A filosofia medieval caracterizou-se pelo vigoroso pensamento filosófico e científico

A filosofia medieval é aquela desenvolvida na Europa durante a Idade Média. Possui como característica principal a união entre a cultura filosófica grega antiga com a religião cristã, que teve seu apogeu no período.

A Idade Média foi marcada pela forte influência da Igreja Católica. Os temas abordados pelos filósofos medievais reforçavam o poder da Igreja e relacionavam-se com a fé e a razão, a existência e a influência de Deus e os propósitos da teologia e da metafísica.

O raciocínio teológico da época utilizava muitos métodos e técnicas dos filósofos antigos para refletir e sistematizar a doutrina cristã. A filosofia medieval buscou conciliar duas áreas, até então, distintas: a razão científica e a fé cristã.

A filosofia medieval abordava essencialmente os problemas relacionados com a crença e a influência de Deus para a realidade. Além do desenvolvimento natural de áreas como a lógica e ética.

Patrística e Escolástica: os períodos da filosofia medieval

A filosofia medieval é comumente dividida em dois períodos principais: a patrística e a escolástica.

O que é a Patrística?

A patrística representa o período compreendido entre os séculos V e IX em que a expansão do cristianismo exigiu também a formação das bases teóricas que sustentassem a religião cristã. Seu nome é uma referência aos "Padres da Igreja", responsáveis por seu desenvolvimento.

Baseados nos ensinamentos da Bíblia Sagrada, os "Padres da Igreja" (daí patrística) uniram a Palavra ao conhecimento filosófico tradicional. Isso tornou possível a fundamentação da religião e a conquista de novos adeptos devida à sua semelhança com o conhecimento tradicional já aceito.

O principal filósofo do período foi Agostinho de Hipona (Santo Agostinho), ele utilizou as bases da filosofia de Platão para a construção de uma filosofia cristã.

Nesse sentido, o dualismo platônico é visto na representação de uma verdade superior e anterior á vida humana presente na Bíblia Sagrada. A alma é hierarquicamente superior ao corpo, enquanto esse é inferior e o lugar do erro, agora, associado ao pecado.

O que é a Escolástica?

A escolástica é o período compreendido entre os séculos IX e XVI. Neste período, é reforçada a ideia de que o conhecimento pode ser transmitido e aprendido (escola). Surgem as universidades, locais dedicados à transmissão e construção de conhecimento.

A filosofia escolástica possui como uma de suas características principais o desenvolvimento da razão cristã e da lógica. A união entre fé e razão é a principal marca do período escolástico.

O principal filósofo do período é São Tomás de Aquino. O filósofo desenvolveu, sobretudo, o pensamento de Aristóteles, unindo-o aos princípios religiosos, formando um pensamento racional sustentado na fé.

Principais filósofos medievais

Na Idade Média, poucos pensadores se consideravam filósofos e eram, na maioria, membros da igreja. Entre os pensadores mais influentes da época estão:

Santo Agostinho

Por toda sua carreira literária, Agostinho explorou a Teoria da Iluminação Divina. Para ele, a mente necessitava ser iluminada de fora, e todas as suas obras faziam afirmações categóricas sobre a necessidade da participação de Deus na vida humana.

São Tomás de Aquino

Foi o responsável por conjugar a filosofia aristotélica com os ideais do cristianismo, dando origem ao chamado “Tomismo”. As ideias de Tomás de Aquino foram tão influentes para o pensamento ocidental que grande parte da filosofia moderna tomou suas obras como ponto de partida.

João Duns Escoto

Desenvolveu a Teoria da Univocidade do Ser, que afastava a distinção entre essência e existência proposta anteriormente por Tomás de Aquino. Para Escoto, é impossível que se conceba qualquer coisa sem que isso implique na sua existência.

João Duns Escoto foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1993.

Guilherme de Ockham

Guilherme de Ockham foi um teólogo e frade franciscano considerado o precursor do nominalismo.

Ockham, entre outras ideias, negava a existência de objetos abstratos e dos chamados universais, conceito oriundo da metafísica que define tudo o que está presente em diversos lugares e momentos distintos.

