia № 67). A solu��o para o desenvolvimento seria buscar um mix de incremento na taxa de investimentos e melhoria na produtividade de capital. O Brasil tem uma oportunidade magn�fica nos pr�ximos anos que encerra, no entanto, desafios importantes. Com efeito, o petr�leo, n�o obstante ser intensivo em investimentos, apresenta, mesmo nos atuais pre�os de petr�leo j� reduzidos pela crise, alta produtividade de capital. Este esfor�o pode ser perdido tanto na hip�tese da op��o pelo menor investimento comprando os equipamentos no exterior como na hip�tese de gastos excessivos na ind�stria nacional, que acabariam tendo por efeito a redu��o da produtividade de capital. Deve-se ainda considerar o retardo que naturalmente existe na ind�stria de petr�leo e energ�tica em geral (� mais grave na gera��o hidrel�trica) entre o investimento e sua contribui��o para a produ��o.

Um programa de produtividade de capital ou, melhor ainda, de produtividade geral dos fatores � condi��o essencial para, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades do pr�-sal e aquela que existe nessa como em todas as crises.

[1] //ecen.com/eee44/eee44p/prod_cap_lim_cresc.htm#_ftn7. A fun��o utilizada foi: Y = A(t) Kα L(1-α); onde Y � o produto, K o estoque de capital e L o trabalho medido, no presente artigo, pela m�o de obra potencial (como proxi da m�o de obra dispon�vel), mas que tamb�m pode ser medido em pessoas.ano ou horas trabalhadas no ano. A(t) � um coeficiente que pode variar com o tempo e est� ligado � tecnologia adotada. 

[2] A(t)= A0.(1+t)g onde A0 corresponde ao valor do ano inicial e t � o tempo em anos.

[3] Freq�entemente a inser��o de novas vari�veis melhora a descri��o do passado e piora a do futuro. Em um modelo de proje��o cada nova vari�vel independente introduzida implica em um novo processo de proje��o.

[4] � comum deixar a cargo do mercado a resolu��o de problemas induzidos por pol�ticas setoriais. Um exemplo recente � a mecaniza��o da colheita de cana, induzida por for�a de restri��es ambientais e est�mulos de cr�dito, sem que seja encontrada uma solu��o para o emprego que, embora considerado pelos formuladores da pol�tica como de m� qualidade, era aprovado pelo mercado de trabalho por preencher um vazio sazonal de ocupa��o agr�cola (a colheita da cana acontece na �poca seca quando � menor a demanda de m�o de obra em outras culturas). Ao n�o se criar uma alternativa para a m�o de obra, gera-se um problema maior que o trabalho de m� qualidade, que � a falta de trabalho. N�o se cuida de uma solu��o para melhorar as condi��es de trabalho no processo manual e a solu��o muitas vezes mencionada de re-treinar m�o de obra para fun��es na pr�pria lavoura de cana n�o � uma solu��o quantitativamente v�lida, face ao n�mero limitado de empregos gerados pela nova tecnologia.

[5] Isto corresponde, conforme assinalado anteriormente, a adotar para PIB e estoque de capital o deflator impl�cito do PIB fornecido pelas Contas Nacionais.

[6] PTF=A(t)=(K/Y)α (L/Y)(1-α)

[7] Chama-se a aten��o para o fato de que a forma de determina��o da constante (atrav�s do ajuste do comportamento da curva log x log das duas produtividades de capital e trabalho) e o fato de que essa curva possa ser ajustada por uma reta determinam que A(t) ou o valor atribu�do a PTF sejam aproximadamente constantes.

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