Como os fatores socioeconômicos podem influenciar na qualidade de vida?

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Nessa seção, estudaremos a influência das condições socioeconômicas e da desigualdade social na vida dos seres humanos e veremos, também, como avaliá-las. Entenderemos como os fatores ambientais são impactados por essas condições, afetando negativamente a qualidade de vida.

Ao longo dos anos, alguns indicadores foram desenvolvidos para avaliar os níveis de pobreza, de desenvolvimento humano, de qualidade de vida, de efetivação dos direitos humanos e sociais e de acesso aos serviços e bens. Por meio desses índices, os órgãos públicos podem acompanhar a melhora ou a piora do desenvolvimento de países ou regiões, e elaborar soluções a fim de contribuir para a resolução das questões mais urgentes. Esses índices auxiliam no entendimento do perfil da população, das suas condições socioeconômicas e das suas necessidades básicas, possibilitando a elaboração de políticas públicas para a melhoria das condições de vida. Com esse fim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utiliza a Síntese dos Indicadores Sociais, que analisa as condições de vida da população brasileira. Para acompanhar o progresso do desenvolvimento humano, é utilizado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e para avaliar a pobreza, os índices utilizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) são o Índice de Pobreza Humana (IPH) e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).

Além de conhecer o desenvolvimento, o nível de pobreza e as condições de vida humana, é fundamental entender as diferenças sociais. O Índice de Gini é um instrumento utilizado para medir o grau de concentração de renda de um determinado lugar, com o objetivo de identificar as diferenças sociais.

Para o profissional de educação física, é necessário compreender a relação entre nível socioeconômico e qualidade de vida, e assimilar as dimensões das desigualdades sociais, das condições de vida e também seus efeitos na vida humana, para que possa, assim, compreender o ser humano e o seu ambiente em todas as vertentes, de modo que, em sua atuação profissional, consiga desempenhar seu papel visando a preencher todas as lacunas, ou seja, todas as necessidades básicas e pessoais de seus alunos, independentemente do contexto, seja em uma escola, em um centro de convivência de idosos, em um programa de saúde, ou outra situação.

Para trabalharmos os temas discutidos nessa seção, vamos entrar na rotina laboral de um profissional da educação física que atua em um programa público com aulas gratuitas de modalidades esportivas e exercícios físicos em uma comunidade com baixo nível socioeconômico

O projeto conta com uma quadra poliesportiva coberta, uma sala de ginástica, um aparelho de som e alguns materiais, como bolas, halteres, caneleiras, colchonetes e cordas.

A prefeitura realizou um levantamento estatístico que avaliou as desigualdades sociais entre os bairros e as comunidades da cidade. Esse levantamento demonstrou que a comunidade em questão apresentava maior nível de pobreza multidimensional e uma expectativa de vida menor quando comparada a bairros de classe socioeconômica mais alta. A desigualdade deixa bem claro que quanto maior o poder aquisitivo, maior também é o acesso à saúde de qualidade, à alimentação adequada, à oferta de diferentes modalidades de exercício físico que o dinheiro pode pagar, e também maior é a oportunidade de acesso à informação relacionada à saúde, fatores que influenciam positivamente a saúde e a longevidade.

Partindo da ideia de que um nível socioeconômico mais baixo pode influenciar negativamente a qualidade de vida – enquanto outros fatores podem exercer uma influência positiva –, reflita sobre o que pode ser feito no contexto da comunidade apresentada, buscando a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, independentemente de recursos financeiros.

O que você faria, no lugar desse profissional de educação física, atuando em um centro esportivo público e atendendo pessoas em vulnerabilidade social, de diferentes idades, para melhorar a qualidade de vida desse público a partir da prática de atividade física? Quais aspectos estruturais da qualidade de vida poderiam ser trabalhados durante as aulas?

Pense em modalidades esportivas, exercícios, e outras possíveis intervenções que podem ser aplicadas nessa população, levando em conta os materiais e o espaço físico disponíveis, e tendo como objetivo provocar melhorias na vida dessas pessoas, independentemente dos seus recursos financeiros e estruturais.

