Como os povos indígenas influenciaram a produção agrícola no Brasil?

Este relato de experiência é resultado de atividades desenvolvidas na disciplina Segurança Alimentar e Nutricional I, do Curso Bacharelado Gestão em Saúde Coletiva Indígena, Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena- Universidade Federal de Roraima- UFRR. Realizado no período de outubro a novembro de 2018 nas comunidades: 1) Comunidade Indígena Boqueirão está localizada ao Norte do Estado de Roraima a 100 km da capital Boa Vista no Município de Alto Alegre Região do Tabaio- população de 530 habitantes dos povos Macuxi e Wapichana; 2) Comunidade Indígena, Moscou- Terra Indígena Moscou, Região Serra da Lua, Município de Bonfim- localizada a 67 km da capital Boa Vista- população de 580 habitantes dos povos Macuxi e Wapichana. E 3) Comunidade Indígena, Surumu- Terra indígena Raposa Serra do Sol-Município de Pacaraima, localizada a 213 km da capital Boa Vista – população de 262 habitantes incluindo Macuxi. Este relato teve o objetivo de conhecer e descrever a produção de alimentos, os tipos de alimentos entre os povos indígenas Macuxi e Wapichana destas comunidades. A obtenção dos dados deu-se por meio de entrevistas estruturadas e semiestruturadas com Agentes Indígenas de Saúde (AIS), e Agentes indígena de Saneamento (AISAN), Tuxauas, Servidores Públicos e moradores das comunidades promovendo a escuta, o olhar crítico reflexivo, o debate, a troca de saberes, experiências, para a construção de conhecimentos quanto ao aspecto da qualidade de vida e da alimentação individual e coletiva e foi realizado atividade com crianças, através de grupos focais. Como resultado obteve-se as seguintes informações: Na comunidade Boqueirão, há produção de alimentos com o plantio de mandioca, milho, batata-doce, banana, abobora, entre outros. Essa é uma forma de plantio tradicional. Na comunidade, há pequenos comércios, que vendem produtos como raízes, sementes, frutas, mandioca e seus derivados mais também tem produtos industrializados variados. Nesses comércios, a economia é movida a recursos financeiros (dinheiro) mas também há os sistemas de trocas, com os produtos agrícolas e animais sendo trocados por alimentos industrializados. Ao perguntar na comunidade sobre produção e consumo de alimentos, na percepção do tuxaua da comunidade os moradores não tem dificuldade em produzir alimentos, “a terra é boa”. Sobre consumo, a renda dos moradores, advinda de trabalho em fazendas dos arredores, além dos funcionários da educação e saúde, e programas sociais de transferência de renda como: bolsa família, credito social, aposentadoria são investidos na compra de alimentos industrializados nos comércios da comunidade ou na cidade. A alimentação na comunidade Moscou vem sofrendo muitas mudanças, visto que a alimentação tradicional está sendo substituída por alimentos industrializados, trazendo resultados negativos a saúde, na percepção dos indígenas. Resultado dessa má alimentação são os números altos e agravantes de hipertensos e diabetes, como outros, são os mais comuns que são relatados pelos Agente Indígena de Saúde - AIS da comunidade. São poucas as pessoas que ainda não perderam o hábito de fazerem a comida tradicional como a damurida, o caxiri, o caribé de banana, o chibé, e outras que fazem parte da tradição dos povos indígenas. Alguns moradores na comunidade Moscou, foi possível perceber que a alimentação mudou e muitos têm dificuldade para obter o seu alimento, uma vez que alguns não possuem roça e há escassez de caça e pesca. O crescimento populacional da comunidade influenciou na oferta de caça e pesca no território. Na comunidade tem pequenos mercados, onde há venda de produtos industrializados e embutidos, algumas pessoas vão até ao mercado com o intuito de negociar com o comerciante, seja em trocas de produtos agrícolas, com produtos industrializados. A produção de alimento varia, como: banana, macaxeira, melancia, farinha, feijão, pimenta, batata, milho, abóbora, cará e beiju. Na comunidade Surumu, a produção baseia-se através de roça, feijão milho, macaxeira, mandioca, farinha, melancia, abobora. Esses alimentos fazem parte da cultura alimentar da comunidade e também dos sistemas de troca. Se um parente morador da comunidade tem muita produção em sua roça, o morador partilha com a escola, ou com outros moradores. Fartura na produção é compartilhada e distribuída entre os moradores. Há também a criação de pequenos animais (galinha e porco), também pesca e gado.O gado, é um projeto coletivo da comunidade, em 2019 tem a média de 70 reses. Essas reses são para momentos de reunião ou assembleia, para uso na alimentação da coletividade nesses eventos. Também é um modo de ajudar os parentes na comunidade, quando necessitam de algum recurso, a comunidade se reúne para tomada de decisão e doa uma rês para uso pessoal. Na organização territorial da comunidade, há também os retiros, como são áreas mais distantes do centro da comunidade destinadas para roças e criação de pequenos animais pelas famílias. Uma das problemáticas relatadas na percepção dos moradores da comunidade Surumu é o consumo elevado de alimentos industrializados. Há comercialização de alimentos industrializados em cantinas (como são chamados os pequenos comércios) e vendem desde grãos, enlatados, frios para abastecer a comunidade. A renda para a compra desses alimentos provém dos programas sociais de transferência de renda e do trabalhado assalariado da saúde e educação. Conclui-se que a produção e o consumo de alimentos das comunidades Boqueirão, Moscou e Surumu, vem passando por dinâmicas de mudanças com a inserção de pequenos comércios e produtos industrializados na comunidade, e que a população associa o consumo desses alimentos ao aumento de doenças como diabetes e hipertensão. Também que a introdução de recursos financeiros incentiva os pequenos comércios na venda e aumenta a circulação e comercialização de alimentos industrializados e enfraquece o consumo de alimentos tradicionais da cultura, na percepção dos indígenas. Questões como escassez de caça e pesca devido ao aumento populacional também foram apontadas como fatores que desencadeiam o consumo de industrializados. Contudo, também se observa as práticas tradicionais indígenas fortalecidas e presentes nos sistemas de troca de alimentos de produção abundante e de animais.

Como os indígenas influenciaram a produção agrícolas no Brasil?

Os indígenas são os precursores da implantação de sistemas agroflorestais na Amazônia, inclusive sendo ci- tados como os responsáveis pelo adensamento de espécies como a castanha-do-pará, cacaueiro e diversas espécies de palmeiras, em diferentes sítios da região.

Como os indígenas influenciaram no Brasil?

A cultura indígena tem muitas influencias diretas na sociedade brasileira, desde a culinária até o artesanato, passando por hábitos, ensinamentos sobre plantas medicinais e até mesmo na dança.

Como os indígenas nos influenciaram?

As influências indígenas na cultura brasileira estão enraizadas em todos os indivíduos e vão desde objetos e ações simples – como deitar em redes e preparar pratos como tapioca e pirão de peixe – até usos medicinais com plantas nativas, crenças no folclore – saci pererê, curupira – e influências na língua portuguesa – ...

Qual a importância da agricultura para os povos indígenas?

Conservam e restauram florestas e recursos naturais Nas pastagens, as comunidades pastoris indígenas gerenciam o gado pastando e cultivando de forma sustentável, preservando a biodiversidade das pastagens. Na Amazônia, a biodiversidade dos ecossistemas melhora quando os indígenas os habitam.

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