Porque esse tempo verbal e a melhor escolha para o gênero classificados

Gêneros textuais são estruturas relativamente estáveis de composição, com as quais realizamos intervenções sociais, tanto por escrito quanto por meio da fala, ou seja, os gêneros são as ferramentas, os instrumentos que utilizamos para podermos exercer os atos comunicativos em geral: uma curta mensagem via Whatsapp, e-mails corporativos, produção de reportagens, entrevistas, contos, páginas de diário, receitas de bolo, artigos científicos, seminários, teses etc.

Os gêneros adaptam-se às nossas necessidades de comunicação e remodelam-se, a depender do tempo em que são produzidos. Antigamente, era comum que as pessoas enviassem telegramas, caso quisessem velocidade na interação; hoje esse recurso tornou-se obsoleto, pois temos tecnologias suficientes para comunicarmo-nos em um piscar de olhos.

Conhecer os gêneros textuais facilita a realização de atos comunicativos eficientes.

Veja também: Gêneros literários: a classificação com base na literatura clássica

Conceito de gênero

Os gêneros textuais podem ser definidos como unidades formadoras de sentido, com determinados propósitos ou intencionalidades discursivas. Nesse sentido, a vontade do emissor (locutor) poderá ser revelada por meio do discurso: informar, convencer, contar uma história, persuadir, posicionar-se, opinar etc.

Importante ressaltar que não é o fato de pertencer a um determinado gênero que fará com que o texto seja rigorosamente imutável, ou seja, é uma inverdade dizer que todos os artigos de opinião serão iguais. A estrutura do texto e o que ele enuncia sempre dependerão das condições de produção: quem diz, por que diz, para quem, como, por meio de qual veículo, com qual intenção e em que contexto.

Para entendermos melhor o contexto dos gêneros textuais, podemos construir a seguinte imagem: os gêneros são elementos constitutivos de grandes conjuntos, uma vez que reúnem determinadas sequências linguísticas em sua composição, mas se diferem com relação à intencionalidade, e trazem também outras características que se desenvolvem considerando o contexto cultural e temporal a que estão submetidos.

Vejamos: se pensarmos em um grande conjunto chamado tipo narrativo, poderemos ver dentro dele diversos elementos: fábula, conto, crônica narrativa, diário, romance etc. O que esses textos têm em comum? Todos eles contam histórias, narram, relatam... No entanto, todos eles realizam isso da mesma forma? Não.

Se observarmos os gêneros fábula e conto, veremos imediatamente que, embora pertençam ao tipo narrativo, são textos que se diferenciam, por exemplo, com relação à construção das personagens e à intenção discursiva, tanto que a fábula, de maneira alegórica, provoca, por meio da narrativa, a reflexão sobre um ensinamento, uma moral, algo que não pertence ao universo composicional do conto.

Diferença entre gênero e tipo textual

Enquanto os gêneros são formas flexíveis de textos, os tipos, por sua vez,  caracterizam-se pela rigidez, pela estruturação pautada em sequências linguísticas, pelo uso de vocabulário específico, por relações lógico-semânticas com propriedades mais fixas, sendo os grandes conjuntos nos quais estão contidos os gêneros textuais.

Os estudos linguísticos, em sua maioria, reconhecem pelo menos os seguintes tipos ou tipologias textuais: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição. Quando conseguimos reconhecer os tipos textuais, temos mais condições de interpretá-los com eficácia, uma vez que os efeitos de sentido produzidos pelos textos estão também relacionados à forma como estruturam-se.

Veja, a seguir, um quadro comparativo |1| bastante didático que elenca as diferenças entre tipos e gêneros textuais.

Tipos textuais

Gêneros textuais

Constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas.

Realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas.

Constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados no interior dos gêneros e não são textos empíricos.

Constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.

Sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal.

Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função.

Designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição.

Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais etc.

Elementos dos gêneros

Podemos dizer que existem três elementos básicos na formação dos gêneros textuais, os quais são formadores do discurso: tema, forma composicional e estilo.

Com relação ao tema, é importante dizer que não se trata apenas do assunto que será tratado no texto, mas é aquilo que parte também de um determinado ponto de vista ou intencionalidade de quem diz ou escreve. Assim, o tema será o conteúdo trabalhado com base em um determinado valor ou ideologia, de acordo com estudiosos da área.

Já a forma composicional e o estilo ligam-se às escolhas com relação ao vocabulário, estrutura e registro, ou seja, à forma como o texto irá organizar-se para que cumpra com seu papel de intervir socialmente.

Esses elementos demonstram, portanto, que os textos, de acordo com as condições de produção que são dadas no momento da fala e da escrita, observando-se os papéis sociais dos envolvidos nos atos comunicativos, aproximam-se ou distanciam-se uns dos outros, a depender da forma como quer-se intervir por meio deles.