Aprofunde seus conhecimentos sobre essa temática, pois ela é extremamente relevante para o entendimento do ser humano, do seu ambiente, das suas condições de vida e do acesso aos recursos para suprir suas carências, fatores determinantes para a qualidade de vida humana. Esses conceitos, além de enriquecerem sua vida profissional, agregarão muito, também, à sua vida pessoal. Aplique-se à leitura dos conteúdos da seção, esse assunto ampliará sua visão sobre a vida humana.

Conceito-chave

Fatores socioeconômicos e a Qualidade de Vida

Os fatores socioeconômicos, ou seja, aqueles que afetam as relações sociais e econômicas, podem exercer uma grande influência na qualidade de vida. Ao analisar esses aspectos, conseguimos encontrar vários fatores ambientais que podem ser afetados pelas condições socioeconômicas, por exemplo, as condições de habitação, o acesso à saúde e à educação, além da alimentação adequada. Assim como as condições socioeconômicas interferem no meio ambiente, podem também interferir na qualidade de vida.

A escassez de recursos financeiros pode impactar negativamente a qualidade de vida, devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde de melhor qualidade, às condições de moradia precária, ao alto estresse emocional, à baixa autoestima e aos conflitos familiares (PARK; TURNBULL; TURNBULL III, 2002; Pereira et al., 2011 apud MACIEL et al., 2013).

A maioria dos idosos do país faz parte das classes sociais mais baixas; muitas vezes, a aposentadoria é insuficiente para suprir suas necessidades básicas, tornando-os dependentes da família, e limitando o acesso aos cuidados de saúde, aos cuidados sociais e à alimentação adequada (INOUYE et al., 2009). Segundo Lima-Costa, Barreto e Giatti (2002), adultos e idosos com renda familiar mais baixa apresentaram piores condições de saúde, pior função física e menor acesso aos serviços de saúde.

Por outro lado, o poder aquisitivo alto pode impactar positivamente a qualidade de vida, uma vez que o acesso ao dinheiro viabiliza também o acesso aos serviços de saúde e a satisfação das necessidades básicas e pessoais.

Vale ressaltar que, apesar de exercer uma grande influência, o nível socioeconômico não é o único fator que influencia a qualidade de vida, outros aspectos fundamentais relativos à vida do ser humano também são relevantes. Um estudo com idosos na Região Norte do país mostrou que aposentados de baixa renda e baixo grau de escolaridade mostraram-se satisfeitos com a sua qualidade de vida; por mais que os aspectos demográficos e socioeconômicos não fossem favoráveis, eles exerceram pouca influência na qualidade de vida desses idosos, que consideraram como fator mais importante a vida social (FIGUEIREDO NETO; CORRENTE, 2018).

Reflita

A qualidade de vida pode ser diretamente afetada pela condição socioeconômica, porém, não é um fator isolado, outros fatores ambientais, indistintos de renda, também interferem positivamente ou negativamente na qualidade de vida. Pessoas de classes sociais mais baixas podem ter uma boa percepção de qualidade de vida, enquanto pessoas com condições socioeconômicas mais altas podem ter uma percepção inferior. O que pode influenciar a percepção de qualidade de vida dessas pessoas, independentemente da condição socioeconômica?

O Brasil é um país com alto desenvolvimento humano e muitas riquezas, mas, ao mesmo tempo, com grande desigualdade social, havendo uma considerável discrepância entre os mais pobres e os mais ricos. Considerando a influência das condições socioeconômicas na saúde e na qualidade de vida das pessoas, e também o contrapeso exercido por outros fatores ambientais, que independem do recurso financeiro, políticas públicas de saúde e assistência social são fundamentais para garantir que as pessoas mais pobres tenham direito a uma qualidade de vida melhor, pois mesmo que tenham menor renda, a acessibilidade à saúde e à educação de qualidade, assim como a participação em programas assistenciais e de esportes, devem ser garantidas.

A expansão dos serviços de saúde, educação, seguridade social etc., contribui diretamente para a qualidade da vida e seu florescimento. Há evidências até de que, mesmo com renda relativamente baixa, um país que garante serviços de saúde e educação a todos pode efetivamente obter resultados notáveis de duração e qualidade da vida de toda a população. 

Políticas públicas podem ajudar a reduzir as desigualdades sociais, melhorando o acesso às necessidades básicas, para que crianças, jovens, adultos e idosos tenham melhores condições de vida.

