No dia 22 de abril, algumas pessoas comemoram no Brasil a chegada dos portugueses ao território onde hoje se localiza o país. Durante muito tempo, a versão oficial da história dizia que o Brasil fora descoberto por acaso após uma mudança de rota, inesperada, quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral estava no Oceano Atlântico. Nesta versão, com muita sorte Portugal havia conquistado a maior porção territorial de seu Império.
A chegada de Cabral ao litoral brasileiro ocorreu quase dois meses depois de partir de Portugal, em 08 de março de 1500. O destino de Cabral era a cidade de Calicute, na Índia, onde poucos anos antes o navegador Vasco da Gama havia chegado, depois de contornar o continente africano, realizando trocas comerciais extremamente valiosas na cidade indiana.
Mas em decorrência das correntes marítimas, a rota de navegação foi alterada sem que os navegadores percebessem. Esta alteração de rumos trouxe Cabral e seus mais de 1000 homens a aportar em terras do litoral nordeste do Brasil em 22 de abril de 1500. Segundo Pero Vaz de Caminha, o primeiro ponto de terra firme que avistaram foi um monte, localizado no sul da Bahia, que denominaram de Monte Pascoal, por estarem no oitavo dia da Páscoa cristã. Depois avistaram a terra aos pés do monte, sendo que Cabral a denominou de Vera Cruz.
Logo depois aportaram mais ao norte desse monte, em uma localidade conhecida como Santa Cruz Cabrália, onde realizaram os primeiros contatos com a população indígena. Houve uma primeira tentativa de catequização e a primeira missa católica foi realizada na terra de Vera Cruz pelo padre Henrique de Coimbra.
Os portugueses ficaram na região até maio, momento em que Pedro Álvares Cabral continuou sua viagem a Calicute, enviando uma de suas embarcações para Portugal, com a missão de avisar o rei D. Manuel II da descoberta da nova terra. Dois de seus homens ficariam em terras brasileiras. Os portugueses só iriam realizar a ocupação do território cerca de 30 anos depois.
Esta é a versão oficial da História, mas diversos historiadores a questionam.
A primeira pergunta que os historiadores fazem é: Afinal, o que houve foi descobrimento ou a conquista do Brasil? A palavra descobrimento está relacionada a uma descoberta, a algo desconhecido por outras pessoas. Porém, milhões de pessoas já habitavam o território “descoberto” pelos portugueses, os “índios”, que foram assim chamados em razão dos europeus acreditarem que teriam chegado à Índia. Dessa forma, como os portugueses poderiam descobrir algo que outros já conheciam? O que eles realizaram foi chegar a uma localidade já habitada, iniciando a partir daí a conquista deste território.
As outras perguntas são: os portugueses não sabiam mesmo da existência das terras? Será que teriam chegado por acaso no litoral brasileiro?
Há indícios de que o cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira havia participado de uma expedição secreta a esta região, para saber da existência de novas terras a oeste do oceano Atlântico, em 1498. Duarte Pacheco Pereira era um dos tripulantes da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Essas evidências levam a pensar que os portugueses sabiam da existência das terras, e a passagem pelo litoral do Brasil não havia sido por acaso, mas sim para conhecer o local e afirmar ao mundo europeu que esse território pertencia à porção portuguesa do globo terrestre, o que foi definido na partilha do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494.
* Crédito da Imagem: Neftali e Shutterstock.com
Por
Tales Pinto
Graduado em História
Questão 1
(PUC-Campinas) “Não, é nossa terra, a terra do índio. Isso que a gente quer mostrar pro Brasil: gostamos muito do Brasil, amamos o Brasil, valorizamos as coisas do Brasil porque o adubo do Brasil são os corpos dos nossos antepassados e todo o patrimônio ecológico que existe por aqui foi protegido pelos povos indígenas. Quando Cabral chegou, a gente o recebeu com sinceridade, com a verdade, e o pessoal achou que a gente era inocente demais e aí fomos traídos: aquilo que era nosso, que a gente queria repartir, passou a ser objeto de ambição. Do ponto de vista do colonizador, era tomar para dominar a terra, dominar nossa cultura, anulando a gente como civilização.” (Revista “Caros Amigos”, ano 4, n. 37, abril/2000, p. 36)
A respeito do início da colonização, período abordado pelo texto, pode-se afirmar que a primeira forma de exploração econômica exercida pelos colonizadores e a dominação cultural e religiosa difundida pelo território brasileiro são, respectivamente:
a) a plantation no Nordeste e as bandeiras realizadas pelos paulistas.