Leia também: Intergenericidade: hibridização de gêneros textuais

Exemplos

  • Seminários
  • Palestras
  • Enciclopédia
  • Verbetes de dicionários
  • Propaganda
  • Receita culinária
  • Bula de remédio
  • Manual de instruções
  • Regulamento

Notas

|1| MARCUSCHI, L.A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 298p.

O verbo indica um processo localizado no tempo. Podemos distinguir: presente, pretérito e futuro. Tempo presente: exprime um fato que ocorre no momento da fala.

Ex.: Estou fazendo exercícios diariamente.

Tempo passado: exprime um fato que ocorreu antes do momento da fala. Ex.: Ontem eu fiz uma série de exercícios. Tempo futuro: exprime um fato que irá ocorrer depois do ato da fala.

Ex.: Daqui a quinze minutos irei para a academia fazer exercícios.

O pretérito (ou passado) subdivide-se em: • Pretérito perfeito: indica um fato passado totalmente concluído.

Ex.: Ninguém relatou o seu delírio.

• Pretérito imperfeito: indica um processo passado não totalmente concluído, revela o fato em sua duração.

Ex.: Ele conversava muito durante a palestra.

• Pretérito mais-que-perfeito: indica um processo passado anterior a outro também passado.

Ex.: “... sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida...” (Mário de Andrade)

O futuro subdivide-se em: • Futuro do presente: indica um fato posterior ao momento em que se fala.

Ex.: Não tenho a intenção de esconder nada, assim que seus pais chegarem contarei o fato ocorrido.

• Futuro do pretérito: indica um processo futuro tomado em relação a um fato passado.

Ex.: Ontem você ligou dizendo que viria ao hospital.

Empregos especiais: • Presente: - pode ocorrer com valor de perfeito, indicando um processo já ocorrido no passado (presente histórico).

Ex.: Em 15 de agosto de 1769 nasce Napoleão Bonaparte. (nasce = nasceu)

- pode indicar futuro próximo.

Ex.: Amanhã eu compro o doce pra você. (compro = comprarei)

- pode indicar um processo habitual, ininterrupto.

Ex.: Os animais nascem, crescem, se reproduzem e morrem.

• Imperfeito: - pode ocorrer com valor de futuro do pretérito.

Ex.: Se eu não tivesse motivo, calava. (calava = calaria)

• Mais-que-perfeito: - pode ser usado no lugar do futuro do pretérito ou do imperfeito do subjuntivo.

Ex.: Mais fizera se não fora pouco o dinheiro que dispunha. (fizera = faria, fora = fosse)

- pode ser usado em orações optativas.

Quem me dera ter um novo amor!

• Futuro do presente: - pode exprimir ideia de dúvida, incerteza. 

Ex.: O rapaz que processou o patrão por racismo, receberá uns trinta mil de indenização.

- pode ser usado com valor de imperativo.

Ex.: Não levantarás falso testemunho.

• Futuro do pretérito: - pode ocorrer com valor de presente, exprimindo polidez ou cerimônia.

Ex.: Você me faria uma gentileza?

Modos verbais

• Modo indicativo: exprime certeza, precisão do falante perante o fato.

Ex.: Eu gosto de chocolate.

• Modo subjuntivo: exprime atitude de incerteza, dúvida, imprecisão do falante perante o fato.

Ex.: Espero que você esteja bem.

• Modo imperativo: exprime atitude de ordem, solicitação, convite ou conselho.

Exs.: Não cante agora! Empreste-me 10 reais, por favor. Venha ao hospital agora, seu amigo vai ser operado. Não ponha tanto sal, isso pode lhe fazer mal.

Infinitivo pessoal ou impessoal

• Infinitivo impessoal: terminado em r para qualquer pessoa. Ex.: comprar, comer, partir. Emprega-se o infinitivo impessoal: a) Quando ele não estiver se referindo a sujeito algum. Ex.: É preciso amar. b) Na função de complemento nominal (regido de preposição). Ex.: Esses exercícios não são fáceis de resolver. c) Quando faz parte de uma locução verbal. Ex.: Ele deve ir ao dentista. d) Quando, dependente dos verbos deixar, fazer, ouvir, sentir, mandar, ver, tiver por sujeito um pronome oblíquo. Sujeito Deixei-as passear. = eles

e) Quando tiver valor de imperativo. Ex.: Não fumar neste recinto. • Infinitivo pessoal: além da desinência r vem marcado com desinência de pessoa e número. Ex.: cantar – ø cantar - es cantar - ø cantar - mos cantar - des cantar – em Ex.: Com esse calor convém tomarmos um sorvete. - Usa-se o infinitivo pessoal quando o seu sujeito é diferente do sujeito do verbo da oração principal.

Ex.: A única solução era ficarmos em casa.

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