Exemplificando 

Conhecendo a influência da situação socioeconômica na qualidade de vida, o profissional de educação física tem mais condições de direcionar sua intervenção às necessidades do público atendido, para isso, é importante conhecer as condições socioeconômicas e o estado de qualidade de vida do público-alvo, isso pode ser feito por meio de questionários de avaliação de qualidade de vida e da análise dos indicadores de pobreza e desenvolvimento humano.

Índices do IBGE

O IBGE é uma instituição pública federal que levanta, analisa, coordena e dissemina informações estatísticas e geográficas, além de estruturar e programar um sistema de informações ambientais no país (IBGE, 2020a).

Para a análise da qualidade de vida, a efetivação de direitos humanos e sociais e o acesso aos diferentes serviços, bens e oportunidades, o IBGE utiliza a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS). A SIS foi publicada no ano de 1999, com o intuito de analisar as condições de vida da população brasileira, contribuindo para a elaboração de políticas públicas direcionadas à desigualdade social em diferentes âmbitos: distribuição de renda, trabalho, habitação, educação e saúde (IBGE, 2019).

Esse índice é importante para o entendimento das dimensões das desigualdades sociais e seus efeitos na vida dos brasileiros, sendo realizado anualmente, exceto nos anos em que ocorre o censo demográfico. Suas informações são, em sua maioria, retiradas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), destinada ao acompanhamento do desenvolvimento socioeconômico do país (IBGE, 2019).

A divulgação dos indicadores das condições de vida da população brasileira expõe a heterogeneidade social sob três aspectos diferentes: estrutura econômica e mercado de trabalho, padrão de vida e distribuição de renda e educação (IBGE, 2019).

Estrutura econômica e mercado de trabalho

Estrutura econômica e mercado de trabalho relatam as desigualdades estruturais especialmente provocadas pelo desemprego, pelo trabalho informal e pela subutilização da força de trabalho. Segundo a publicação do SIS de 2019, a taxa de desocupação aumentou progressivamente entre os anos de 2014 a 2018 (IBGE, 2019), como podemos ver na Figura 1.5.

Figura 1.5 | Taxa de desocupação segundo as Unidades da Federação – 2014/2018

Fonte: IBGE (2019, p. 32).Padrão de vida e distribuição de renda

Padrão de vida e distribuição de renda relatam a desigualdade por meio dos indicadores de distribuição de renda, de acesso a bens e serviços relacionados à habitação, de escassez de dinheiro, de carência de educação, de proteção social, de moradia adequada e de acesso à internet.

A publicação de 2019 destaca as diferenças de distribuição de renda entre as regiões do Brasil. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e o Distrito Federal, possuíam o maior rendimento, e as regiões com menor rendimento foram Norte e Nordeste, com destaque para o estado do Maranhão, com a menor renda do país, conforme destacado na Figura 1.6.

Figura 1.6 | Rendimento mensal domiciliar segundo as Unidades da Federação – Brasil 2018

Fonte: IBGE (2019, p. 50).Educação

O aspecto Educação analisa a frequência escolar, as desigualdades no acesso e a permanência dos estudantes nas instituições de ensino, da educação básica ao ensino superior. Abrange também a gestão escolar, destacando a situação dos municípios em relação às metas de gestão democrática do Plano Nacional da Educação (PNE). A Figura 1.7 expõe o percentual da frequência escolar de alunos com diferentes faixas etárias, mostrando que, entre 2016 a 2018, essa taxa permaneceu estável (IBGE, 2019).

Figura 1.7 | Taxa de frequência escolar, segundo grupos de idade – Brasil 2016 a 2018

Fonte: IBGE (2019, p. 79).Prática de esporte e atividade física segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD)

A seção da PNAD do ano de 2015 sobre Práticas de Esporte e Atividade Física analisa a prática de esporte ou atividade física de pessoas com 15 anos ou mais (IBGE, 2017).

Segundo a PNAD, em 2015, apenas 37,9% das pessoas com 15 anos ou mais praticaram algum esporte ou atividade física. Apesar da população de mulheres (52,2%) ser maior do que a de homens (47,8%) no Brasil, o percentual de homens praticantes de esporte ou atividade física foi de 53,9%, enquanto que das mulheres foi de 46,1% (IBGE, 2017).