Veja também:

  • Teologia
  • Metafísica
  • Filosofia Moderna
  • Filosofia
  • Filosofia Antiga

O desenvolvimento do conhecimento durante a Idade Média conta com particularidades diversas que se afasta daquela errônea perspectiva que a define como a “Idade das trevas”. Contudo, a predominância dos valores religiosos e as demais condições específicas fazem do período medieval apenas singular em relação aos demais períodos históricos. Nesse sentido, o expressivo monopólio intelectual exercido pela Igreja estabeleceu uma cultura de traço fortemente teocêntrico.

Não por acaso, os mais proeminentes filósofos que surgiram nessa época tiveram grande preocupação em discutir assuntos diretamente ligados ao desenvolvimento e à compreensão das doutrinas cristãs. Já durante o século III, Tertuliano apontava que o conhecimento não poderia ser válido se não estivesse atrelado aos valores cristãos. Logo em seguida, outros clérigos defenderam que as verdades do pensamento dogmático cristão não poderiam estar subordinadas à razão.

Em contrapartida, existiam outros pensadores medievais que não advogavam a favor dessa completa oposição entre a fé e a razão. Um dos mais expressivos representantes dessa conciliação foi Santo Agostinho, que entre os séculos IV e V defendeu a busca de explicações racionais que justificassem as crenças. Em suas obras “Confissões” e “Cidade de Deus”, inspiradas em Platão, ele aponta para o valor onipresente da ação divina. Para ele, o homem não teria autonomia para alcançar a própria salvação espiritual.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A ideia de subordinação do homem em relação a Deus e da razão à fé acabou tendo grande predominância durante vários séculos no pensamento filosófico medieval. Mais do que refletir interesses que legitimavam o poder religioso da época, o negativismo impregnado no ideário de Santo Agostinho deve ser visto como uma consequência próxima às conturbações, guerras e invasões que viriam a marcar a formação do mundo medieval.

Contudo, as transformações experimentadas com a Baixa Idade Média promoveram uma interessante revisão da teologia agostiniana. A chamada filosofia escolástica apareceu com o intuito de promover a harmonização entre os campos da fé e da razão. Entre seus principais representantes estava São Tomas de Aquino, que durante o século XIII lecionou na universidade de Paris e publicou “Suma Teológica”, obra onde dialoga com diversos pontos do pensamento aristotélico.

São Tomás, talvez influenciado pelos rigores que organizavam a Igreja, preocupou-se em criar formas de conhecimento que não se apequenassem em relação a nenhum tipo de questionamento. Paralelamente, sua obra teve uma composição mais otimista em relação à figura do homem. Isso porque acreditava que nem todas as coisas a serem desvendadas no mundo dependiam única e exclusivamente da ação divina. Dessa maneira, o homem teria papel ativo na produção de conhecimento.

Apesar dessa nova concepção, a filosofia escolástica não foi promotora de um distanciamento das questões religiosas e, muito menos, afastou-se das mesmas. Mesmo reconhecendo o valor positivo do livre-arbítrio do homem, a escolástica defende o papel central que a Igreja teria na definição dos caminhos e atitudes que poderiam levar o homem à salvação. Com isso, os escolásticos promoveram o combate às heresias e preservaram as funções primordiais da Igreja.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Quais principais características da filosofia medieval?

Características: Resumo Inspiração na filosofia clássica (Greco-romana); União da fé cristã e da razão; Utilização dos conceitos da filosofia grega ao cristianismo; Busca da verdade divina.

O que é correto afirmar sobre a filosofia medieval?

A Filosofia passou por uma mudança significativa na transição entre a Filosofia da Antiguidade e a Filosofia da Idade Média (C). O homem se tornou o foco ligado à crença divina e a justificativa da fé cristã. Na Patrística e na Escolástica, os padres apostólicos são filósofos que tentam unir fé e razão.

Qual a principal temática da filosofia medieval?

De modo geral, pode-se dizer que o tema mais importante da filosofia medieval foi a questão da relação entre fé e razão. Seus filósofos foram todos homens religiosos e das mais diversas confissões: católicos, cristãos ortodoxos, judeus e muçulmanos.

Quais são as principais questões da filosofia medieval?

O contexto da filosofia medieval Questões que circundavam e questionavam a existência de Deus, bem como os pontos que debatiam a teologia e a metafísica. O predomínio à época se dava por pensadores que, em grande parte das vezes, eram membros da igreja.

Toplist

Última postagem

Tag