b) a extração das "drogas do sertão" e a implantação das missões.
c) o escambo de pau-brasil e a catequização empreendida pela Companhia de Jesus.
d) a mineração no Sudeste e a imposição da "língua geral" em toda a Colônia.
e) o cultivo da cana-de-açúcar e a "domesticação" dos índios por meio da agricultura.
Questão 2
A Caesalpinia echinata, conhecida popularmente como pau-brasil, foi a primeira fonte de riqueza a ser explorada no território brasileiro. Entre os principais exploradores de pau-brasil que conseguiram obter o monopólio de sua extração, estava:
a) Pedro Álvares Cabral
b) Pero Vaz de Caminha
c) Pe. Antônio Vieira
d) Fernando de Noronha
e) Mém de Sá.
Questão 3
Para a extração do pau-brasil, os portugueses precisaram da força de trabalho indígena. Em troca, ofereciam aos nativos bugigangas europeias. Que tipo de trabalho implicava a extração do pau-brasil?
a) apenas a derrubada das árvores.
b) derrubada das árvores, corte das toras e transporte.
c) extração da tinta da casca das árvores.
d) apenas o corte das toras das árvores.
e) apenas o transporte das toras até os navios.
Questão 4
“[...] na ocasião do descobrimento, chamou a atenção dos navegantes portugueses uma árvore de cujo lenho era preparada uma tinta de cor vermelha empregada no tingimento de penas. “Ibirapitanga” era o nome usado pelos nativos, que significa, em tupi, madeira vermelha. Este corante de imediato passou a ser utilizado pelos europeus, em substituição a um outro similar produzido com o “sappan” para tingir tecidos.” (Aguiar, Fracismar F.; Pinho, Reinaldo. Pau-brasil. Caesalpinia echinata. Árvore nacional. São Paulo, 2007. p. 16)
Além da função de tingimento de tecidos, o pau-brasil também foi utilizado em outras finalidades, como:
a) fabricação de arcos e flechas para os exércitos europeus.
b) fabricação de esculturas primitivistas.
c) construção de casas de madeira para a Corte Brasileira.
d) construção de casas de madeira para a Corte Portuguesa.
e) fabricação de móveis, instrumentos musicais e navios.
Respostas
Resposta Questão 1
Letra C
A colonização efetiva do Brasil começou em 1530, mas, antes disso, sobretudo na primeira década que se seguiu ao ano do Descobrimento, as ações principais em solo brasileiro foram: a catequização dos índios pelos jesuítas e o uso de sua força de trabalho na extração de pau-brasil. Os índios recebiam, em forma de escambo, dos aventureiros portugueses, objetos como espelhos, escovas, roupas, pingentes e toda sorte de bugigangas.
Resposta Questão 2
Letra D
Dada a grande demanda por pau-brasil nos anos que se seguiram à Descoberta (em 1500), a Corte Portuguesa houve por bem declarar esse tipo de madeira como um produto de monopólio real. Um dos beneficiados por esse monopólio foi Fernando de Noronha, que esteve à frente da extração de pau-brasil entre os anos de 1503 e 1505.
Resposta Questão 3
Letra B
A aplicação da força de trabalho indígena cobria todo o processo de extração do pau-brasil, indo desde a derrubada das árvores, passando pelo corte do tronco em toras, até o transporte dessas mesmas toras para os navios encarregados de levá-las para a Europa. Apesar de, nessa época, o trabalho indígena ainda não ter caráter escravista, os produtos de valor irrisório oferecidos pelos portugueses em troca da força de trabalho já configuravam certo grau de exploração das tribos.
Resposta Questão 4
Letra E
Além de ter sido bastante utilizado no tingimento de tecidos, o pau-brasil também teve uso na fabricação de móveis, instrumentos musicais de cordas e navios, como as caravelas, haja vista que a madeira de seu tronco era bastante forte e resistente.