Na análise do nível de atividade física e esporte por regiões brasileiras, as Regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram maior número de praticantes (40,8% e 41,1%, respectivamente), ao passo que as Regiões Nordeste, Norte e Sudeste registraram menor número de praticantes (36,6%, 37,5% e 36,3%, respectivamente) (IBGE, 2017).

Reflita

A PNAD de 2015 mostrou que a maioria dos brasileiros estava fisicamente inativa e, as mulheres, com menor nível de atividade física que os homens. Ao observar o nível de atividade física por regiões do Brasil, as regiões Norte, Nordeste e Sudeste foram as mais inativas do país.

O que pode interferir no nível de atividade dos brasileiros? Quais fatores fazem com que as mulheres sejam mais inativas do que os homens? O fato das regiões Norte, Nordeste e Sudeste serem as regiões mais inativas pode ter relação com o nível socioeconômico da região?

Índices de pobreza e desenvolvimento humano

Os índices que avaliam o nível de pobreza e de desenvolvimento humano auxiliam no entendimento do perfil da população, das suas condições socioeconômicas e das suas necessidades básicas, viabilizando a elaboração de estratégias para a melhora da saúde e da qualidade de vida.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice de medida do progresso do desenvolvimento humano de países e suas regiões em longo prazo. São analisados três aspectos diferentes (SOUSA, 2020):

  • Renda: baseia-se no Produto Interno Bruto (PIB), que indica os bens e serviços produzidos pelo país, estado ou cidade, dividido pelo número de habitantes da área, indicando o que cada pessoa produziu (IBGE, 2020b);
  • Educação: analisa o nível de conhecimento da população, as taxas de alfabetização, escolarização e o grau de instrução;
  • Saúde: refere-se à qualidade de vida de acordo com o acesso ao atendimento médico, a remédios, a vacinas, a tratamentos e a políticas públicas de saúde.

O IDH foi desenvolvido pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq em parceria com o economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998. É uma medida geral sobre o desenvolvimento humano, portanto, não pode ser utilizada como medidor de melhor país para se viver ou de maior índice de felicidade, pois não abrange todos os aspectos humanos (SOUSA, 2020; PNUD, 2020).

O desenvolvimento humano é um conceito voltado para as pessoas, para as suas oportunidades e capacidades, não meramente aos recursos financeiros, pois avalia tanto os aspectos econômicos quanto os sociais (PNUD, 2020).

No ano de 2019, o Brasil estava na 79ª posição no Ranking de IDH – formado por 189 países –, o que corresponde à categoria de “Alto Desenvolvimento Humano”; o país melhorou sua posição no ranking entre os anos de 1990 a 2018, chegando a um crescimento de 24%. Entre os países da América Latina, o Brasil ocupa o 4º lugar, ficando atrás apenas do Chile, da Argentina e do Uruguai (PNUD, 2019a).

Índice de Pobreza Humana (IPH)

O Índice de Pobreza Humana (IPH) é um instrumento de medida da pobreza desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no ano de 1997. Esse índice considera três aspectos relacionados ao desenvolvimento humano (ROLIM, 2006):

  • Longevidade: analisa o percentual de pessoas com expectativa de vida menor de 40 anos;
  • Conhecimento: analisa o percentual de analfabetos;
  • Padrão de vida: analisa o percentual de pessoas sem acesso aos serviços de saúde, sem água potável e o percentual de crianças desnutridas.

É um índice muito utilizado em estudos e em relatórios de desenvolvimento humano, porém, apresenta algumas limitações, pois classifica a população simplesmente entre pobres e ricos, não estratificando os grupos demográficos específicos, como negros, crianças, idosos e analfabetos, e deixando de considerar outras dimensões da pobreza, como moradia e educação. Para suprir essas necessidades, o PNUD desenvolveu um novo índice, mais abrangente, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) (VASCONCELOS, 2007).

Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)

O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) é um índice abrangente que, além de analisar a renda como indicador de pobreza, também olha para as discrepâncias na maneira como as pessoas vivem a pobreza, observando as condições de saúde, a educação e o padrão de vida. O conceito de pobreza multidimensional compreende situações vivenciadas no dia a dia da população, como saúde, trabalho, educação, violência, habitação, acesso à água e à eletricidade (PNUD, 2019b).

Os resultados do IPM em 2019 mostraram que a maioria dos multidimensionalmente pobres (correspondente a 886 milhões de pessoas) vivia em países de renda média, e sinalizaram para o fato de que pode haver uma enorme desigualdade nos padrões de pobreza dentro de um mesmo país (PNUD, 2019c).

As desigualdades vão além das comparações entre países, ou seja, qual país é mais rico ou mais pobre. O mesmo país pode ter regiões mais pobres que outras, as cidades podem ter bairros mais ou menos pobres, e até mesmo dentro de uma mesma casa, uma criança pode estar subnutrida e outra não. As crianças sofrem mais com a pobreza do que os adultos, principalmente pela falta de água potável, de saneamento, de alimentação adequada e de educação. Uma em cada três crianças é multidimensionalmente pobre no mundo, em comparação com um em cada seis adultos (PNUD, 2019c).

No ano de 2015, havia 7,7 milhões de pessoas em condições de pobreza multidimensional no Brasil, representando 3,8% da população do país (PNUD, 2019b). Pessoas em vulnerabilidade social têm menores condições de satisfazer suas necessidades básicas e pessoais, corroborando a queda da qualidade de vida.

Assimile

O conceito de pobreza multidimensional compreende situações vivenciadas no dia a dia da população, como acesso à saúde, ao emprego formal, à educação, à habitação, à água e ao saneamento básico, não considerando apenas a renda como indicador de pobreza.

Índice de Gini

O Índice de Gini, ou Coeficiente de Gini, é um instrumento utilizado para medir o grau de concentração de renda de um determinado país, estado ou município. Foi criado pelo matemático italiano Conrado Gini, em 1912, com o objetivo de calcular quanto um determinado grupo pode ser socioeconomicamente igual ou desigual, apontando as diferenças entre os mais pobres e os mais ricos (WOLFFENBÜTTEL, 2004).

A escala de medida do Índice de Gini varia de zero a um, em que zero representa a igualdade, todos com a mesma renda, e um a desigualdade máxima, com a renda concentrada em uma única pessoa. Quanto maior o valor do coeficiente de Gini, maior é a desigualdade de um país ou região (WOLFFENBÜTTEL, 2004).

Esse índice é representado por um gráfico, e a concentração de renda pode ser analisada por meio da Curva de Lorenz (Figura 1.8), uma ferramenta gráfica utilizada para representar a distribuição de renda cumulativa na população (MERGULHÃO, 2020).

Figura 1.8 | Curva de Lorenz

Fonte: Mergulhão (2020, p. 4).

Em uma comparação global, o Brasil tem um dos piores Índices de Gini do mundo (Quadro 1.1). No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004, encontrava-se na 120ª posição, quase no final da lista de 127 países, com índice de 0,591, demonstrando a imensa desigualdade social (WOLFFENBÜTTEL, 2004).

Quadro 1.1 | Ranking global do Índice de Gini de 2004

Alguns exemplos do Índice de Gini
Posição ranking mundial País Índice
1 Hungria 0,244
2 Dinamarca 0,247
3 Japão 0,249
34 Índia 0,325
67 Portugal 0,385
76 EUA 0,408
90 China 0,447
93 Rússia 0,456
109 Argentina 0,522
112 México 0,546
118 Chile 0,571
119 Colômbia 0,576
120 Brasil 0,591
121 África do Sul 0,593
127 Namíbia 0,707

Fonte: Pnud apud Wolffenbüttel (2004, [s.p.]).

O Brasil apresenta disparidade de renda entre as diferentes regiões; o Sul, o Centro-Oeste e o estado de Minas Gerais apresentaram menor Índice de Gini, sendo que Santa Catarina se destacou com o menor Índice Gini do país, atingindo 0,417 no ano de 2018, o que faz dele, portanto, o estado menos desigual. Sergipe, por sua vez, apresentou o maior Índice de Gini do país, com 0,575, seguido do Distrito Federal, com 0,569, representando o estado brasileiro com maior desigualdade social, como mostra a Figura 1.9.

Figura 1.9 | Valores globais do Índice nas Regiões do Brasil

Fonte: IBGE (2019, p. 53).

Nessa seção, conhecemos a relação da qualidade de vida com as condições socioeconômicas e entendemos como o meio ambiente pode ser influenciado pela renda e pelas condições de vida. Vimos os principais indicadores socioeconômicos que analisam desigualdade social, pobreza e desenvolvimento humano, e compreendemos, também, que apesar da grande influência do nível social na qualidade de vida, outros aspectos ambientais podem ser um contraponto, exercendo uma influência positiva.

Faça a valer a pena

Questão 1

Os índices são muito importantes para o entendimento do perfil da população, das suas condições socioeconômicas, das suas necessidades básicas, da sua renda e da desigualdade, viabilizando a elaboração de estratégias para a melhoria das condições de vida.

Qual desses índices é utilizado para analisar a desigualdade social?

Tente novamente...

INCORRETA, pois a SIS é utilizada para avaliar as condições de vida da população brasileira.

Tente novamente...

INCORRETA, pois o IDH é utilizado para avaliar o desenvolvimento humano.

Tente novamente...

INCORRETA, pois o IPH é utilizado para avaliar a pobreza por meio dos seguintes fatores: longevidade, conhecimento e padrão de vida.

Tente novamente...

INCORRETA, pois o IPM é utilizado para avaliar a pobreza e as discrepâncias na maneira como as pessoas vivem a pobreza, observando as condições de saúde, a educação e o padrão de vida de diferentes grupos demográficos.

Correto!

O Coeficiente ou Índice de Gini é utilizado para medir o grau de concentração de renda, com o objetivo de calcular quanto um determinado grupo pode ser socioeconomicamente igual ou desigual.

Questão 2

A prática de esportes e de atividade física impacta a saúde física, mental e social, influenciando positivamente a qualidade de vida.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) sobre atividade física e prática de esportes, como estava a situação dos brasileiros no ano de 2015?

Tente novamente...

INCORRETA, pois a minoria da população estava ativa, correspondendo apenas a 37% da população.

Correto!

Realmente, a minoria da população estava ativa, correspondendo apenas a 37% da população.

Tente novamente...

INCORRETA, pois menos da metade da população estava ativa, correspondendo apenas a 37% da população.

Tente novamente...

INCORRETA, realmente, a minoria da população estava ativa, porém, os homens estavam mais ativos do que as mulheres.

Tente novamente...

INCORRETA, pois apesar de as mulheres estarem realmente menos ativas do que os homens, a minoria da população estava ativa e não a metade.

Questão 3

Os fatores socioeconômicos são aqueles que afetam as relações sociais e econômicas, podendo exercer uma grande influência na qualidade de vida.

O que é correto afirmar sobre a relação entre nível socioeconômico e qualidade de vida?

Correto!

Apesar da qualidade de vida ser afetada pelas condições socioeconômicas, isso não representa um fator preponderante, outros fatores relacionados à vida humana podem interferir positivamente na qualidade de vida.

Tente novamente...

INCORRETA, pois a qualidade de vida pode sim ser afetada pelas condições socioeconômicas.

Tente novamente...

INCORRETA, a renda é importante para as condições de vida, porém, outros fatores, como acesso à educação e a serviços de saúde de qualidade, podem influenciar positivamente a qualidade de vida.

Tente novamente...

INCORRETA, pois apesar de os idosos sofrerem com baixas condições de vida, as crianças são a população mais vulnerável ao baixo nível socioeconômico.

Tente novamente...

INCORRETA, pois a renda não é o único fator que influencia as condições socioeconômicas, fatores como acesso à saúde, à educação, à água potável e à alimentação adequada são também muito importantes.

REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO NETO, E. M.; CORRENTE, J. E. Qualidade de vida dos idosos de Manaus segundo a escala de Flanagan. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 480-487, jul./ago. 2018. Disponível em: //bit.ly/3gmgn6J. Acesso em: 30 out. 2020.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio: Práticas de esporte e atividade física. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: //bit.ly/39OVgsx. Acesso em: 25 nov. 2020.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: //bit.ly/2VLLP4Y. Acesso em: 30 out. 2020. 

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE, c2020a. Institucional. Disponível em: //bit.ly/2InjrmC. Acesso em: 9 out. 2020.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE, c2020b. Produto Interno Bruto - PIB: O que é o PIB. Disponível em: //bit.ly/3ovchvT. Acesso em: 9 out. 2020.

INOUYE, K. et al. Percepções de suporte familiar e qualidade de vida entre idosos segundo a vulnerabilidade social. Psicol. Reflex. Crit, Porto Alegre, v. 23, n. 3, p. 582-592, 2010. Disponível em: //bit.ly/3mUw0oB. Acesso em: 30 out. 2020. 

LIMA-COSTA, M. F.; BARRETO, S.; GIATTI, L. A situação socioeconômica afeta igualmente a saúde de idosos e adultos mais jovens no Brasil? Um estudo utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios PNAD/98. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 7, p. 813-824, 2002. Disponível em: //bit.ly/37OUhWW. Acesso em: 30 out. 2020.

MACIEL, E. S. et al. Correlação entre nível de renda e os domínios da qualidade de vida de população universitária brasileira. Rev. Bras. Qual. Vida, [s.l.], v. 5, n. 1, p. 53-62, fev. 2013. Disponível em: //bit.ly/3qAMeoW. Acesso em: 30 out. 2020. 

MERGULHÃO, A. Indicadores de Desigualdades Fiscais e de Rendimento. Lisboa: Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais/Ministério das Finanças, 2020. Disponível em: //bit.ly/2K2qMbz. Acesso em: 10 out. 2020.

PNUD. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. PNUD apresenta Relatório de Desenvolvimento Humano 2019 com dados de 189 países. PNUD Brasil, 2019a. Disponível em: //bit.ly/2LhguFm. Acesso em: 9 out. 2020.

PNUD. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório mostra que 3,8% da população brasileira se encontrava em situação de pobreza multidimensional em 2015. PNUD Brasil, 2019b. Disponível em: //bit.ly/2K0C4gu. Acesso em: 25 nov. 2020.

PNUD. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Novos dados desafiam noções tradicionais de riqueza e pobreza. PNUD Brasil, 2019c. Disponível em: //bit.ly/33Rt58q. Acesso em: 9 out. 2020. 

PNUD. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Desenvolvimento Humano e IDH. PNUD Brasil, c2020. Disponível em: //bit.ly/2K2rky9 .Acesso em: 9 out. 2020.

REZENDE, M. J. Os relatórios do desenvolvimento humano das nações unidas e as condições atuais de ambivalências. Revista de Ciências Sociais, [s.l.], n. 45, p. 303-325, dez. 2016. Disponível em: //bit.ly/36P4S4K. Acesso em: 30 out. 2020. 

ROLIM, C. et al. Construção de indicadores de pobreza: aplicação do índice de pobreza humana municipal no Estado de Sergipe. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 37, n. 4, p. 512-529, out./dez. 2006. Disponível em: //bit.ly/36RoEMN. Acesso em: 30 out. 2020. 

SOUSA, R. IDH: Índice de Desenvolvimento Humano. Brasil Escola, c2020. Disponível em: //bit.ly/33UcCR3. Acesso em: 9 out. 2020.

VASCONCELOS, L. Sociedade: As dimensões da pobreza. Ipea desafios do desenvolvimento, [s.l.], v. 4, n. 30, [s.p.], jan. 2007. Disponível em: //bit.ly/3mUQ6iy. Acesso em: 9 out. 2020.

WOLFFENBÜTTEL, A. O que é? – Índice de Gini. Ipea desafios do desenvolvimento, [s.l.], v. 1, n. 4, [s.p.], nov. 2004. Disponível em: A//bit.ly/3qDFRS3. Acesso em: 25 nov. 2020.

Como os fatores socioeconômicos influenciam na qualidade de vida?

Conclui-se que os fatores socioeconômicos como estado conjugal, escolaridade e religião influenciam na qualidade de vida de idosos hipertensos.

Quais são os fatores socioeconômicos?

Os principais indicadores socioeconômicos são: PIB, renda per capita, IDH, Coeficiente de Gini, taxa de desemprego e a oferta de serviços públicos.

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